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Elon Musk

Twitter: a epopeia do empresário tentando mandar na própria firma

Pode ser bom, pode ser ruim, mas com certeza Elon Musk no Twitter não é chato

Quando Elon Musk anunciou que iria comprar o Twitter ficou claro que o circo iria pegar fogo. Nunca imaginamos que seria tão rápido e de forma da tão transparente.

Faz exatos 33 dias que Elon Musk assumiu o controle da empresa, seu primeiro ato foi a realização de demissões em massa. Importante destacar que, enquanto em empresas que fabricam produtos, as demissões em massa afetam de forma direta os trabalhadores na linha de montagem, o proletariado, numa empresa como o Twitter, programadores e moderadores fazem a maioria do trabalho real, sendo profissionais de classe média, e há uma grande quantidade de funcionários administrativos.

O empresário demitiu, de acordo com alguns analistas, mais de 80% dos funcionários da empresa. Para a esmagadora maioria dos usuários da rede, nada mudou. O serviço não funciona pior agora do que funcionava antes, não fosse o noticiário, ninguém nem saberia que algo havia mudado. Aí começamos por entender que, como as estatais que os liberais tanto criticam, grandes empresas privadas também têm uma grande quantidade de pessoas que simplesmente não fazem nada. 

A guerra entre a classe média identitária e o empresário direitista é engraçada de ver, nunca vimos a imprensa defender o emprego de pessoas que dependem daquilo para comer, mas vimos uma série de críticas contra um empresário quando se trata de profissionais de classe média, quase uma burguesia, pelo fato de não trabalharem, onde o salário médio é de mais de 10 mil dólares por mês. O trabalhador de verdade, de carne e osso, que de fato faz algo da vida, pode divertir-se pelo Twitter, ao ver o Twitter passar o facão no almofadinha do administrativo, que todo mundo conhece e ninguém gosta. 

O surto de consciência da imprensa não é um despertar para a preocupação trabalhista, se fosse, estaria atrasado uns 300 anos. Os fatos seguintes mostram isso. Estes mesmos funcionários do Twitter doaram mais de 2 milhões de reais para candidatos do Partido Democrático dos EUA, um partido de direita que apela para preconceitos identitários e se fantasia de esquerda, para o Partido Republicano, de Donald, apenas um centésimo disso na eleição de 2020. Uma maioria desses setores democratas foi demitida, diminuindo a resistência interna ao novo dono da empresa. 

É fato conhecido que a imprensa nos Estados Unidos está cartelizada para garantir que os interesses que sempre governaram o país imperialista continuem a fazê-lo, é também fato de que Donald Trump, ainda que não rompa com isso e seja um político reacionário, significa um afastamento deste “sistema”. 

No controle político dos EUA, as redes sociais, as 4 irmãs da tecnologia (Amazon, Apple, Google e Microsoft) e a imprensa cumprem uma função central. As empresas de tecnologia são, em geral, populadas por setores liberais bastante alinhados com a política imperialista, bem como são obrigadas a manter uma série de compromissos com as forças de segurança norte-americanas. 

É notório que a Apple, o Facebook e o Google cumpriram ordens para entregar dados de seus aplicativos de mensagens ao governo norte-americano, bem como ocorre em todas as grandes empresas do setor. 

A compra do Twitter por Elon Musk foi vista por muitos como um ponto fora da curva neste quesito. O empresário, e homem mais rico do mundo, é considerado uma figura volúvel e não exatamente alinhada com esse sistema. Ele declarou que apoiaria o Partido Republicano de Trump nesta eleição, bem como advoga sistematicamente contra a censura nas redes sociais. O caso da guerra da Ucrânia mostra bem essa situação, Musk criou a Starlink, empresa de internet via satélite e anunciou que iria doar antenas para a Ucrânia de forma gratuita, mas, passados alguns meses, declarou que deveria ser chamado um referendo para acabar com a guerra e definir quem ficaria com o que no território disputado (algo claramente benéfico à Rússia), alguns dias depois disso, Musk disse que só poderia continuar a ajudar a Ucrânia com internet se houvesse um pagamento da ordem de bilhão de dólares por parte do governo norte-americano ou ucraniano, num claro movimento de extorsão. Dias depois, como se num passe de mágica, ele declarou que havia mudado de ideia. 

O caso do Twitter tem sido igualmente volúvel e cheio de jogadas de bastidores. Logo que assumiu a empresa, Musk anunciou que não iria fazer nenhuma mudança em relação às contas banidas sem criar um conselho amplo com diversidade de opiniões e reunir-se com ele. Mais ou menos uma semana depois, Elon Musk posta uma enquete perguntando se deveria devolver a conta de Donald Trump, após 15 milhões de votos e um resultado e 52% favorável, ele decidiu e reabilitar o ex-presidente.

Perguntado sobre a óbvia contradição, afinal ele nunca criou o tal conselho, apenas disse que havia falado de conselho pois havia negociado com “grupos ativistas de empresas e políticos” e faria isso contanto que estes grupos não montassem um embargo contra o Twitter ao retirar dinheiro de anúncios da empresa, o empresário terminou por dizer “Eles quebraram o acordo”. De fato há uma campanha de boicote nesse tema. Quando os de cima brigam, os de baixo fazem festa. 

Nessa corrida de 30 dias, Musk também anunciou que irá criar um sistema de mensalidades para usuários do Twitter que quiserem ter o selo de verificado, tentando acabar, ou reduzir, com a dependência da empresa para com esses anunciantes. Mais um tempo (pouco) passou e Musk declara estar sendo chantageado pela Apple, diz o empresário que a empresa teria dito que ou ele restabelece a censura ou o aplicativo será expulso da loja de aplicativos da Apple, aleijando a empresa, podendo até mesmo levá-la à falência.  Em seguida, Elon Musk prometeu publicar o conjunto das conversas que teve com esses setores, algo que não cumpriu. Mais briga, mais negociação de bastidores, mais circo e mais fogo. O dono do Twitter ainda declarou que sofre “uma operação psicológica por dia” na rede social. Operação Psicológica é o nome dado pelo Exército dos EUA para operações de propaganda e de opinião, voltadas para convencer pessoas de algo, virar a opinião pública contra determinados setores e manipular as pessoas em geral. 

No dia ontem (30), o Twitter publica uma nova declaração, mais ou menos cínica. Dizendo que nada mudou na sua política de moderação de conteúdo, que os termos de serviço continuam os mesmo. Há pouca verdade nisso, se é que há alguma.

Goste ou não goste de Elon Musk, não há que negar que a briga dele para mandar na própria empresa é bastante engraçada. Mostra também o mito da iniciativa privada no capitalismo. O sistema todo é engessado, se mesmo o homem mais rico do mundo tentar subvertê-lo ele é combatido, o Estado capitalista atua como grande gerente dos capitalistas individuais em função do bem comum da classe capitalista. Quando nem os ricos aguentam mais viver na sociedade capitalista, vemos que a decadência do sistema chegou a um ponto terminal. 

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