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Craque Comunista

06/09/1913: 110 anos de Leônidas da Silva

O craque da Copa do Mundo em 1938, lutou para viver da sua profissão e encantou trabalhadores do Brasil e da Europa pela sua categoria.

Em um dia 6 de setembro, um gigante do futebol, Leônidas da Silva, nascia há exatos 110 anos. Com certeza está na memória dos torcedores brasileiro, tendo feito história na seleção brasileira e sendo ídolo de dois dos principais times brasileiros: Flamengo e São Paulo. O inesquecível “Diamante Negro”, Leônidas da Silva foi o Bola de Ouro da Copa do Mundo de 1938, realizada na França.

Nascido no Rio de Janeiro – no bairro de São Cristóvão -, o futuro craque passava o dia jogando nas peladas na praia Formosa e na Ponte dos Marinheiros. Órfão de pai, morava na casa em que trabalhava sua mãe, empregada doméstica. Começou trabalhar aos 14 anos como ajudante da Light, companhia fornecedora de energia elétrica da cidade, ao mesmo tempo ingressa no clube do seu bairro, onde fez 11 gols em 29 jogos. Dois anos depois se transferiu para o Syrio e Libanez Athletico Club, clube da Tijuca – bairro nobre da zona norte carioca -, onde faz 50 gols em 47 jogos. Em 1931, o seu técnico, o folclórico Gentil Cardoso, foi para o clube Bonsucesso e tratou de levar o melhor jogador do time junto.

No “Leão da Leopoldina”, Leônidas foi ganhando destaque tão grande que foi convocado para a Seleção brasileira. Teria sido no estádio do Bonsucesso que mostrou toda sua elasticidade e perícia ao fazer um gol, girando o seu corpo como uma cambalhota, acertando a bola com o pé e tendo o corpo de ponta cabeça: nascia o que ficou mundialmente conhecido como “gol de bicicleta”.

Atualmente, é questionado se foi o primeiro a realizar esta jogada. Segundo o seu biógrafo, André Ribeiro, escritor do livro Diamante Eterno, ele reconhecia que era uma jogada realizada anteriormente, mas teria se tornado famoso e popularizado com Leônidas. O próprio Pelé dizia que ele foi o seu modelo para esta jogada.

Nos dois anos no Bonsucesso, ele participou de 51 partidas, marcado 55 tentos. Como homenagem, o estádio do clube que esta na série B-2 do campeonato estadual leva ao seu nome.

Sua brilhante atuação na Copa Rio Branco quando marcou os dois da seleção brasileira contra o Uruguai na vitória em Montevidéu em 1932, valeu a contratação pelo tradicional time do país, o Peñarol, onde permaneceu por um ano, principalmente porque no país platino o futebol já estava se profissionalizando. No time uruguaio realizou 25 jogos com 28 gols. Sua habilidade atlética e seus famosos gols de bicicleta renderam o apelido de “Homem-Borracha”. Mais uma apelido somado ao “Diamante Negro” graças a rara habilidade que apresentava o jovem de 19 anos.

Retornou para o Brasil para jogar pelo Vasco na Liga Carioca de Football pelo campeonato carioca organizado por esta liga que aceitava clubes com jogadores profissionais. Foi no time de São Januário que Leônidas da Silva ganhou o seu primeiro título por clube, o carioca de 1934 da LCF em 4 jogos e um gol.

Foi uma rápida passagem porque para competir na Copa do Mundo na Itália no mesmo lugar, precisava ser considerado um amador porque a entidade reconhecida pela FIFA era Confederação Brasileira de Desportos (CBD), defensora da manutenção do amadorismo. Esta foi a pior participação brasileira em copas do mundo, todavia ele fez um belo gol de honra no mítico goleiro Zamora, na época considerado o melhor goleiro do mundo, na derrota por 3 a 1 para a Espanha.

Após eliminada, a seleção realizou uma excursão pelo continente europeu e depois pelo Brasil. Desta feita, Leônidas permaneceu com a seleção até o final do ano, por assinar um contrato de exclusividade com a CBD, uma comprovação da hipocrisia do amadorismo marrom.

Depois de uma estadia no Sport Club Brasil, clube extinto do bairro carioca da Urca onde atuou pelo primeiro semestre de 35, assinou com o Botafogo para disputar o campeonato de 1935 quando seria campeão do Distrito Federal mais uma vez. Ficou no escrete alvinegro até 1936 quando o lendário Carlito Rocha, na época diretor de futebol, se irritou por uma entrevista no Rio Grande do Sul, Leônidas na qual disse que seu time coração seria o Flamengo. Em um rompente o vendeu para o rival por 5 contos de réis, moeda da época, por não admitir tal declaração.

Mesmo sendo um jogador de destaque, será no rubro negro que Leônidas da Silva vai alcançar pela primeira vez o posto de ídolo de um clube. Ainda mais por ter ficado por seis anos, jogando em 149 partidas e assinalando 153 gols.

Sua presença no time que tinha se transferido para o bairro da Gávea, próximo à favela do Pinto e o destaque na Copa do Mundo de 1938 ajudou ao Flamengo se tornar um clube popular e de massa. Durante a sua permanência na Gávea, conquistou o Carioca de 1939 e atualmente se considera o torneio Rio-São Paulo de 1940, disputa interrompida na metade pelo abandono dos clubes paulistas.

Neste período, ocorreu a Copa do Mundo da França em 1938. Foi durante a competição que a Europa conheceu o futebol brasileiro e se assombrou com a sua técnica e habilidade, principalmente, a de Leônidas da Silva. Considerado o Bola de Ouro, ou seja melhor jogador, e o Chuteira de Ouro pelos sete jogos marcados. Seu sucesso na França levou a empresa de chocolate Lacta fechar um contrato com o “Diamante Negro” para usar seu apelido por dois mil réis em um doce que existe até hoje e um dos mais vendidos do Brasil.

A passagem tão bem sucedida no Flamengo terminou de modo traumático, visto que como represália a negativa de Leônidas da Silva em participar de uma excursão na Argentina, o presidente do clube rubro-negro, Gustavo Adolpho de Carvalho, o denunciou por falsificar um certificado de reservista militar. Condenado, precisou cumprir uma pena de oito meses no I Regimento da Vila Militar.

Sem clima no clube carioca, o São Paulo Futebol Clube aceitou comprar o seu passe por 200 contos de réis. Considerada a transação mais cara do futebol sul-americano no período. A chegada do “Homem-Borracha” na capital paulista provou como a sua popularidade era enorme, uma vez que aproximadamente 10 mil pessoas foram recebê-lo na estação de trem do Brás. Uma chegada comparável a de Lênin na Estação Finlândia.

Tal recepção se mostrou acertada, visto que sua chegada marcará o início de uma era extremamente vitoriosa do clube paulistano. Sua estreia contra o Corinthians, um empate de 3 a 3, registrou o maior público de todos os tempos do Pacaembu com quase 72 mil pessoas.

No clube da rua Dom José de Barros, o melhor jogador brasileiro dos anos 30 e 40 permanecerá por oito anos. Ganhará os campeonatos paulistas de 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949. O primeiro grande ídolo do clube com as cores do Estado de São Paulo encerrou a sua carreira como jogador em janeiro de 1950, tendo feito 144 gols em 212 partidas, segundo o sítio o gol.com.br.

O cancelamento das edições das Copas do Mundo em 1942 e 1946 impediram que sua história na seleção brasileira fosse mais marcante. Sua média de gol por partidas é a melhor de todas, vista que são 37 gols em 37 certames O seu antigo técnico do Flamengo, Flávio Costa, não quis convocá-lo para a Copa do Mundo no Brasil em 1950. Será que o melhor jogador da copa de 1938 teria ajudado a aguentar a pressão dos jogos decisivos?

Após o término da sua carreira como jogador, foi técnico do São Paulo de 1950 a 1955 e, depois, comentarista esportivo de rádio e televisão até 1974 quando os primeiros sintomas do Mal de Alzheimer apareceram. Faleceu em 2004 na clínica São Camilo, em São Paulo.

Leônidas foi, sem dúvida, um dos brasileiros mais populares da sua época. Um orgulho da classe trabalhadora brasileira. Foi beneficiado pelo desenvolvimento tecnológico, pelo aparecimento do rádio e sua difusão nacional, o que fez brasileiros de todos os cantos saberem da sua qualidade como desportista. Conhecedor do seu valor e da sua importância, fez várias propagandas durante toda a sua carreira, o que lhe valeu várias críticas da imprensa burguesa e de dirigentes de esporte, incomodado com a sua postura independente e luta pela profissionalização do jogador de futebol.

Ele também não se negou a ter um posicionamento político, tanto que declarou o seu voto no candidato do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Yeda Fiúza. Como muitos jogadores disseram que não votariam em Fiúza por serem católicos, jornalistas indagaram se não era uma contradição um católico votar em um comunista. A resposta publicada no jornal Tribuna Popular foi a seguinte, segundo artigo de Daniel Dutra no sítio pressfut.com : “Sou comunista, sim, senhor. Sou do povo e me fiz entre o povo, como, pois ficar separado do povo? Se sou católico e pratico a religião. Não vejo incompatibilidade entre uma coisa e outra. Para aceitar os princípios do comunismo não tive que renegar a fé da minha infância. Comunismo não é fascismo e por isso, respeita a liberdade de cada um”.

Uma demonstração de consciência politica maior do que qualquer intelectual universitário.

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