Quem se informa sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia através da imprensa burguesa é apresentado a uma espécie de realidade paralela em torno dos acontecimentos. Desde o começo da ação militar russa, os monopólios da comunicação insistem na tese de que as forças ucranianas ligadas ao governo impõem uma brava resistência aos russos. Uma sucessão de vitórias fictícias que fica mais difícil de sustentar à medida que as tropas russas vão libertando territórios dominados pelas milícias de extrema-direita.
Para além da propaganda de guerra do imperialismo, até analistas sérios foram surpreendidos com a metodologia russa no embate. Ao invés de fazer uso do seu poderio bélico e dominar rapidamente a Ucrânia, os russos têm avançado cautelosa, porém consistentemente em territórios chave do país. É difícil de comparar com qualquer ação militar organizada, impulsionada ou realizada pelo imperialismo, onde o número de baixas entre civis simplesmente não é levado em consideração.
Após cercar o restante das forças pró-Kiev em uma siderúrgica, forças russas passaram quase um mês esperando a rendição de militares ucranianos e milicianos nazistas, além da libertação dos reféns mantidos como “escudos humanos”. A estratégia já começa a dar resultados positivos, com 265 rendições entre domingo e segunda-feira.
No site da agência de notícias russa Sputnik News foi divulgada a informação de que, segundo o major-general Igor Konashenkov, 51 desses combatentes rendidos se encontravam gravemente feridos e foram encaminhados para um hospital na República Popular de Donetsk. Ao longo de cerca de 3 meses, as forças militares russas têm empreendido uma série de ataques cirúrgicos durante a ação militar, reduzindo a defesa do governo Zelensky com o menor custo humano possível. Exatamente ao contrário do que fazem os “nacionalistas” ucranianos.
Com o paciente avanço russo, o governo ucraniano já não tem mais saída para o mar de Azov, aquele que dá nome ao batalhão nazista. Se os russos conseguirem conquistar Odessa, fecham também o acesso ao Mar Negro. Enquanto sufocam o governo fantoche do imperialismo, os russos se empenham em normalizar a vida da população nas regiões libertadas. No caso de Mariupol, se comprometeram a reconstruir as moradias destruídas nas batalhas nessa cidade que se tornou um dos principais redutos dos nazistas no país.
Para desespero do imperialismo e desmoralização da sua propaganda de guerra, a ação militar russa vai ganhando apoio popular concreto dentro e fora da Rússia. O “Z” de “Za pobedu”, traduzido como “rumo à vitória”, se torna símbolo da crise da dominação imperialista, crise que ganha um capítulo muito importante com a ousada manobra defensiva dos russos na Ucrânia.