A última notícia relacionada ao Ministério da Educação, que tem circulado massivamente nos órgãos da imprensa golpista é o “escândalo” de corrupção.
Em áudio vazado pela Folha de São Paulo no último dia 21, o Ministro da Educação diz que dará prioridade de atendimento, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, aos amigos de um pastor chamado Gilmar e ainda acrescenta que isso não é segredo para ninguém, que o apoio solicitado é para construção de igrejas.
O áudio está causando alvoroço nos jornais burgueses, que adoram o tema da corrupção para desviar a atenção popular dos assuntos mais importantes. Geralmente quando a denúncia de corrupção ganha muita notoriedade da imprensa monopolista, existe algum interesse político escuso como intenção desse escarcéu. Foi assim com o caso da Lava-Jato, que hoje, depois do enorme estrago e de quase dez anos passados, é desmascarada como jogada política para impedir a eleição do Lula.
Atualmente, os golpista ainda preferem Bolsonaro do que Lula, porém, enquanto puderem manipular a opinião pública, tentarão difamar a imagem do Presidente indigesto para empurrar algum candidato da terceira via.
Além desse esforço hercúleo de tentar emplacar um candidato fora da atual polarização, os fascistas disfarçados que deram o golpe de 2016, também vão aproveitar qualquer pretexto para aumentar a censura e o controle moral das instituições jurídicas. O mote é a desculpa esfarrapada de que o Brasil está entregue à corrupção e a problemas como homofobia, machismo, racismo estrutural e outras pautas esvaziadas de sentido prático e infiltradas pelo imperialismo através do identitarismo. Essas desculpas esfarrapadas servem para aumentar o autoritarismo do Estado, que é dominado pela burguesia.
Seguindo esse sentimento inflamado pela direita, a esquerda vem assinando embaixo de toda medida autoritária de cerceamento dos direitos democraticamente conquistados ao longo da história do nosso país. E o tema do combate à corrupção não deveria ser levantado como bandeira da esquerda, pois já vimos que a qualquer momento ela pode ser usada arbitrariamente contra a esquerda e o povo. É preciso lembrar que a Justiça brasileira está nas mãos da classe dominante e portanto não podemos confiar e muito menos assinar carta branca aos juízes nem ao braço armado da burguesia.
Não defendemos o direito à corrupção, mas denunciamos que a classe dominante não está preocupada com os danos que a corrupção pode causar à Educação. A preocupação é, na verdade, em preparar o terreno para manobras políticas até a eleição.
Caso fosse uma preocupação genuína com a situação da Educação do país, a mídia deveria ter se manifestado há anos, começando pelo teto de gastos. Desde o golpe de 2016, o governo federal reduziu mais de 10,5 bilhões de reais em recursos que seriam destinados ao MEC, a Educação brasileira vem sofrendo enormes ataques e o silêncio, diante dessa queda, foi o que se ouviu por parte da imprensa pró-imperialista até agora. Podemos achar no mínimo estranho a indignação seletiva do jornalismo dominante no Brasil.