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Alarmismo

Uma esquerda que abandonou os princípios políticos

Esquerdistas de todos os matizes repetem a mesma política antidemocrática de demonizar manifestações e estigmatizar o bolsonarismo, em vez de agir para superá-lo

O texto de Osvaldo Coggiola “Uma democracia refém” publicado no portal do Brasil 247, se junta à onda esquerdista que não faz uma leitura concreta do que está acontecendo na política brasileira.

De início, afirma que o Brasil viveu uma tentativa (malsucedida) de golpe de Estado, destinada a mudar seu regime político. É a conclusão à que chega ao analisar as manifestações e os bloqueios promovidos pelos eleitores de Bolsonaro após sua derrota no segundo turno.

O golpe de Bolsonaro já vem sendo prometido desde praticamente sua posse, mas aumentou essa expectativa com a chegada das comemorações do 7 de Setembro, somando-se a isso o fato de Jair Bolsonaro ter demonstrado desde muito antes a sua desconfiança com as urnas eletrônicas.

Houve uma grande reação por parte da esquerda que passou a defender, não apenas as urnas, como o STF, uma instituição golpista, bem com os seus ministros, notadamente Alexandre de Moraes, um ministro que, dentre suas façanhas, está o voto pela prisão de Lula ainda na segunda instância, o que abriu espaço para a eleição de Bolsonaro.

Criminalização de manifestações

Seguindo o senso comum que se abateu sobre a esquerda nacional, uma vez vencida a eleição por Lula, é bom que se diga, Coggiola passa a criticar as manifestações dos bolsonaristas inconformados que bloquearam estradas: O bloqueio ou interdição, em mais de 600 pontos, de estradas em todo o país, realizado em menos de 24 horas, esteve muito longe de ser uma reação espontânea ou um movimento improvisado. E segue “poucas vezes se viu tamanha organização num movimento supostamente ‘civil’.

Precisamos lembrar que a manifestação é garantida a todas as pessoas dentro de uma democracia, não importando sua cor ideológica. Quantas vezes o Movimento dos Trabalhadores Sem-terra bloqueou estradas? Podemos dizer o mesmo de moradores de bairros que já recorreram a esse tipo de manifestação. A que serve dizer que ‘poucas vezes se viu tamanha organização’, qual seria o problema?

Uma outra questão que devemos nos lembrar é que piquetes são ações de intimidação perfeitamente dirigidas e com objetivos claros: obstruir a circulação das pessoas, sejam elas de direita ou de esquerda. Aliás, é a acusação que sempre é feita pela grande imprensa, pela polícia, para desmantelar bloqueios.

Danar o abastecimento de bens essenciais é uma medida de força, o mesmo que ocorre nos movimentos grevistas. Se uma greve não prejudicar ninguém, com certeza essa categoria nunca vai conseguir negociar um salário decente. Inúmeras vezes, quando a esquerda fechou a Avenida Paulista com manifestações, a grande imprensa, para jogar a população contra os manifestantes gritava “as ambulâncias não podem trafegar”. Desta vez, é a esquerda que adota o mesmo discurso.

Uma política de classes

Coggiola critica que “o abastecimento dos pontos de bloqueio por empresários foi noticiado na TV. A participação de bolsonaristas “radicalizados” foi possibilitada através desses meios. Não foram “manifestações políticas” ou “populares”, mas ações de intimidação perfeitamente dirigidas e com objetivos claros”. Sim, conforme já vínhamos alertando neste Diário, a burguesia montou uma operação contra Lula. Empresários tentaram coagir seus funcionários a votarem em Bolsonaro sob o risco de perderem seus empregos. Também noticiamos que a Polícia Federal iria dificultar o trânsito de possíveis eleitores de Lula. Denunciamos a ação do STF que deixou para estados e municípios decidirem a gratuidade de transportes no dia eleição, uma clara manobra para beneficiar Bolsonaro.

A diferença de nossa política, foi dizer que Lula e o PT deveriam fazer um amplo movimento de massas para garantir sua eleição. Dissemos que deveria ser feita uma campanha radicalizada que apostasse na polarização e foi isso, efetivamente, que garantiu a vitória do petista.

Bolsonaro vinha despejando dinheiro nas eleições, o STF não derrubou a PEC da Bondade, votada com auxílio da esquerda, que distribuía dinheiro em ano eleitoral, o que é completamente inconstitucional.

Estigmatização

Outro trejeito no texto de Coggiola é seguir a cartilha de estigmatizar os eleitores de Bolsonaro, insistentemente chamado de ‘gado’ pela esquerda. A matéria diz que “essas pessoas foram completamente capturadas pelo sistema de comunicação fechado dos bolsonaristas. Articulam aplicativos de mensagem, YouTube e etc. Não pode ler jornal, nem ver TV… Essa rede não só se vende como suficiente para o público ficar ‘bem informado’, como demoniza qualquer informação que venha de fora – imprensa, influencers não alinhados. Tudo. Vemos nos grupos que qualquer pensamento independente é reprimido, muitas vezes até com expulsão.

É um comportamento típico de seita: os participantes fazem um pacto de silêncio e são compelidos a se fechar para o mundo.”.

Como se vê, o artigo ainda alimenta a ilusão de que o problema do bolsonarismo são as redes sociais. Em 2018, por exemplo, creditaram a eleição de Bolsonaro ao disparo massivo de notícias falsas às vésperas da eleição, deixando de lado a ação golpista que colocou Lula na cadeia.

Ficar afirmando que as pessoas pertencem a uma seita, é uma maneira disfarçada de capitular diante do que seria realmente necessário: dar o combate, fazer uma campanha de convencimento para trazer essas pessoas de volta para o nosso campo, ou vamos acreditar que metade da população brasileira é composta de lunáticos?

Um outro efeito negativo dessa conduta é afastar as pessoas, deixá-las mais refratárias à esquerda. Ofender, apenas fará com que alguém se feche ainda mais dentro de suas convicções e grupos.

Coggiola reclama também que os manifestantes exigiam intervenção militar, o que não constitui nenhum crime. Afirma também que “As Forças Armadas, diretamente interpeladas pelo apelo golpista, ficaram caladas” e, ainda, que “integrantes das Forças Armadas (…) não deram apoio ao presidente para seguir nessa investida. Fontes militares ouvidas pela CNN disseram que a sugestão chegou a receber o aval de uma das Forças e negada por outra, além do Exército, o fiel da balança que não endossou a tentativa do presidente”.

Se as forças armadas, o Exército, não endossaram a ‘tentativa do presidente’, onde está tentativa de golpe? Coggiola se contradiz. Não há a possibilidade de um golpe sem que haja apoio militar.

A esquerda está sendo cooptada pela direita, reina um clima de medo e de punitivismo. O medo provoca um alarmismo que beira à histeria, o que apenas desarticula a provoca ainda mais alarme.

Não temos que ter medo, o papel da esquerda é tomar as ruas, conscientizar os trabalhadores, essa é a única força irresistível que poderá vencer extrema-direita. Aqueles que apostam nas instituições burguesas para resolver os conflitos sociais em favor da esquerda, precisam acordar desse sono e encarar de frente a realidade.

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