Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Neoliberalismo Assassino

21/9/1976: Letelier é assassinado nos EUA por oposição a Pinochet

Neste dia um dos maiores opositores da ditadura chilena que denunciava as relações do Neoliberalismo com a repressão política era eliminado nas ruas de Washington

Em 21 de setembro de 1976, um tirano, funcionário do imperialismo, garantiu a eliminação física de um oponente político. No caso foi o assassinato do economista Orlando Letelier, amigo, ex-embaixador nos Estados Unidos e ministro de Salvador Allende.

Isto não impediu que ao dirigir nas ruas de Washington, fosse vítima de uma explosão tão grande, levando seu carro a ser arremessado para o alto, virando de ponta cabeça e acertando o teto de um carro estacionado na Sheridan Circle, um memorial marca o local do atentado. Além de Letelier, foi assassinada a sua assistente americana, Robbin Moffit, e o marido dela teve graves lesões, mas conseguiu sobreviver.

Orlando Letelier del Solar era um colaborador de longa data de Salvador Allende e participou da sua campanha eleitoral. Com a vitória das eleições, foi selecionado para assumir como embaixador extraordinário na negociação da nacionalização das minas de cobre.

Passado o período como embaixador em Washington, ele retornou para o Chile, onde foi inicialmente ministro das Relações Exteriores e depois do Interior. Na época do golpe de 1973, em setembro, era o Ministro da Defesa tendo sido detido ao ir para o palácio de La Moneda encontrar com o presidente, preso e torturado em várias prisões chilena até ser liberado quase um ano depois, graças a uma pressão internacional, com o compromisso de sair do país. Assim, após um período em Caracas, Venezuela, ele aceitou o convite para ser pesquisador sênior do Instituto de Estudos Políticos na capital dos EUA.

Ele aproveitou a oportunidade para denunciar que um dos objetivos da ditadura era implementar as propostas de Milton Friedman para economia de mercado, pois somente destruindo as proteções dos trabalhadores e permitindo a transferência da renda dos trabalhadores e da classe média para os mais ricos.

Em seu artigo The Chicago Boys in Chile: Economic Freedom’s Awfull Toll”, Leterier denunciava que durante os últimos três anos, bilhões de dólares foram tirados dos bolsos dos assalariados e colocados nas mãos dos capitalistas e proprietários de terra.a concentração de riqueza não acontece por acidente, mas por meio da força; não é o efeito colateral de uma situação difícil — como a junta queria que o mundo acreditasse —, mas o fundamento de um projeto social; não é um passivo econômico, mas uma política temporária de sucesso”.

Ele denunciava também a hipocrisia do ideólogo do neoliberalismo, Milton Friedman, pois no livro “Capitalismo e Liberdade” defendia que somente o liberalismo econômico clássico poderia sustentar a democracia política, enquanto seus discípulos chilenos, chamados de “Chicago Boys”, necessitaram de uma absoluta restrição de todo tipo de liberdades democráticas.

Naomi Klein, no livro“a Doutrina de Choque”, destaca que como os economistas latino americanos formados na Universidade de Chicago e nas suas franquias sul-americanas estava se preparando para implementar sua doutrina econômica assim que as condições politicas permitissem.

Não à toa, o governo americano, bem como várias empresas multinacionais e a burguesia chilena, já antes das eleições chilenas queriam inviabilizar o governo de Salvador Allende.

A sua situação ficou insustentável com a nacionalização das minas de cobre, mesmo com a intenção de realizar indenizações por esta medida.

O retorno de Letelier aos Estados Unidos se provou constrangedora tanto para a ditadura chilena como para o governo dos EUA. Devido a sua trajetória potica e sua capacidade intelectual que permitiu participar em mais dois locais   como pesquisador no Instituto Transnacional (sediado em Amsterdam), bem como professor na American University (sediada em Washington), conseguia ter vários canais de comunicação e interlocutores.

Logo começou a utilizar os seus contatos com numerosas lideranças sindicais, intelectuais acadêmicas, religiosas e populares da Europa e dos EUA para denunciar a relação entre a implementação do neoliberalismo e os abusos e as atrocidades do regime pinochetista.

Sua atuação estimulou o apoio de senadores democratas como Edward Kennedy e Frank Church , reforçada pela publicação de numerosos textos jornalísticos e acadêmicos, o que facilitou a aprovação pelo Congresso americano da suspensão da assistência militar ao Chile e, ao mesmo tempo, na Europa acontecia o bloqueio de empréstimos holandeses ao Chile. As duas medidas ocorreram em junho de 1976.

Como economista, um dos alvos preferidos, além do Friedman, Prêmio Nobel de Economia em 1976 e um reconhecido colaborador e defensor econômico de Pinochet, eram os Chicagos Boys que no caso chileno eram liderados pelo diplomado de Chicago Sergio de Castro e por Sergio Undurraga, seu colega na Universidade Católica (Chile).

Tanto que no artigo já citado anteriormente, escreveu: os ‘Garotos de Chicago’, como são conhecidos no Chile, convenceram os generais de que estavam preparados para suprir a brutalidade dos militares com os ativos intelectuais que possuíam.

Atualmente é sabido que durante a conspiração do golpe, eles entregaram ao comandante da Marinha um texto de cinco páginas explicando qual seria o projeto econômico que seria implementado com a derrubada de Allende,

Naomi Klein esclarece que este rascunho deu origem ao “Tijolo”, um documento de quinhentas páginas, um programa econômico detalhado para orientar a junta militar, dos dez autores principais do “Tijolo” oito havia estudado economia na Universidade de Chicago.

Nos últimos anos tem se presenciado um esforço de Washington de liberar alguns documentos mostrando a relação com os conspiradores e o governo de Pinochet sem se confirmar uma efetiva responsabilidade norte-americana no assassinato de ex-Ministro de Defesa.

Contudo já é conhecido que em um encontro entre secretário de Estado Henry Kissinger e Pinochet três meses antes do atentado, o ditador chileno reclamou da atuação de Leterier junto ao Congresso dos EUA. Neste mesmo encontro, o secretário de Estado disse simpatizar com as ações do governo chileno e desejava o melhor a ele.

Ao mesmo tempo, o chefe da Dina, o departamento chileno responsável pela repressão, General Manuel Contreras, responsável direto pela execução do atentado, visitou Washington nas semanas anteriores, encontrando se com o general Vernon Walters, adido militar no Brasil em 1964 e amigo do general Castelo Branco. Em 1976, Walters era o subdiretor da CIA na época dirigida por George Bush, que seria vice-presidente de Ronald Reagan por dois mandatos e depois presidente dos EUA, ele próprio entre os anos 1989 e 1992.

O atentado que resultou na morte do político chileno e de uma cidadã americana foi considerado um crime federal, entretanto é sabido que tanto o Departamento de Estado, sob o comando de Kissinger e com a Agência Central de Informações dirigida por Bush procuraram prejudicar as investigações dos promotores federais.

O primeiro demorou a transferir todos os expedientes do caso. Principalmente os retratos, os vistos cedidos pela embaixada norte-americana, em Assunção e as fotocópias dos passaportes emitidos para os agentes chilenos que organizaram o atentado nos EUA. A CIA tentou plantar nos meios de imprensa que teriam sido os militantes da extrema-esquerda chilena os verdadeiros responsáveis pelo ataque a fim de macular a imagem e o prestígio internacional do regime ditatorial chileno.

A morte de Letelier, em plena capital dos EUA, provocou um certo afastamento formal entre os dois governos, principalmente com a chegada do democrata Jimmy Carter à Casa Branca. Mas nunca ocorreu o rompimento efetivo, o que facilitou a duração da ditadura Pinochet por dezessete anos até que o término da União Soviética permitisse a mudança da estratégia imperialista. Um indício da permanência desta relação se revela por ocasião da detenção de Augusto Pinochet em Londres em 1998 foi a falta de disposição do governo Clinton de fazer um pedido de extradição devido ao caso Leterier-Moffitt.

Passados quarenta e sete anos, o assassinato do economista e político Osvaldo Leterier revela como o imperialismo não mede esforços para alcançar os seus objetivos. Um ponto interessante é que o caso demonstra como pessoas se colocam ao seu serviço, mesmo que alguns humoristas brasileiros achem graça desta possibilidade.

Quem quiser ter acesso ao artigo de Osvaldo Letelier de 1976 pode encontrá-lo no endereço eletrônico: www.ditext.com/letelier/chicago.html.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.