Neste 8 de março, às manifestações do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, que ocorreram por todo o país, foram atos esvaziados, despolitizados e tomados pela esquerda pequeno-burguesa. Em São Paulo, a manifestação aconteceu na avenida Paulista, no Rio de Janeiro na Candelária e no Distrito Federal no Eixo Ibero Americano, mas todos foram atos que não animaram ninguém.
O 8 de março, que nasceu no berço do socialismo nos movimentos de classe, foi totalmente cooptado pelo identitarismo da esquerda pequeno-burguesa, virou o 8M e não há representação das mulheres trabalhadoras.
Não foi a chuva forte que caiu em São Paulo que deixou o ato morno, e sim a falta de eixo político, de palavras de ordem que realmente poderiam fazer sentido e fazer com que as mulheres que passassem por ali, na saída do trabalho, se animassem a participar.
Alguns grupos repetiam frases das manifestações de 2018 contra o Bolsonaro, como “fascistas não passarão”, totalmente ultrapassada, pois o fascista já entrou, ficou e saiu, e, se deixarmos, ele volta. Também tinha o atual “sem anistia”, e coisas como o tradicional “pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não atiça o formigueiro” que aparece em qualquer manifestação.
No carro de som houve um desfile de mulheres que se pronunciaram. No entanto, o mesmo problema se deu, a falta de política que expresse as necessidades das mulheres. Em relação ao aborto, apenas duas referências, sendo uma de um coletivo que defende a legalização do aborto, e da secretária das mulheres do PT São Paulo, que falou da necessidade de “descriminalizar todas as formas de aborto”. Também houve uma menção à paridade salarial entre homens e mulheres e a necessidade de apoiar o governo Lula. Só.
Outra coisa que chamou a atenção foi não haver nenhum coletivo global na manifestação, como acontecia no ano passado, que foi um ano de eleições. Por exemplo, o coletivo “Coalizão Negra por Direitos” que participou de todas as manifestações de 2022 com faixas enormes e caminhões de som dignos de blocos de carnaval de Salvador. Não compareceram este ano, é provável que no próximo ano participem.
Em contrapartida, houve vários grupos menores com seus pirulitos e faixas divulgando suas lutas, como, por exemplo, a Coletiva Sangra que luta pela revogação da Lei de Alienação Parental LAP.
Grupo de mulheres lésbicas se manifestando contra a violência masculina;
Grupo isolado pedindo a legalização do aborto
A Central dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil – CTB, que trouxe faixa com reivindicação generalista: por um Brasil sem machismo, racismo, LGBTQIA+ fobia e fome.
E tivemos também o maior “coletivo” da manifestação, o Coletivo da PM do Tarcísio, que além de participar do 8M na Paulista, mandou spray de pimenta nas mulheres do MST, um “presente” para as Camaradas trabalhadoras do campo.
O Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo, do PCO, esteve presente nestes atos panfletando, vendendo o Jornal Causa Operária e a revista Mulheres, publicada pelo Coletivo. Também foi divulgado o evento politico e cultural que será realizado pelo coletivo e que acontecerá no dia 12/03 em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, que será no CCBP de SP e transmitido pela COTV.