Em 30 de junho de 1892, trabalhadores da fábrica da Carnegie Steel Company, do magnata do aço norte-americano, na Pensilvânia, Andrew Carnegie, cerca de três mil e oitocentos metalúrgicos, organizados na Amalgamated Association of Iron and Steel Worker, iniciaram uma greve que terminaria em um grande banho de sangue.
Após sofrerem com inúmeros abusos dentro na fábrica de Carnegie e o fracasso na negociação de um novo acordo coletivo de trabalhadores, os empregados decidiram entrar em greve.
A Companhia de Carnegie era então presidida por um verdadeiro capataz chamado Henry Clay Frick que antes de buscar uma negociação junto aos trabalhadores recorreu aos trabalhos de pistoleiros de aluguel da chamada “Agência Nacional de Detetives Pinkerton”, uma organização famosa por ser utilizada para acabar com movimentos grevistas por meio da força.
A greve teve início no dia 1° de julho daquele ano, mas foi então no dia 6, na calada da noite, que centenas de mercenários Pinkerton, armados com carabinas Winchester, invadiram a fábrica para impor o fim da greve pelas armas, deixando pelo menos onze trabalhadores mortos.
Os milhares de trabalhadores presentes na fábrica conseguiram então conter a milícia e pediram a intervenção da polícia local, que a trabalhar com um salário reduzido, chegaria apenas no dia seguinte.
Quando a polícia chegou, na verdade, passou a proteger a fábrica, que conseguiu retomar os trabalhos com a mão de obra de funcionários contratados para suprir os grevistas.
Os trabalhadores grevistas continuam dentro da fábrica tentando impedir a sabotagem, inclusive com piquetes em frente às agências de emprego de todo o país tentando conscientizar os trabalhadores para que não aceitassem ser usados para sabotar a greve.
Apesar disso, a empresa, com o auxílio e proteção tanto da polícia local quanto dos mercenários, conseguiu construir instalações para os novos trabalhadores e os fornos de aço foram reacesos.
Em 22 de julho, estourou então uma verdadeira guerra dentro da fábrica entre os trabalhadores grevistas, filiados ao sindicato, e os não grevistas.
Com o país inteiro agitado pelo que estava acontecendo na fábrica de Carnegie, em 23 de julho, Alexander Berkman, um anarquista de Nova York, junto com sua parceira Emma Goldman, decidiram colocar em prática a chamada “propaganda pela ação” e assassinar Henry Frick.
Alexander conseguiu entrar no escritório de Frick e disparou vários tiros no capataz, este, entretanto, sobreviveu e Berkman acabou preso.
Com a propaganda negativa difundida pelos meios de comunicação sobre a tentativa de assassinato de Frick, a greve foi perdendo o apoio popular que tinha até então.
Uma briga interna ao próprio comitê de greve também acabou contribuindo para o fracasso da greve, quando o presidente do comitê Hugh O’Donnell propôs que os grevistas voltassem a trabalhar com um salário reduzido, tendo sido afastado do cargo depois da proposta.
Em 12 de agosto, a empresa anunciou que cerca de 1 700 trabalhadores haviam voltado a trabalhar e com a falta de apoio ao sindicato local a greve acabou sendo encerrada.
Andrew Carnegie e Henry Frick tiveram o seu nome marcado pelo banho de sangue e são até hoje uma das figuras mais odiadas pelo movimento de trabalhadores dos Estados Unidos, tendo recorrido à filantropia demagógica para tentar limpar a sua imagem.