O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu ontem (21) a independência da República Popular de Donetsk e da República Popular de Lugansk, regiões que pertenciam à Ucrânia e que, após o golpe de Estado promovido pelo imperialismo em 2014, declararam a separação do país ─ o que acarretou no início de uma guerra civil contra as forças fascistas de Kiev.
No discurso em que anunciou o reconhecimento da Rússia, Putin destacou esse fato, lembrando que os povos dessas regiões “não estiveram de acordo com o golpe de Estado apoiado pelo Ocidente na Ucrânia em 2014, se opuseram ao movimento elevado a nível estatal do nacionalismo cavernário e agressivo e o neonazismo”.
Putin continuou: “estão lutando por seus direitos elementares de viver em sua própria terra, falar sua língua materna, preservar sua cultura e suas tradições”.
Além disso, o governante disse que “aos que tomaram e mantêm o poder em Kiev, exigimos o fim imediato das hostilidades. Do contrário, toda a responsabilidade pela possível continuação do derramamento de sangue recairá inteiramente na consciência do regime que governa no território da Ucrânia”.
As regiões do leste da Ucrânia, conhecido como Donbass, onde ficam Donetsk e Lugansk, foram cedidas pela Rússia à Ucrânia logo após a Revolução de 1917. A esmagadora maioria de sua população é de etnia russa e muitos se identificam política e ideologicamente com o governo Putin, bem como com o passado soviético.
Desde o anúncio da separação unilateral da Ucrânia, após o golpe de 2014, há um movimento não apenas pelo reconhecimento russo e internacional dessas duas repúblicas, como inclusive pela sua incorporação à Federação Russa, por parte de cidadãos desses países.
O reconhecimento dado ontem por Putin vai, portanto, ao encontro da vontade e das aspirações dos povos do Donbass. É um direito inalienável o da autodeterminação dos povos, defendido historicamente pela esquerda e pelo campo progressista, mas também por todos os povos oprimidos dos países ao redor do mundo.
Se um povo quer conquistar a independência de um determinado território, e essa luta realmente representa as aspirações desse povo, ele tem o total direito a essa independência. É o caso de Donetsk e Lugansk.
Trata-se de uma luta legítima, e não artificial ─ como, por exemplo, a farsa da separação do Cossovo da Sérvia, ou da própria integração da Ucrânia à União Europeia e à OTAN. O governo Putin pode até mesmo ter o interesse de incorporar o Donbass à Rússia, mas além de haver um laço histórico muito forte entre a região e a Rússia (pois sempre pertenceu aos russos), é uma vontade verdadeira de seu povo.
O movimento de esquerda internacional deve prestar todo o apoio e solidariedade às repúblicas do Donbass em sua luta pela independência e autodeterminação e deve reconhecer a legitimidade do anúncio feito pelo governo russo. A luta pela independência contra o imperialismo é parte fundamental da luta da classe operária e dos oprimidos contra a burguesia nacional e internacional.