Desde que venceu as eleições deste ano, com a votação mais acirrada de toda a história da República brasileira, Lula tem se mantido firme em relação ao que defendeu durante a sua campanha eleitoral. Ao invés de mudar completamente de um dia para o outro, mostrou-se firme em sua política, indicando que, de fato, lutará para cumprir o que prometeu ao longo do pleito.
Nesse sentido, Lula continua defendendo uma política econômica progressista, atacando o teto de gastos, a chamada “austeridade fiscal” (que serve apenas aos patrões) e advogando em prol de uma doutrina financeira mais à esquerda, baseada, sobretudo, na condição de vida da classe operária brasileira.
A burguesia, de maneira geral, demonstrou seu enorme descontentamento frente às falas de Lula, utilizando a imprensa burguesa para pressioná-lo e sua equipe a adotar uma posição de direita. Algo que se manteve constante ao longo das últimas semanas.
Simone Tebet, por exemplo, membro da equipe de transição de Lula, criticou o PT afirmando que é preciso discutir as reformas neoliberais do golpe, como a tributária e a administrativa, rumo à sua aprovação. A Globo, por meio de seus editoriais, chegou a dizer que Lula está testando a “paciência dos brasileiros que sabem fazer contas”. Chegou a tal ponto que Guido Mantega, um dos representantes da ala esquerda dentro da transição do governo Lula, teve de renunciar à sua posição devido à massiva campanha da imprensa burguesa.
Após os discursos de Lula na COP27, o dólar subiu e a bolsa de valores caiu. Lula havia feito duras críticas aos especuladores.
Ou seja, fica claro que os banqueiros não estão gostando do que Lula vem fazendo e falando, são indícios positivos que mostram que Lula está no caminho certo. Afinal, o presidente eleito indica que pode governar para os trabalhadores e, logo, rejeita parte dos interesses da burguesia, uma vez que suas necessidades se baseiam na exploração do povo em prol de sua própria riqueza.
De fato, Lula se coloca em contradição com setores da burguesia brasileira, e, principalmente, com o próprio imperialismo – suas declarações na COP 27 são prova disso. A tendência, portanto, é que a imprensa burguesa engrosse cada vez mais o seu tom em relação a ele, aumentando, assim, a sua pressão contra tudo e qualquer coisa que lembre minimamente algo de esquerda.
Fato é que o imperialismo está em crise, talvez a maior de toda a sua história. A eleição de Lula representou uma enorme reação ao golpe no País, uma derrota imposta pelo povo trabalhador à burguesia. Esta não pode, portanto, suportar muitas outras derrotas, já está extremamente enfraquecida e, consequentemente, precisa controlar o próximo governo Lula o máximo que conseguir. É daí que vem a necessidade de pressioná-lo constantemente.
Lula deve continuar no rumo que tomou até o momento, e radicalizar. Seu governo deve ser baseado principalmente na mobilização dos trabalhadores – foram eles que garantiram a sua eleição – e, dessa forma, precisa defender intransigentemente os direitos da classe operária brasileira. A burguesia sempre reclamará daquilo que lhe é danoso, algo que, a Lula, só deve servir como sinal de que está seguindo o caminho correto.