Passado o primeiro turno das eleições, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, chamou uma coletiva de imprensa para relatar as suas impressões sobre a “festa da democracia”.
Durante a sessão, Moraes destacou elogios em referência velada às ordens emitidas por ele próprio para que o dia de votação pudesse transcorrer da forma mais anti democrática possível, chegando a proibir inclusive a boca de urna.
“Os eleitores demonstraram maturidade democrática, compareceram às seções eleitorais, realizaram o ato de votar, concretizando a democracia com paz, harmonia e segurança”, disse cinicamente o ministro.
Ao melhor estilo cínico, ou seja, o demagógico, Moraes também aproveitou para realçar “os benefícios”decorrentes da intervenção do judiciário na organização partidária, para tanto utilizou se de uma das armas preferidas da direita, a política identitária.
O ministro ressaltou que “graças a política das cotas partidárias”, o Brasil elegeu nessas eleições, dentre os 513 deputados, 91 foram mulheres, 17,7% do total e 27 candidatos negros, 5,26% do total.
Para o Senado esse número foi de 27 mulheres, 14,8% do total e 3 negros, 11,1% do total.
Ao contrário do que quer fazer parecer o ministro golpista, isso nao é uma vitória das mulheres nem do povo negro e tampouco democracia. Todo esse discurso barato dele se trata de uma demagogia e mostra que o identitarismo é política da burguesia, e não da esquerda
As eleições são absurdamente anti democráticas. É impossível para qualquer candidato conseguir se eleger sem um grande volume de dinheiro e isso coloca o preto ou a mulher nas mãos dos interesses da burguesia.
Toda a imposição de cotas nos partidos representa uma intervenção do estado burguês no funcionamento interno dos partidos, que devem ser organizações independentes do Estado. As cotas só irão eleger uma parcela completamente irrisória dessa populaçao e muito provavelmente comprometida com interesses contrários aos da esmagadora maioria dos negros e mulheres. Nesse sentido, a legislação do TSE se mostra absolutamente autoritária, obrigando os partidos, utilizando a justificativa do identitarismo, a adotar determinadas medidas
Para que as eleiçoes pudessem de fato permitir a participaçao das mulheres e dos negros, teria de se começar pela facilitçao da formaçao de um partido político e bem como pela divisao igualitária dentre os candidatos ao pleito dos recursos utilizados para a campanha. No final, é uma imposição que serve para aumentar a burocracia e restringir cada vez mais a participação dos partidos menores, que não têm condições de responder a essas exigências, no pleito eleitoral
Da forma como as regras eleitorais funcionam agora, nem mesmo homens e brancos podem concorrer às eleições de forma democrática, muito menos entao, mulheres e negros que são a parcela da populaçao mais esmagada por essa burguesia que domina e predomina em todas as eleições, inclusive nessa.