Na noite deste sábado (19) foi lançada a mais nova publicação do Partido da Causa Operária, o Dossiê Causa Operária. Com 32 páginas, a publicação se propõe a ter textos longos e aprofundados, além de possuir uma frequência quinzenal.
Durante as falas de abertura, o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, falou sobre a importância de uma imprensa operária, assim como contou um pouco da história da imprensa do PCO ao longo das últimas décadas, sendo uma de suas publicações, o jornal Causa Operária, a mai santiga da esquerda brasileira ainda em circulação. No final deste artigo é possível encontrar a palestra inteira do companheiro Rui.
O Dossiê tem a pretensão de abordar uma série de assuntos, como cultura, política nacional e internacional. Sua primeira edição, por exemplo, focou em fatos recentes como as eleições brasileiras, a Copa do Mundo de futebol, as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, além de matérias dedicadas à história do Brasil e á cultura de nosso País.

Lula ou Bolsonaro? A classe operária em disputa — por Rafael Dantas
A matéria de destaque da primeira edição trata sobre a eleição brasileira, ocorrida no mês de outubro deste ano. Com uma análise de quatro páginas, cada uma delas é dedicada a um assunto diferente, analisando as eleições em cada estado e região do País do ponto de vista presidencial, assim como as eleições da maioria dos governadores e uma análise geral dos parlamentares — deputados federais e estaduais — eleitos.
A matéria, escrita por Rafael Dantas, um dos dirigentes do Partido da Causa Operária e redator do Dossiê, também se propõe a fazer uma análise não só dos números apresentados pela imprensa, mas também do que significa a vitória de Lula, o caráter de quem apoiou Bolsonaro e o fenômeno da liquidação do centro político. Confira abaixo um trecho do texto:
“Lula, sem dúvida, do ponto de vista da popularidade real era o favorito da eleição. Esta ideia fica provada pela enorme operação para prendê-lo e impedi-lo de participar da eleição para permitir a vitória de Bolsonaro em 2018. No entanto, Bolsonaro compareceu á eleição com uma enorme vantagem fornecida pelo seu controle do Executivo e do Legislativo.”
Qual a verdadeira relação entre o fascismo e o povo — por Mauro Souza
Ocupando duas páginas do Dossiê, a matéria “Qual a verdadeira relação entre o fascismo e o povo”, a matéria escrita por Mauro Souza polemiza com uma palestra do professor Alysson Mascaro, no qual ele responsabiliza a população alemã pela ascensão do fascismo em seu país.
“O fascismo, que é um fenômeno que se apoia nas classes médias, tratou de desarticular toda a estrutura partidária e sindical dos trabalhadores de tal maneira que não pudesse se reerguer, ou seja, tratou de destruir a democracia operária, o que é o mesmo que dizer que esfacelou a organização histórica das massas trabalhadoras. Logo de início, 60 mil sindicalistas foram presos e mortos na Alemanha. Há quem afirme que foi esse o início do Holocausto — os militantes comunistas e socialistas encheram os campos de concentração.”
Na matéria, o autor faz toda a recapitulação da história do fascismo na Alemanha, utilizando-se também de textos marxistas sobre o fascismo para desmentir as alegações de Mascaro. Além disso, faz uma análise sobre o fascismo no Brasil, realizando um paralelo entre os dois países.
Historiadores contra o Brasil — por Henrique Simonard
No ano de 2022 completam-se 200 anos da independência do Brasil, assim como 100 anos da Semana de Arte Moderna e 100 anos da criação do Partido Comunista do Brasil — tudo isso abre margem para que os historiadores de araque de plantão ataquem nosso País, inventando mentiras sobre os acontecimentos, os líderes e os fatores envolvidos nos marcos da história do Brasil.
“A última moda da ‘intelectualidade local’ é jogar lama no país e nos brasileiros, ainda mais se os brasileiros em questão tiverem vivido 300 anos atrás, aliás, nesse quesito, quanto mais tempo melhor. Para receber os holofotes da imprensa burguesa ou ter um livro publicado por uma grande editora, basta afirmar que tudo neste país foi uma farsa e elaborar uma tese desmoralizadora sobre a história nacional. Os portugueses que vieram para cá seriam invasores, ladrões, genocidas, enfim, gente da pior espécie. Os heróis do Brasil? Mero rol de fanfarrões, assassinos e estupradores. Só assim para conseguir algum lugar ao sol e os aplausos da classe dominante atual que, curiosamente, é a pior coisa que o Brasil teve nesses 522 anos de história, pois se a história pregressa foi um período de construção e desenvolvimento do País, com todas as suas contradições, o período atual se caracteriza pelo retrocesso histórico sob uma classe dominante degenerada, decadente ao extremo e parasitária.”, afirma o texto de quatro páginas escrito por Henrique Simonard.
O texto aborda diversas polêmicas com o Brasil e esses historiadores, desmentindo diversos mitos sobre nossa história e explicando a necessidade de defendermos o Brasil e sua história, em vez de denegri-la perante ao mundo.
Com revés, ofensiva russa segue empurrando o imperialismo para um beco sem saída
Outra matéria de destaque do Dossiê Causa Operária é a que faz uma análise sobre a atual situação da guerra na Ucrânia. O imperialismo está encurralado pelos avanços russos e a atual situação já deixa bem claro que essa não é uma ofensiva ucraniana, mas sim dos países imperialistas.
“Com as operações militares em desenvolvimento no Leste europeu aproximando-se de completarem um ano, um fato ocorrido no último dia 11 de novembro animou a propaganda imperialista: a cidade de Kherson, na região Sul da Ucrânia e próximo a Criméia, foi evacuada pelos russos, levando as forças ucranianas a retomarem o controle da cidade, perdido para a ofensiva russa desde março. Segundo o governo russo, a evacuação ocorreu para evitar a destruição da cidade e uma mortandade incalculável de civis, ameaçados pelos bombardeios perpetrados pelas forças pró-imperialistas comandadas por Kiev contra a hidrelétrica que abastece a região.”
A matéria ainda conta com o complemento de um artigo menor sobre a Alemanha e a situação de crise na Europa devido à guerra.
Pressionado, imperialismo mobiliza sua artilharia golpista para destruir o Irã — por Thiago Assad
Outra matéria de grande importância no Dossiê fala sobre as polêmicas no Irã, com os crescentes ataques ao país por parte do imperialismo, que, por sua vez, tem influenciado protesto de mulheres na região, utilizando-se do identitarismo, para justificar uma tentativa de desestabilização do governo.
“Desde o dia 16 de setembro, com a morte da jornalista Mahsa Amini, de 22 anos, o Irã vem sendo sacudido por manifestações que tiram o sono dos aiatolás. Pelo menos, na versão difundida pela propaganda da burguesia imperialista.”
A matéria discorre sobre diversos ataques da imprensa imperialista ao país, citando diversos argumentos da burguesia, sobretudo de ONGs que fazem o trabalho de verdadeiros capachos do imperialismo, desmentindo toda a manipulação desses setores.
Xi é reeleito secretário-geral e consolida-se no poder
Outro artigo que não poderia faltar é sobre a reeleição de Xi Jinping no 20° Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês. A matéria aborda diversas polêmicas e mentiras da imprensa burguesa sobre o caráter do regime chinês e suas eleições. Além disso, a matéria também aborda o questionamento de muitas pessoas, respondendo se a China é ou não um país comunista.
O artigo ainda conta com duas matérias complementares menores, abordando os temas “Será Taiuan a próxima Ucrânia?” e “EUA querem estrangular a indústria de ponta chinesa”.
Brasil: a casa verde de Simão Bacamarte — por Vinícius Rodrigues
A matéria de duas páginas escrita por Vinícius Rodrigues faz um paralelo entre a esquerda brasileira e Simão Bacamarte, personagem do escritor brasileiro Machado de Assis que acredita que todos da sua cidade são loucos e, pouco a pouco, vai internando cada um deles na Casa Verde, manicômio do qual virou diretor.
A esquerda brasileira, nesse sentido, afirma que todos os bolsonaristas são loucos, fascistas sedentos por sangue, fazendo o papel de Simão Bacamarte, porém em uma escala bem maior.
“É preciso abandonar completamente essa política reacionária de chamar uma enorme parcela da população de loucos (ou de “gado”) e de se apoiar sobre os órgãos de repressão do Estado. Tachar acontecimentos políticos de “loucura” nunca deu bons resultados.”
A matéria ainda analisa alguns aspectos do bolsonarismo, respondendo o questionamento de se o bolsonarismo seria fascista e questionando os métodos de luta afastados do povo provenientes da esquerda.
Muita burocracia e pouca alegria na “festa da democracia” — por Elisa Fagundes
Em mais um artigo sobre o caráter das eleições brasileiras, Elisa Fagundes faz uma análise da burocracia no processo eleitoral brasileiro, desmentindo o mito de que o país seria um exemplo de democracia, sobretudo no processo em questão — tudo isso com um enfoque nos diversos obstáculos colocados pelo Estado para que os candidatos concorram à eleição.
“Para a maior parte da população, o processo eleitoral se resume a assistir (ou não) à propaganda gratuita e aos debates ou entrevistas com candidatos no rádio ou na TV e, depois, comparecer ao local da votação para depositar seu voto virtual na urna eletrônica. A imprensa, que atua como um bloco político dissimulado, toma para si um papel relevante nesse processo, produzindo e distribuindo informação, inclusive as esperadas pesquisas de intenção de voto.”
Uma ‘floresta burocrática’ entre os candidatos e as eleições
Da mesma forma que o artigo de Elisa Fagundes, “Uma ‘floresta burocrática’ entre os candidatos e as eleições” fala sobre os diversos impeditivos, sobretudo para partidos pequenos e pessoas comuns, de se candidatarem aos diversos cargos da política brasileira.
Para isso, o Dossiê Causa Operária entrevistou a companheira Anaí Caproni, membro da direção nacional do Partido da Causa Operária e integrante do departamento jurídico do partido. Na entrevista, Anaí discorre sobre os diversos problemas relacionados à burocracia do processo eleitoral, relatando os problemas enfrentados pelo PCO na floresta burocrática das eleições brasileiras.
“O resultado dessa floresta burocrática é justamente favorecer os elementos da burguesia e de classe média que possuem maiores condições culturais e econômicas. A burocracia é um instrumento censitário na eleição, dificulta a ação política daqueles mais pobres.”
Favorito como sempre, Brasil chega forte para o Hexa
Obviamente, não poderia faltar um artigo sobre a Copa do Mundo, esse importante evento que ocorre a cada quatro anos marca a vida de toda classe trabalhadora mundial, sendo o esporte mais popular do planeta.
Nesse sentido, a matéria reforça a importância de defender o futebol brasileiro, exaltando a Seleção do nosso País e reforçando a importância de defendê-la durante esse período turbulento da política nacional e internacional.
“Desde que Tite assumiu, em meados de 2016, o selecionado nacional só fez melhorar. O atual técnico passou a comandar a equipe em meio a um turbilhão, quando o time não ia bem com Dunga. Estava ameaçado, inclusive, de não se classificar para a Copa de 2018. Tite resolveu a situação. Classificou o Brasil e montou um grupo forte. São 76 jogos, 57 vitórias, 14 empates e apenas cinco derrotas, em aproveitamento de 81% dos pontos disputados. Ainda: 166 gols marcados (2,18 por jogo) e 27 gols sofridos (0,35 por jogo).”
A matéria de duas páginas ainda explica a relação entre o futebol e o imperialismo e faz uma análise aprofundada sobre a importância do futebol na sociedade, discorrendo ainda sobre a crise no futebol europeu.
Republicanos assumem controle da Casa dos Representantes sob o comando de Donald Trump
Um acontecimento recente na política internacional foi a mais importante eleição do ano de 2022, as midterms ou eleições de meio de mandato nos Estados Unidos. Esse acontecimento serviu como um termômetro de avaliação da situação política no país, demonstrando a alta impopularidade de Joe Biden, atual presidente, assim como o retorno de Trump a ativa no cenário político, o qual já lançou sua pré-candidatura para as eleições de 2024.
“Biden goza de um dos piores índices de aprovação presidencial, tecnicamente empatado com seu antecessor, Donald Trump, o que levou a imprensa internacional a falar numa “onda vermelha”, isto é, uma vitória avassaladora do Partido Republicano.”
Um escritor proletário, revolucionário e socialista — por Henrique Áreas de Araújo
Ocupando duas páginas, a matéria escrita por Henrique Áreas de Araújo faz uma análise sobre a vida e a obra de Lima Barreto, grande escritor brasileiro responsável por textos como “Triste Fim de Policarpo Quaresma” e “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, sendo seu centenário de morte comemorado neste ano.
“Se hoje a maioria da crítica o coloca entre os maiores romancistas da literatura brasileira, foi graças às descobertas posteriores à sua morte, feitas em primeiro lugar por Francisco de Assis Barbosa. Essa marginalização do escritor deu-se, como dissemos, não apenas pela sua condição social de mulato vindo de camadas mais baixas da sociedade, mas pela própria posição crítica do escritor em relação à sociedade, principalmente em relação aos intelectuais da época.”
O texto ainda conta com uma breve seção sobre um de seus livros mais famosos, o já citado “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, publicado em 1916.
O golpe de Estado e os interesses imperialistas no Paquistão
Não poderia faltar uma matéria sobre a atual situação no Paquistão. Os intensos ataques imperialistas ao país afundam sua população em miséria, mas seu principal líder popular, Imran Khan, continua com popularidade crescente, fazendo gigantescos comícios pelo país apesar dos ataques imperialistas.
“Essa política nacionalista de Imran Khan já está valendo contra a ele o título de ditador. Dizem também que pretende se tornar um Vladimir Putin ou um Xi Jinping. A mesma manobra que usam contra quaisquer governos que de alguma maneira contrariam os interesses imperialistas.”
Celebração às avessas: nem a língua portuguesa escapa da esculhambação — por Dominique Roxo
Por fim, mas nem por isso menos importante, o camarada Dominique Roxo discorre, na última matéria do Dossiê Causa Operária, sobre a tentativa de virar a língua portuguesa do avesso ao afirmar que nossa língua seria colonizada desde o princípio, realizando colocações anacrônicas e identitárias, criticando a ligação do português brasileiro e do português de Portugal, como se fosse necessária uma segunda independência — uma independência linguística.
“Enquanto acusa de conservador e retrógrado o ensino da gramática do português, a intelectualidade universitária aplaude todos os anglicismos da moda e vê com bons olhos a obrigatoriedade do conhecimento do inglês para um número cada vez maior de pessoas no Brasil. Os defensores da língua brasileira, “descolonizada”, nada têm contra a influência da língua do Tio Sam.”
Ficou interessado no Dossiê Causa Operária? Para adquiri-lo, basta entrar em contato com a Secretaria de Organização do PCO no número +55 (11) 99741-0436.
Assista abaixo ao evento de abertura do lançamento do Dossiê Causa Operária: