No começo do filme “Rosa Luxemburgo”, dirigido por Margarethe von Trotta e estreado em 1986, somos apresentados à festa de réveillon à fantasia de 1900 organizada pela Social Democracia alemã. A cena mostra uma belíssima cerimônia num suntuoso e vasto salão iluminado por um gigantesco lustre de cristal. Os integrantes do partido, na época revolucionário, estão vestidos em belos trajes e dançam ao som de uma calma valsa.
Enquanto a festa ocorre, a protagonista, fantasiada com um traje tradicional japonês, trava contato com muitas das figuras mais importantes da política alemã da época como August Bebel e Karl Kautsky. Rosa deixa seu companheiro amoroso, Jan Tiszka, o fundador da Partido Social Democrata Polaco, conversando com Kautsky ao avistar Clara Zetkin do outro lado do salão, parte com flores nas mãos e cumprimenta de maneira entusiástica a revolucionária alemã, que lhes apresenta seus dois filhos.
É nesta hora que Rosa recusa o convite para dançar feito por Eduard Bernstein, que está trajado como um mago com um chapéu pontudo um tanto longo. O revisionista do Marxismo argumenta com a revolucionária polaca de que estavam numa festa e não num congresso do partido, não haveria mal que dançassem juntos. Ela responde que é impossível polemizar intensamente num dia e divertir-se com ele no outro, e vai junto com Zetkin ao encontro de seu marido que continua a conversar com Kautsky. O casal parte para a dança enquanto conversam sobre o (des)conhecimento de Kautsky acerca da situação polonesa. Logo em seguida, Rosa dança brevemente com Bebel até que desce uma placa indicando o ano de 1900, os companheiros começam a bater palmas e Bebel parte para fazer um breve discurso:
Felizmente, com orgulho e confiança, o proletariado com consciência de classe se aproxima do século XX. Um século se foi, e espero que o novo seja um século de realizações. O progresso tem sido magnífico, e melhor ainda, continua!
O líder da socialdemocracia alemã estava correto em partes, mas não poderia prever o chauvinismo que tomaria conta da maioria do seu partido à época da Primeira Guerra Mundial e que este afogaria os revolucionários, aí inclusa Rosa, à época da Revolução Alemã de 1918. Os companheiros presentes na festa batem palmas entusiástica e a festa continua.
Para além das considerações do desenvolvimento da luta política posterior, façamos considerações um tanto breves sobre a questão da veracidade da cena. É fato que os partidos operários, quando tinham condições para tal, realizavam grandes festas em marcos importantes como uma maneira de estreitar as relações entre os companheiros de luta e de aproximar pessoas da política revolucionária. Não eram somente os sociaisdemocratas alemães que os faziam, como também os bolcheviques. Inspirando-se nestes grandes partidos da história da luta da classe operária, o PCO realiza uma grande festa de réveillon todos os anos, o Réveillon Vermelho.
Depois de dois anos sem ocorrer devido à pandemia, a grandiosa celebração retorna neste final de ano na cidade São Paulo. A grande festa acontecerá no final deste ano e contará com bebida e comida à vontade, shows musicais, um discurso do Companheiro Rui Costa Pimenta, queima de fogos e muito mais. Todos os companheiros estão convidados a vir celebrar conosco e quem sabe, talvez 2023 seja um grande ano para luta contra o Imperialismo! É o que a crise em que está mergulhada a ditadura mundial do grande capital nos faz crer.