No Rio de Janeiro, quinta-feira (15), pelo menos duas pessoas morreram atingidas por tiros após operações da polícia militar. Segundo a PMERJ, ambos eram suspeitos em uma das 12 operações realizadas em comunidades do Rio de Janeiro naquele dia; um dos policiais envolvidos gravou um vídeo que demonstrava uma situação de “guerra” como foi dito pela reportagem da imprensa burguesa da Globo e R7, e repercutida como “terror causado pela violência dos criminosos”. As áreas de atuação policial foram as favelas da Vila Aliança, 48, Rebu, Coreia, Senador Camará, Sapo, Batan e Fumacê.
No vídeo aparece um tiroteio, helicópteros em movimentos furtivos, policiais não estavam atirando. Um policial que produziu o vídeo ironizou dizendo: “molezinha”.
Secretarias municipais divulgaram 33 escolas da Zona Oeste que tiveram seu funcionamento impedido pela ação da PM, além de 6 postos de saúde e 3 clínicas da família. Toda a atividade comercial fundamental para o dia-a-dia dos trabalhadores que moram nas comunidades e no entorno, além do seu direito de ir e vir, foram interrompidos pela polícia.
Modelo adotado pela PM
A Prefeitura de Duque de Caxias informou que um homem chegou morto ao Hospital Municipal Dr Moacyr Rodrigues do Carmo. O outro foi atendido pela equipe médica, mas não resistiu. Os dois mortos ainda não foram identificados pela polícia. De acordo com o Data Rio, Instituto Passos Pereira, mais de 40% da população do RJ mora na região alvo dos policiais.
Segundo a PM, os homens foram baleados durante confronto com os policiais, porém isso não aparece na filmagem. Os dois homens baleados foram transportados pelos policiais ao hospital, ao invés de por ambulâncias. Aparece também, em outro vídeo, um policial ironizando os dois baleados. Durante a operação, três homens e um jovem menor de idade foram presos. Os policiais apreenderam três pistolas, um revólver calibre .38, um rádio comunicador, um carro e drogas. Aterrorizaram em torno de 40% da população do Rio e usaram como motivo algo que não corresponde à realidade.
A Guerra ao tráfico que não é mostrada, pois não existe
As operações consistem puramente em repressão sobre a população pobre, as drogas não são produzidas na favela, e a venda serve aos lucros da burguesia. Não há qualquer interesse real em “combater o tráfico”. As drogas são transportadas em caminhões da burguesia, assim como helicópteros e aviões.
A única preocupação da PM é reprimir “o traficante”, que na prática são as favelas, as regiões pobres onde reside a população mais massacrada, os bairros operários. Todos são classificados pelas polícias como suspeitos e passíveis de assassinato legalizado em uma guerra do Estado “contra as drogas”, que, na verdade é contra todos os trabalhadores que moram nestas comunidades. O pretexto é a guerra ao tráfico, porém, a burguesia é a verdadeira controladora desse tráfico e, contra ela, as polícias não levantam nem um dedo. A PM ainda tem envolvimento com o crime organizado pelos milicianos exatamente nesta região, a Zona Oeste, e explora os trabalhadores. A instituição é uma máquina de massacrar a população pobre e trabalhadora, utilizando as desculpas que for.
É preciso lutar pelo fim da polícia militar e pela criação de comitês de autodefesa armados locais, controlados pela classe trabalhadora, como a única maneira de diminuição da violência contra a população, de realmente haver uma segurança real do povo.