Um dos paradoxos do liberalismo/neoliberalismo (como prefiram chamar) é que, a pretexto de libertar a iniciativa particular, estimula a aplicação improdutiva e parasitária do capital (no caso de hoje principalmente em fundos especulativos e pirâmides como criptomoedas), o que aumenta o desemprego e condena grande parte da população ao desemprego e a subsistir de auxílios governamentais.
Ou seja, sob um regime declaradamente anti-estatizante, muitas pessoas perdem os meios de viver do seu próprio emprego e do suor do seu rosto e passam a depender diretamente da caridade estatal. As propostas de renda básica permanente, que constituem o cerne do Grande Reset, a nova diretriz da tecnocracia capitalista pós-liberal, pretende normalizar essa situação criada pelo neoliberalismo.
Para facilitar essa normalização, essa tecnocracia procura aniquilar inclusive o individualismo moral característico do neoliberalismo, substituindo-o não pelo solidarismo social das antigas social-democracias (que Deus as tenha), mas pela massificação digitalizada das “Big Tech”, em que os indivíduos são reduzidis a avatares imersos em plataformas controladas pelo Estado profundo principalmente dos EUA (Google, Facebook, Instagram, Youtube etc.), mas, em menor escala, também da China (TikTok).
Ou seja, a “liberdade individual”, cara aos liberais e libertários, era mais vigorosa sob os regimes sociais pré-neoliberais. A privatização de tudo aniquilou-a e submeteu os indivíduos a uma servidão estatal, direta e indireta, inconcebível para os antigos “estatistas”.
A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste Diário.