Em artigo do dia 10 de novembro, em seu sítio da internet, intitulado “Crise ecológica pede ruptura com o capitalismo”, o PSTU está preocupado com o desmatamento na Amazônia.
Não vamos aqui entrar em considerações detalhadas sobre o que o PSTU fala sobre o meio ambiente. Vamos nos ater nas colocações políticas do artigo. As críticas ao governo Bolsonaro e à política que privilegia os latifundiários não estão erradas, em geral. Mas é justamente quando o PSTU estende sua crítica ao governo Lula que a concepção reacionária do partido fica exposta:
“É preciso muito cautela com falsas expectativas em relação ao novo governo de Lula. Afinal, como esquecer Belo Monte, um projeto criado pela ditadura militar, barrado por mobilizações indígenas nos anos 1980, e ressuscitado, com entusiasmo, por Lula e Dilma? A construção da hidroelétrica foi um dos maiores crimes socioambientais da história e resultou na expulsão de milhares de ribeirinhos, camponeses, quilombolas e indígenas de seus territórios.”
Vemos que o PSTU não abandona sua posição golpista em relação ao governo do PT. Nem bem Lula ganhou a eleição e o PSTU já começa a adotar a mesma posição golpista quando Dilma foi derrubada pela direita.
Interessante que após dizer que a ditadura militar e Bolsonaro cometeram inúmeros crimes contra a Amazônia e os indígenas “a Amazônia foi entregue a essa gente pela ditadura, e tudo isso ainda resultou, ao longo dos anos 1970-80, no massacre de 38 etnias indígenas, que viviam em paz, isolados na floresta”, é Lula e Dilma com Belo Monte que teriam cometido um dos “maiores crimes ambientais da história”.
Conclui-se que, para o PSTU não há lá grande diferença entre a ditadura militar, Bolsonaro e os governos do PT, pelo menos no que diz respeito ao meio ambiente.
O PSTU faz coro, como fez no passado, com o imperialismo e setores da direita golpista que na época fizeram uma propaganda demagógica e golpista contra o governo do PT por conta de Belo Monte. Quem não se lembra dos atores da Globo aparecendo em vídeos?
Não existe preocupação com o meio ambiente nem com os povos indígenas. O que existe é a política imperialista de conter qualquer desenvolvimento tecnológico e econômico do Brasil. O PSTU, como fez durante todo o processo golpista, se alia à direita golpista.
É interessante perguntar ao PSTU, um partido que se diz seguidor de Leon Trótski que propôs a construção de hidrelétricas na URSS, como eles querem fazer o Brasil se desenvolver sem energia elétrica. Ou o que fazer no lugar da hidrelétrica de Belo Monte.
É uma política reacionária que pretende deixar o País no atraso, em particular as regiões mais pobres. Um partido revolucionário deve ser favorável às iniciativas com a da hidrelétrica, sempre com uma política correta em relação ao meio ambiente e aos povos indígenas.
Não é só isso. O PSTU de antemão acha que o governo do PT não vai resolver nenhum problema com o desmatamento: “dificilmente isso [o enfrentamento ao desmatamento] irá ocorrer, porque significaria um enfrentamento com o agronegócio, com as mineradoras e transnacionais que saqueiam os recursos naturais do país.”
Nem conseguimos entender porque o PSTU votou em Lula no segundo turno, afinal o governo será tão ruim quando o de Bolsonaro.
Com essa política, a esquerda pequeno-burguesa, que esteve ao lado da direita golpista em 2016, será novamente um instrumento da burguesia caso se abra um novo processo golpista contra o novo governo.