A partir das nomeações, o governo de Lula já demonstra um propósito melhor definido antes mesmo da posse, diferentemente dos governos anteriores. Obviamente será um governo cheio de contradições, mas é necessário pontuar a atual situação dos futuros ministérios.
A primeira questão que chama atenção que deve ser enfatizado é que o governo Lula, diferentemente dos quatro últimos governos do PT, está no sentido de ser tornar um governo muito mais dotado de propósito do que os governos anteriores.
Resistindo a pressão do chamado mercado financeiro, por exemplo, e colocando Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, isto é, não indicando nenhum cidadão neoliberal para a pasta é um grande indicativo dessa tendência.
O possível futuro ministro da Educação também indicam no mesmo sentido. Aparentemente Lula colocará mais um petista no comando do ministério, que é primordial para uma política social necessária.
No BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) indicou Aloizio Mercadante, um companheiro de Lula, como a imprensa golpista assinalou. Ou seja, mais um cidadão do círculo íntimo e de mais confiança de Lula. Um economista de esquerda, apesar dos erros que já cometeu.
Essas primeiras indicações são importantes e demonstram um propósito. A do BNDES e Fazenda, por exemplo, indicam uma política de reindustrialização e desenvolvimento nacional. Essa política será duramente enfrentada pelo imperialismo, que promoveu o golpe para justamente impedir o desenvolvimento nacional.
Na realidade, já começara. A acusação é a de sempre: “aparelhamento do Estado”. Estes setores defendem que se entregue ministérios como o do Desenvolvimento Social para uma latifundiária como Simone Tebet e cargos importantes das estatais para pessoas de “perfil técnico”, ou seja, para tecnocratas que se encontram no bolso dos banqueiros. Seria uma política suicida, que felizmente não é a política de Lula.
Outro ministério importante para a ligação do governo com os sindicatos é o do Trabalho. Para essa pasta Lula indicou Luiz Marinho, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores.
Do ponto de vista social é o Ministério do Trabalho onde se realiza a relação do estado com os sindicatos brasileiros. É notório que as organizações sindicais são bastante atreladas ao estado. Nas últimas décadas os sindicatos perderam uma série de prerrogativas, perderam Inclusive durante os governos do PT. E o estado é fundamental no reconhecimento dos sindicatos e logicamente na distribuição das verbas sindicais que foram atingidas durante o governo Temer e Bolsonaro.
Luiz Marinho não é da ala radical esquerdista do PT, mas é da ala ligada a Lula. Isto é, significa que levará adiante uma política que satisfará os sindicalistas, mesmo que seja em parte.
O da Educação, por outro lado, tem um peso enorme na política social, pois se relaciona com milhões de professores e estudantes de todo o país. Trata-se de um setor que é de fácil mobilização.
Nestes primeiros momentos, o governo aparenta que será um governo com muito mais propósito. A burguesia, logicamente, percebeu isso e carrega nos ataques nos jornais, que já estão cheios de matérias tratando de um egoísmo do PT, de que os Ministérios estão sendo distribuídos entre os companheiros, que o Lula ele discursa a favor da frente ampla, mas não tem frente apla no governo, etc.
Trata-se de uma grande perfídia da imprensa. Lula tem todo o direito de colocar seus companheiros nos ministérios. Foram essas pessoas que trabalharam para a sua eleição e defendem, até o momento, os mesmos propósitos que os seus.
Nomes ligados a frente ampla ou da direita dita civilizada em nada ajudaram na campanha, apareceram nos últimos momentos do pleito.
Tudo indica que este será o governo petista mais consciente dos desafios a serem enfrentados.