Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Victor Assis

Editor e colunista do Diário Causa Operária. Membro da Direção Nacional do PCO. Integra o Coletivo de Negros João Cândido e a coordenação dos comitês de luta no estado de Pernambuco.

Quem dá mais?

Vinicius Se galla com Boulos, razão do ciúme de Pedro Zambarda

Bandoleiros do jornalismo se envolvem em complicado triângulo amoroso

zambarda

Na edição de sexta-feira (21) do Fofocalizando Urgente, um programa de fofocas e sensacionalismo policial, todos notaram como Pedrinho, um dos faxineiros de Kiko Datena, estava abatido.

“O Pedro está mais magro neste 2022”, disse o balofo Daniel Lobo Marinho, desejando que o mesmo acontecesse com ele.

“Não, eu engordei para cacete, é que o cabelo está grande”, retrucou Pedrinho, que não convenceu nem mesmo a rosquinha que estava na mão de Daniel Lobo.

“Pedro está quietinho hoje”, voltou a insistir Daniel, enquanto mandava sua empregada trazer mais uma lasanha.

“O que aconteceu, Pedrão?”, perguntou Kiko Datena.

Pedrinho começou a suar frio. Gaguejou, colocou a culpa no horóscopo e danou-se a ler os superchats que ele mesmo havia enviado. Mas não era preciso falar nada. Todos sabiam porque Pedrinho estava abatido.

Há algumas semanas, a mãe de Pedrinho — “Pedim”, como o chamava — levou o menino para o médico.

“Meia comprida, não quer mais sapato baixo, vestido bem cintado e não quer mais vestir timão?”

“Exatamente”.

Em casos como esse, o doutor nem examina. Foi chamando a mãe de lado e lhe dizendo logo em surdina:

“O mal é da idade. Pra essa menina, não há um só remédio em toda a medicina”.

“Mas ele é um menino, doutor”, disse a mãe, enquanto destampava o iogurte de Pedim.

O doutor fez pouco caso.

“Devo ter me confundido”.

E leu a ficha que a secretária lhe entregara.

“Nome: Joice Cristina Hasselmann. Família: suidae. Sexo: fêmea. Peso: seis arrobas. Escolaridade: curitibana… Achei!”.

O médico abriu um sorriso.

“Espírito escritor: Pedro Zambarda”.

“Isso”, disse a mãe orgulhosa.

“Nunca tratei espírito, mas meu diagnóstico é o mesmo”.

“E qual é?”

“Ele só quer, só pensa em namorar”.

“Certeza?”

“Sim. Todo incel que enjoa do PlayStation é sinal que o amor já chegou no coração”.

Não tardou para a mãe descobrir quem havia flechado o coração de seu filho. Dias antes do Natal, dona Zambarda largou mais cedo do trabalho para fazer compras. Ao chegar em casa, flagrou seu filho assistindo a um vídeo no sofá de casa. Era uma filmagem caseira, feita de celular, que mostrava quatro pessoas se relacionando. Ela reconheceu três delas, pois costumava sempre ler as edições da revista Veja que seu filho assinava. Uma delas era o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, cujo bigodinho ela sempre achou muito sexy, outro havia sido ministro da Defesa e a outra era um grande ídolo de seu filho, o ex-chefe da Polícia Federal que serviu de inspiração para que Pedim escrevesse o livro “Delatores – a ascensão e a queda dos investigados na Lava Jato”.

Mas a quarta pessoa, dona Zambarda realmente nunca havia visto. E era justo de quem seu filho nunca tirava os olhos. Ele tinha um cavanhaque, usava um samba-canção de celtinha e falava coisas do tipo: “eu não gosto de ocupar, eu gosto é de ser ocupado”.

Um dia, finalmente, Pedim apresentou o rapaz a sua mãe. Ela, toda contente, gritou para a outra filha:

“Rovaia, venha ver o namorado de seu irmão!”

Pedrinho não gostou.

“Mãe, ele não é meu namorado”, falou entre dentes. “Ele é meu papai de açúcar”.

Dona Zambarda nunca entendeu o que significava isso. Uns chamavam o rapaz de “bolo”, outros de “Nutella” e Pedim o chamava de “papai de açúcar” — era uma confusão. Mas gostou muito. Por alguma coincidência, desde que Pedim conheceu o rapaz, eles mudaram de apartamento, compraram um carro novo e ela até colocou um ciclone nos seios!

Tudo estava indo maravilhosamente bem. Parecia que Pedrinho e a família Zambarda iriam ser felizes para sempre. Mas, como o “para sempre” sempre acaba, o sonho americano foi interrompido.

Pedro Zambarda não costumava sair sozinho com seu rapaz, mas isso, a princípio, não o incomodava. Em uma noite de lua cheia, Pedrinho chamou um conhecido seu, Vinicius, para participar de seus passeios com o “papai de açúcar”.

“Você faz gostoso e ainda põe leite condensado”, elogiou Pedrinho, vendo Vinicius despejar o doce no bolo.

Saíram duas, três, dez vezes. Eram um trio inseparável. Ou quase isso.

Há uma semana, enquanto folheava a Veja, Pedrinho viu a propaganda do novo PlayStation 6. Não pensou duas vezes e foi correndo à casa de seu “papai de açúcar” para que comprasse o joguinho. Eis que, no entanto, ninguém atendeu à porta. Pedrinho olhou pela janela e viu aquela cena que o traumatizaria pelo resto da vida: Vinicius estava lá, sozinho, com o seu rapaz.

“É isso que você chama de “largo da batata”?”, Pedrinho ouviu o seu amado perguntar, entretido com Vinicius.

Pedrinho ficou ali durante dez minutos, assistindo a inúmeras cenas inenarráveis. Ficou paralisado. Vinicius Se galla sozinho com Boulos? Sem ele? Quanta desconsideração…

Dali, nosso herói foi direto para o bar. Pediu um uísque e desatou a chorar agarrado à manga do garçom.

“Eu sei, eu estou enchendo o saco. Mas todo bebum fica chato, valente e com toda razão”.

Pedrinho, no entanto, logo amansou.

“Eu só quero chorar. Eu vou minha conta pagar. Por isso, eu lhe peço atenção”

E começou a contar sua história.

“…E tudo que a gente transava eram três, quatro Cubas”.

O garçom franziu a testa.

“Eu te amei, me entreguei de um jeito que ninguém jamais se entregou!”

Pedrinho já estava no décimo copo. O garçom, enfim, abriu a boca:

“Não fique assim. Até eu, um galã do Youtube, que dele gostou, tornei-me um pobre coitado que ele arrasou. Contigo fez gato e sapato do teu coração; comigo, deixou-me de quatro, me arrastando no chão”.

Pedrinho apertou o garçom e, no aperto, ouviu um estampido e sentiu um cheirinho de proteína whey.

Ficaram abraçados até o pôr do sol, quando um marreco pousou na mesa.

“Vocês… hum… é… você e seu conje… É… Eu… vim de machachuchétis… bem…. vocês… querem trabalhar na minha campanha?

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.