Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Polícia na Bahia

70 assassinados em “operações” de guerra contra o povo

Balanço do mês de setembro mostra que a polícia baiana se superou em suas operações de matança dos trabalhadores

No mês de setembro, encerrado ontem, as polícias mataram no estado da Bahia cerca de 70 pessoas apenas nas chamadas “operações policiais”, quase todas elas realizadas em bairros operários, de maioria negra.Número de assassinatos cai 1% no Brasil em 2022 | Monitor da Violência | G1

Não se trata, obviamente, de um fato totalmente novo. Expressa, de certa forma, a evolução da matança que as polícias baianas (e de todo o país) vem realizando, de forma crescente, nos últimos anos e que, só no ano passado, totalizou mais de 6.400 assassinatos, o que representou mais de 15% dos assassinatos no Brasil, como mostra o gráfico ao lado.

Recorde de mortos e guerra

Também no ano passado, a polícia baiana assumiu a dianteira da matança por estados, passando de 1.335 para  1.464 pessoas assassinadas, segundo dados oficiais, ou seja, que foram reconhecidos pela Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia. Com isso, assumiu a dianteira de todas as polícias do País em números absolutos, ultrapassando o Rio de Janeiro. Este último é governado por governos de direita ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro já há vários anos, enquanto a Bahia esta no quinto governo consecutivo da ala direita do PT, comandada por Jacques Wagner e Rui Costa.

Esta situação evidencia que a eleição de governos supostamente de esquerda (o que na Bahia se dá com uma aliança com setores direitistas e tradicionais da política baiana), de forma alguma representa uma mudança significativa na política de segurança pública ou sequer no controle sobre os verdadeiros esquadrões da morte do povo negro e pobre que são as polícias no Brasil, em particular, a Polícia Militar, responsável pela imensa maioria das mortes também na Bahia.

Os governos locais e os “responsáveis” pela segurança pública no País, junto com a imprensa capitalista, dentre outros, procuram apresentar a versão fantasiosa de que o crescimento da violência policial estaria diretamente relacionado ao crescimento da violência no estado e no Brasil. Isso não resiste a mais elementar análise dos dados. A Polícia, que deveria ser responsável pela segurança da população, é a organização que – de longe – mais mata na Bahia e em todo o País e, longe de ser uma máquina de contenção, atua como um multiplicador das tendências à violência presentes na situação, estimuladas pelo aumento da crise capitalista e pela degradação das condições de vida da imensa maioria da população.

Operação Paz mobiliza policiais civis de 12 estados contra a violência nas  ruas; Bahia tem o maior número de mortes desde 2019 | Jornal Hoje | G1

Conforme dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, na Bahia, ocorreram 6.659 mortes violentas intencionais no ano passado, quando sofreram uma redução de pouco mais de 5% em relação às mortes do ano anterior. As mortes assumidas pela polícia passaram a representam cerca de 22% do total de mortes.

Resumindo: o povo pobre e trabalhar estaria melhor sem a polícia do que com ela.

Os dados desmascaram também as versões como as que são apresentadas pelo ministério da justiça, comandado por Flávio Dino (PSB, ex-PCdoB), de que o aumento do número de morte estaria ligado a uma suposta “guerra contra o crime organizado”, que estaria “melhor armado” diante do que defendem mais do mesmo, ou seja, que é preciso gastar mais e mais com armamento da polícia, aumento das forças policiais envolvidas etc.

A única guerra real em curso é a guerra da burguesia, do seu regime golpista e das suas polícias contra o povo pobre, negro e trabalhador.

Extermínio de negros

Nessa guerra, cresce o extermínio da população negra, com estados em que o percentual de mortos pela polícia chega a 100%!

Nos Estados com maior número de mortos, como a Bahia, desde 2020, a média de negros mortos pela Polícia situa-se em torno de 90%. Isto quer dizer que a Polícia é um verdadeiro esquadrão da morte contra o povo negro, mais letal que as tropas de capitães-do-mato do período da escravidão negra no Brasil. Naquele período, as milícias destinadas à captura dos escravos que fugiam tinham, geralmente, a preocupação de recuperar com vida os negros fugitivos, que eram – legalmente – propriedades dos senhores de escravo.

Bahia é o estado mais letal do Nordeste e 100% dos mortos pela polícia em  Salvador são negros | Bahia | G1

Populacao que se autodeclara preta na bahia subiu 0029609601202306162146 6 easy resize.com

No Estado da Bahia, os que se declaram negros ou pardos, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domícilio Contínua, do IBGE, superou os  80%.

Polícia fora de controle

Enquanto os governos (inclusive da esquerda) e a venal imprensa capitalista se esforçam para mostrar que a Polícia está sob controle e deve ser apoiada em sua ação contra o povo, a realidade mostra o oposto.

Dominada por bolsonaristas e outros setores da direita, todos hostis aos povo e seus interesses, as Polícias agem livremente e são até mesmo estimuladas em sua sanha assassina. O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, apontado como possível futuro ocupante do cargo ministerial, por exemplo, declarou em várias entrevistas à Rede GloboCNN e outras que a onda de violência na Bahia não significa uma “desestruturação da Segurança Pública” no estado e ainda repetiu várias vezes a expressão comum a políticos de direita, “não se enfrenta o crime organizado com fuzil com rosas”.

Fica evidente que a Polícia não tem a menor preocupação nem mesmo em disfarçar a sua ofensiva contra o povo negro baiano, e age como se precisasse ampliar os seus “recordes”. Na última sexta-feira (29), umas das mortes registradas ocorreu no bairro Valéria, em Salvador, “mesmo lugar em que cinco morreram… há 15 dias“.

A situação da Bahia, como em todo o Brasil, evidencia a necessidade das organizações de luta do povo explorado, em particular do movimento negro, deixarem de lado a reacionária política identitária, que procura direcionar a luta do negro para conquistas de migalhas para um setor minoritário da burguesia e classe média negra e busca dividir o povo explorado com uma luta contra os brancos, ao invés de uma luta contra o regime político da burguesia e suas instituições em guerra contra o povo negro e trabalhador.Negros são 98% dos mortos pela polícia na Bahia; número chega a 100% em  Salvador

Cronologia

Veja abaixo as principais “operações” que resultaram em assassinatos cometidos pela Polícia na Bahia, no mês de setembro:

  • 6 de setembro: sete homens mortos em uma operação policial em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia;
  • 3 a 7 de setembro: 11 suspeitos de integrar facções criminosas foram assassinados pela polícia Militar nos bairros de Alto das Pombas e Calabar;
  • 10 de setembro: 2 pessoas foram mortas no Engenho Velho da Federação, bairro que fica próximo ao Alto das Pombas e Calabar;
  • 15 de setembro: 4 suspeitos e um policial federal foram mortos no bairro de Valéria, durante uma operação da Polícia Civil em conjunto com a Polícia Federal;
  • 16 a 21 de setembro: em operação de vingança, 10 supostos suspeitos de envolvimento na ação que resultou na morte do policial federal foram mortos em Salvador e cidades da região metropolitana;
  • 22 de setembro: 5 apontados como suspeitos de integrarem facções criminosas foram mortos em Águas Claras, bairro de Salvador, e 1 foi morto em Feira de Santana, cidade a 100 km da capital baiana;
  • 23 de setembro: 5 suspeitos assassinados após dois confrontos com policiais militares na cidade de Crisópolis, a cerca de 212 km de Salvador;
  • 26 de setembro: 5 suspeitos executados e dois feridos após troca de tiros com policiais militares em Acajutiba, a 185 km da capital baiana;
  • 27 de setembro: quatro homens mortos por policiais civis na cidade de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador e Cruz das Almas, no recôncavo da Bahia;
  • 29 de setembro: 5 assassinatos; um homem deles durante uma operação integrada das forças de segurança, no bairro de Valéria, em Salvador e quatro durante confronto com a polícia em Santo Amaro, no recôncavo baiano.

Ainda não tínhamos as informações das “operações” realizadas ontem, último dia do mês, quando fechamos essa edição, o que pode elevar ainda mais o total de mortos no mês.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.