Na última semana, este Diário revelou, com exclusividade, que o empresário Walfrido Warde doou nada menos que R$5 mil para a campanha do hoje deputado federal Kim Kataguiri (Podemos), sendo o quinto maior doador de sua campanha. Até aí, não haveria novidades. Afinal, um empresário financiar a campanha de um direitista que se elegeu deputado é regra. Ainda mais alguém oriundo do Movimento Brasil Livre (MBL), que foi impulsionado pelos capitalistas justamente para ajudar na derrubada do governo de Dilma Rousseff.
O que chama a atenção neste caso é que Walfrido Warde é apontado por algumas figuras que se dizem de esquerda como uma pessoa “progressista”. Guilherme Boulos (PSOL), que trabalha em um instituto em que Warde é dono, se diz amigo pessoal do empresário e lhe rasga elogios. Juliane Furno, da Consulta Popular, idem. A presidente da União Nacional dos Estudante (UNE), embora não trabalhe diretamente para Warde, lhe elogiou recentemente.
Warde não apenas doou para a campanha de Kim Kataguiri, como também deu espaço para ele em sua organização, o Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresas (IREE). No esmo período em que era financiado para fazer campanha contra o PT, Kim Kataguiri foi agraciado com uma coluna no portal do IREE.
Ao financiar Kim Kataguiri e, ao mesmo tempo, Guilherme Boulos, Walfrido Warde não está sendo “plural” ou “democrático”. O que o financiamento do primeiro revela é que o financiamento do segundo apenas cumpre uma função de cooptação e corrupção da esquerda. Warde está diretamente ligado ao movimento do qual participaram todos os capitalistas no Brasil: o golpe de Estado de 2016.
Kim Kataguiri, inclusive, é a expressão da ala mais fascista do golpe de Estado. Sem dúvida alguma, ele, assim como o MBL e a revista Veja, foram parte dos principais difusores da campanha antipetista e anticomunista daquele período. Uma campanha, portanto, muito reacionária que desaguou no bolsonarismo. O financiamento de Kim Kataguiri, portanto, ajudou a chocar o ovo do fascismo no Brasil.
Junto a Kim Kataguiri, Warde mantém relações públicas com outros elementos do golpe de Estado. Entre eles, Sérgio Etchegoyen, ex=ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Temer, Raul Jungmann, ex-ministro da Defesa de Temer, e Leandro Daiello, ex-chefe da Polícia Federal. Todos eles, diretores do IREE.
Walfrido Warde não é um “amigo” da esquerda. É uma figura do golpe de Estado, ligado à difusão das ideias mais perniciosas e às figuras mais sinistras, cujo único interesse na esquerda é o de submetê-la ao regime golpista.