Nessa terça-feira, dia 6 de novembro, a vice-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, foi condenada por corrupção em primeira instância. No prosseguimento do golpe continental que ainda corre na América Latina, contra as lideranças populares nacionalistas, Kirchner, que é favorita na eleição presidencial Argentina, ano que vem, sofre ataque judicial na iminência do ano do pleito.
A condenação é a seis anos de prisão e, caso se dê em última instância, cassa o direito de concorrer ou ocupar qualquer cargo público. Por ter foro privilegiado, sendo a vice-presidente, que na Argentina também é a função de presidência do Senado, ela não pode ser presa de imediato. O que temos é o mesmo processo que impediu Lula de concorrer na eleição de 2018 no Brasil, e que pressionou Kirchner a concorrer a vice-presidente na última eleição Argentina, para a qual era a favorita, mas lançou Alberto Fernandez como cabeça de chapa. Fernandez e Kirchner tem forte crise estabelecida, o atual presidente deu continuidade à política neoliberal de Macri, contra a orientação de Cristina.
Ainda na terça-feira, Kirchner se pronunciou dizendo: “Não serei candidata a nada. Nem a presidente, nem a senadora. Não estarei em nenhuma chapa. Voltarei para a minha casa.”
Apesar de no calor dos acontecimentos, a declaração é um erro, e em parte se contradiz com outros posicionamentos a respeito do julgamento já proferidos pela líder popular argentina. Kirchner chegou a dizer corretamente que a sentença já estava escrita desde o início do processo, caracterizando-o como uma perseguição política, e parte dos processos jurídicos que buscam impedir a aplicação de políticas nacionalistas, soberanas, na América Latina. Em suas palavras, sobre o processo, disse: “Estou diante de um pelotão de fuzilamento midiático-judicial.” e “Isto é um Estado paralelo e uma máfia judicial.”
Justamente é essa a realidade. Como visto no Brasil com a prisão de Lula por mais de 500 dias, a única forma é enfrentar a farsa judicial até o último momento, deixar clara a perseguição política e mobilizar suas bases, que são muito grandes, a se radicalizarem contra o processo. Se trata de um golpe de Estado contra a esquerda na Argentina.
A perseguição contra Cristina Kirchner ainda evidencia o erro da esquerda pequeno-burguesa no Brasil, com a política de apoiar a ditadura do judiciário supostamente contra a extrema-direita. A situação no continente ainda é de golpes, e a tendência é total para que os juízes, verdadeiros inimigos do povo, se voltem contra a esquerda aqui em peso numa manobra golpista novamente. Com o apoio da esquerda, o judiciário ganha uma legitimidade, ainda que fictícia, para perseguir a própria esquerda.
Os trabalhadores argentinos devem fazer como já fizeram antes, sair às ruas em peso. Em último caso, se chegar a isso, cercar Cristina Kirchner e não deixar prender. Os trabalhadores devem, pela força de sua organização, impor sua política à burguesia, e barrar o golpe com todos os meios que se façam necessários.