O residente do São Paulo Futebol Clube, Julio Casares, ´colocou em movimento a separação do futebol do clube social, para transformá-lo em um clube-empresa. O objetivo do Casares é transforma o São Paulo em uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF), como fizeram o Cruzeiro e o Botafogo, abrindo seu capital para investidores.
Tragédia anunciada, rumo à privatização
As eleições presidenciais do São Paulo ocorreram no dia 12 de dezembro de 2020, tendo a diretoria de Casares tomado posse no dia 1º de janeiro de 2021. Sua visão para clube, bem como para o futebol em geral, não era segredo, anunciada desde a campanha do pleito presidencial do clube:
“Não existe a possibilidade de um diretor executivo de futebol não vir do mercado. Ele tem que estar no mercado, tem que ser reconhecido pelo mercado com muita experiência. Mais do que isso, a gestão nas áreas fundamentais: futebol, finanças, administração e estádio serão todas do mercado. Nós não podemos imaginar outra coisa a não ser isso”.
Após 8 anos sem títulos, na gestão de Casares, com a chegada do técnico Hernán Crespo, o tricolor conquistou o Campeonato Paulista de Futebol de 2021. Entretanto, a gestão de Casares amagou na sequência uma série de derrotas no Campeonato Brasileiro de Futebol de 2021 e eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores.
A direção de Casares sempre foi orientada a privatização do clube, defendendo o clube-empresa, seu desejo desde o começo era entregar os clubes a iniciativa privada. Entretanto, essa posição encontrou oposição no clube, inclusive entre seus conselheiros. Um dos pontos impulsionou a derrota da proposta de Casares de reeleição.
Mesmo sem o apoio dos sócios e de parte dos conselheiros Casares nomeou um comitê para tratar da separação do clube social do futebol, visando dar o primeiro passo para a SAF. Os nomeados para o estudo são os conselheiros Adilson Alves Martins, José Alberto dos Santos e Vinícius Medeiros Leite, o advogado tributarista Juliano Di Pietro ficará como consultor.
Essa equipe deverá apresentar o projeto de separação para privatizar no prazo de um ano, ao Conselho de Administração. Aprovado na instância do Conselho de Administração, o projeto seguirá para o Conselho Consultivo e, por último, ao Conselho Deliberativo.
Ataque ao futebol brasileiro
Esse processo de transformação em SAF, o chamado clube-empresa é um ataque ao futebol parte expressiva da cultura brasileira. Os capitalistas querem fazer com esse importante nicho da cultura brasileira o que fizeram com outros, transformar em um negócio para lucro dos capitalistas.
Um dos pontos que revela a importância do futebol é sua capacidade de mobilização e envolvimento popular. É justamente por essa capacidade expressiva que mobilização que os capitalistas querem capitalizar monetariamente.
Os cubes são um patrimônio do povo brasileiro, construídos coletivamente através dos anos. Representam um imenso valor social, que pode ser transformado em financeiro. Os SAF são exatamente a entrega desse patrimônio popular para livre exploração dos capitalistas.
Isso foi o que aconteceu com o Botafogo o Cruzeiro, sendo uma realidade que por pressão dos capitalistas pode se estende para todos os clubes. O Cruzeiro, por exemplo esse patrimônio é de R$400 milhões. No São Paulo, estipulam de R$600 a R$800 milhões. Patrimônios da ordem de centenas de milhões que passaram a ser de capitalistas, ou sejam, não são mais dos seus sócios e torcedores, e sim dos acionistas que visam lucrar com eles.
Lutar pelos nossos Clubes
É preciso defender o patrimônio coletivo que são nossos clubes. Temos que lutar contra os clubes-empresas, defendendo os clubes da ânsia por lucro dos capitalistas. Não podemos deixar que ocorra mais esses espólio da população trabalhadora.
Os clubes foram feitos pelos torcedores e para os torcedores, quem deve administrar os clubes devem ser os próprios torcedores. Os maiores interessados são seus entusiastas, sendo então esses aficionados os melhores para o seu gerenciamento.