Voltam a estampar as manchetes da imprensa golpista as conversas entre PT e PSB em torno da federação partidária. As informações veiculadas dão conta de que até o final de fevereiro os partidos seguirão com as negociações para decidir se formam ou não a tal federação. Os mesmos veículos apontam que o PT já teria aceitado quase todas as absurdas exigências do PSB, abrindo mão das candidaturas estaduais no Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul em troca do apoio à candidatura à presidência de Lula. O impasse estaria apenas em São Paulo, estado mais rico do país, onde o PT pretende lançar Fernando Haddad, e o PSB, Márcio França.
O PT apresenta, nestes termos, um ótimo exemplo de como não se deve negociar. Como já expusemos anteriormente neste Diário, o PSB quer tudo do PT e não oferece absolutamente nada em troca. De um lado, desistir de 4 ou 5 candidaturas estaduais depois de sofrer um golpe de Estado em 2016 e uma fraude eleitoral em 2018 é uma concessão muito importante para os petistas. Em troca disso, é oferecido um apoio meramente formal a uma candidatura Lula que finalmente só será possível com o povo nas ruas, terreno onde o PSB é completamente inútil e até contraprodutivo. É o tipo de proposta que comumente põe fim a qualquer tentativa de negociação porque ofende uma das partes envolvidas.
É aliás um hábito que o PT tem demonstrado enorme dificuldade de abandonar, o de se dobrar para supostos aliados da burguesia para ser passado para trás logo em seguida. A direita pressiona o PT acusando-o de “hegemonismo”, chantageando-o. Mas o poderio partidário do PT é enorme e a popularidade de Lula, mais ainda. Todo o “apoio” de setores oportunistas não é capaz de chegar nem perto do próprio potencial do PT.
O PSB finge-se de esquerda, finge-se de amigo. Mas na realidade é um “amigo da onça”. Na últimas eleições municipais, a campanha do PSB na capital pernambucana contra o PT teve tom fascista nos ataques encabeçados por João Campos contra a petista Marília Arraes.
Através de uma articulação com os golpistas do PSB, que tem um potencial enorme de desmoralização sobre sua militância, a direção do PT cometeria um enorme erro que poderia ajudar a comprometer a candidatura de Lula. Em 1989, o vice de Lula era do PSB (José Paulo Bisol), um burguês que serviu de freio para a mobilização popular, imposto pelo imperialismo para sabotar por dentro a candidatura de Lula e possibilitar a derrota da Frente Brasil Popular.
O fato é que o PSB está atraindo o PT para uma armadilha política. Com isso, não cumpre nada mais do que seu papel de representante dos interesses da burguesia, que tem no PT um obstáculo importante para a implementação do pacote neoliberal mais agressivo o possível. As bases do PT são o que o partido tem de mais importante e justamente o que mais preocupa a burguesia.