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Universidade Marxista

Revolução de Avis: a precoce revolução burguesa em Portugal

Na quarta aula do mais novo curso da Universidade Marxista "Brasil, 500 anos de história", Rui Costa Pimenta conta um pouco da história das revoluções burguesas em Portugal

Partindo do gancho da última aula da Universidade Marxista, Rui Costa Pimenta, Presidente Nacional do Partido da Causa Operária, ministrou uma exposição pormenorizada acerca das revoluções de meados do século XXIII em Portugal. Brasil, 500 anos de história, já parte para as Grandes Navegações. Você não pode ficar por fora dessa!

Vejamos, então, um pouco do assunto estudado na quarta aula do curso.

Revolução de 1245

A revolução de 1245, mais uma do período, começa por uma má administração dos negócios do reino pelo Rei Sancho Segundo de Castela. Ele se preocupa muito com a questão militar e, consequentemente, descuida da situação interna do reino.

Isso provocou uma rebelião que começa com a própria nobreza portuguesa, mas que, depois, se espalha para toda a população. Nesse sentido, é um verdadeiro movimento popular de grande envergadura. No desfecho do episódio, o Bispo de Portugal escreve para o Papa denunciando o Rei e, em seguida, num ato quase que inédito, o papa destitui o monarca português.

É importante notar, explicou Rui, que a situação concreta naquele momento não era a de uma ordem feudal estável:

“Nos momentos de grande crise na Europa (Guerra dos 100 Anos, a Peste Negra, a Grande Fome etc.), revoltas camponesas surgiram. Em Portugal, essas revoltas têm um caráter muito mais político, que envolve todos os setores da população”, apontou Rui.

Isso se dá exatamente por conta da organização da sociedade portuguesa. Afinal, Portugal possuía uma monarquia centralizada, dependente das cidades portuárias, dos comerciantes dessas cidades e do agricultor pequeno, da população pequena em geral. Diferente do resto da Europa, que dependia dos senhores feudais.

Por esse motivo, estabeleceu-se, até os dias de hoje, uma discussão que indaga se Portugal conheceu, de fato, o feudalismo ou não. A isso, Pimenta explicou:

“Trotsky diz que os historiadores da vida russa discutem se houve ou não feudalismo na Rússia. A simples existência dessa discussão mostra que o feudalismo russo era uma coisa inacabada, imperfeita, precária, não era um fenômeno solidamente estabelecido […] Podemos usar o mesmo raciocínio para Portugal. Essa discussão é acadêmica, escolástica. Para nós, interessa destacar como fenômeno central o fato de que todas as características da vida portuguesa apontavam para o desenvolvimento capitalista em Portugal.

Outro lado desse aspecto, continua o companheiro Rui, reside na análise antes feita por Marx. Ele dizia que as cidades têm um poder de influência e domínio muito maior do que o campo. Ou seja, se as sociedades têm uma certa indústria, mesmo que a população dessas cidades seja minoritária, as cidades conseguem liderar o campo. No caso de Portugal, temos que considerar a mesma coisa, que as cidades portuárias dirigiam o país: “A mola-mestra da economia portuguesa era o comércio nacional e internacional”, colocou Rui.

Portanto, vemos que todos os indícios levam à conclusão de que, em Portugal, o setor dirigente da economia não era o setor da economia agrária, mas sim o setor capitalista voltado para o mercado internacional. Era esse o setor que dava o tom da política portuguesa.

1383, a Revolução de Avis

De maneira geral, conflitos entre a sociedade burguesa comercial e os nobres serão muito frequentes durante toda a história de Portugal. Eventualmente, os momentos de crise chegam à proporções que merecem destaque, que resultam em revoluções. Em 1383, o país sofre uma nova crise, que gera outra revolução, a Revolução de 1383.

Registro histórico

A esmagadora maioria dos acontecimentos históricos do século XIV carecem de registro. Todavia, como uma belíssima exceção, explicou Rui, a Revolução de 1383 contou com um repórter privilegiado que escreveu toda a história do acontecimento, detalhe por detalhe:

“Essa revolução, que era feudal, tem uma documentação e um nível de informação que seria próprio de acontecimentos mais modernos. Quem vai narrar essa história será o cronista português Fernão Lopes. Em sua obra, destaca-se que aquilo que aquilo que é descrito, o é feito com extremo realismo […] É um escritor que está, de fato, adiante da sua época”, colocou Pimenta.

Fernão inaugura um período importante da literatura portuguesa, um período muito rico que tem, precisamente, esse caráter mais realista, mais moderno. Aqui, vemos que as revoluções, detalhou o companheiro Rui, são a locomotiva da história não só no sentido político e econômico. Mas também, no sentido da cultura. Afinal, todos os movimentos vanguardistas tiveram, como causa, revoluções.

O enredo

De forma resumida, o que aconteceu foi o seguinte.

O Rei de Portugal morreu. Sua mulher, Dona Leonor Teles, era uma pessoa da alta nobreza portuguesa e galega. Após a morte de seu marido, Leonor torna-se regente, ou seja, a rainha viúva. Todavia, foi muito mal recebida pelo povo português desde seu casamento.

O conselheiro de Leonor era um homem também ligado aos altos escalões da nobreza portuguesa. Logo, essa nobreza começa a tomar as decisões do reino. o que, por sua vez, isola a burguesia portuguesa. Isso engendra, no interior da burguesia, um movimento conspirativo para derrubar o governo de Leonor. Os burgueses escolhem um membro da casa real, Dom João de Avis, para ser o líder dessa revolta, que deveria começar pela execução do conselheiro da rainha.

Após uma manobra da burguesia, ele é assassinado e, então, é formado um governo no qual é o conselho quem passa a governar o país. Dom João não é eleito o rei de imediato, mas ele é escolhido como defensor de Portugal, uma espécie de dirigente desse conselho.

Para controlar a situação, a nobreza queria entregar Portugal à Espanha, o que iniciou uma guerra entre os países. Portugal ganha e, em seguida, Dom João se torna Dom João I, Rei de Portugal.

 Deve ficar claro que, no caso de Portugal, temos uma revolução burguesa muito antes de qualquer outra no mundo inteiro. A primeira grande revolução burguesa se daria somente alguns séculos depois:

“Portugal é um país precoce. Foi um dos primeiros estados centralizados da europa, constituiu um verdadeiro estado nacional, a revolução burguesa em portugal é de 1383, ou seja, muito antes de seu tempo […] Portugal vem antes da tempestade. Eles criam as condições para que o capitalismo na Europa surja, ou seja, é um capitalismo, de certa forma, antes do capitalismo. Coisa que marca a história portuguesa e também brasileira”, explicou Rui.

Os descobrimentos

Adam Smith disse que as descobertas dos países ibéricos (de Portugal, principalmente), foram o maior acontecimento na história humana depois do nascimento de jesus cristo. Ou seja, para alguém consideravelmente letrado na análise do próprio capitalismo, temos aqui um fato surpreendente.

Entretanto, isso não foi coincidência. Além de sua precocidade quanto nação, como vimos acima, Portugal também contou com pessoas extremamente capazes na tarefa do descobrimento:

“Pessoas profundamente motivadas, compenetradas da sua tarefa política e econômica, pessoas com um espírito de verdadeiros cruzados […] Para você ir atrás do caminho das índias, tinha que ter muita coragem e determinação. Precisava de um temperamento muito grande. É interessante que não falam isso da história do Brasil, dizem como se fossem pessoas aleatórias, sem calibre. Mas isso não é verdade, quem descobriu o Brasil eram pessoas de grande envergadura”, explicou Pimenta.

Inscreva-se já!

Propositalmente, deixamos a introdução da odisseia que foram as descobertas portuguesas àqueles que se garantiram e se inscreveram no curso. Ou seja, não perca mais nenhuma aula e acesse agora mesmo o site da universidade marxista por meio deste link. Lembrando que todas as aulas ficarão gravadas

Além disso, a primeira aula do curso está disponível gratuitamente pelo canal no YouTube Causa Operária TV (COTV). Confira, abaixo, o vídeo na íntegra e descubra o que lhe aguarda:

AULA ABERTA: Introdução - Aula 1 (Mód.1) | Brasil, 500 anos de história - uma interpretação marxista

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