Nessa terça-feira, dia 13, Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, fez o programa Análise Política da 3ª na Rádio Causa Operária. Rui discutiu diversos temas, como as pesquisas eleitorais, a posição da imprensa burguesa, a campanha eleitoral, entre outros.
Pesquisas eleitorais:
O companheiro Rui destacou a importância de se ter um pé atrás com as pesquisas e, consequentemente, com os próprios institutos de pesquisa. É importante ter em mente que as pesquisas eleitorais funcionam como manipuladores do eleitorado, que tende a votar em determinado candidato conforme sua performance nas pesquisas. Como isso é manipulável, Rui destacou que o IPEC (antigo IBOPE) foi peça importante no golpe de Estado contra Dilma Rousseff em 2016. Nesse sentido, a animação que a esquerda tem demonstrado com os recentes números apresentados pelo instituto deve ser controlada. É preciso especular o porquê deles apresentarem tal cenário.
O companheiro Rui também elucidou que há dois aspectos envolvendo eleições: uma é mostrada ao público, através de pesquisas de intenção de voto e campanhas políticas; a outra é feita nos bastidores, que conta com atuação dos poderosos da burguesia para terem seus interesses atendidos. Por isso a esquerda deve estar preparada, até porque é estranho que as últimas ações políticas de Bolsonaro (como as manifestações do dia 7 de setembro e o incremento de auxílios) não estejam repercutindo favoravelmente ao atual presidente nas pesquisas eleitorais.
Além do mais, deve-se analisar o olhar da burguesia para o atual cenário eleitoral. Pode ser que a burguesia esteja freando a candidatura de Bolsonaro para que não exploda eleitoralmente e saia do controle, já que Bolsonaro é uma ameaça eleitoral. Então, a análise de que Bolsonaro chegou ao teto e não consegue crescer de jeito nenhum pode servir à 3ª via.
A burguesia pode ter aceitado Lula?:
Uma leitura recorrente na esquerda é que a burguesia agora aceita Lula presidente, porque ele representaria a defesa da democracia e da normalidade institucional. Rui aponta que isso é falso. Isso se prova tendo em vista que a própria burguesia que atacou a democracia em 2016. Como exemplo, Rui usou o mais recente editorial do Estado de S. Paulo, que ataca a ideia de voto útil levantado pela campanha do PT, defendendo que o voto útil é útil apenas para o petista, e que não há apenas Lula e Bolsonaro como candidatos, mas dez no total, e que nenhum tem um voto sequer antes da abertura das urnas. Ou seja, o editorial defende um “Nem Lula, nem Bolsonaro”.
Sendo o Estado de S. Paulo um veículo conservador e que defende os interesses dos capitalistas, Rui chega à conclusão de que a burguesia não dá a eleição como encerrada a favor de Lula, e aponta para a 3ª via. E é aí que a campanha do PT deve estar atenta, porque haverá uma tentativa de alavancar a 3ª via. E como isso será feito? Atacando a candidatura de Lula.
A campanha do PT não deve cair na ingenuidade de acreditar que a burguesia fechou com Lula. Os petistas devem ficar atentos de que ataques serão direcionados a Lula, o que já ocorreu em diversas outras eleições.
Corrupção:
Perguntado sobre as acusações de corrupção nos governos do PT e de Bolsonaro, Rui atesta que a corrupção é um dado inevitável no regime capitalista. A própria eleição é uma porta para corrupção, já que os capitalistas investem dinheiro em campanhas e fazem isso esperando favores e troca. Por outro lado, os episódios de corrupção nos governos do PT não apresentaram provas contundentes que envolvessem as lideranças do Partido. Por exemplo, é ridículo pensar que a corrupção do PT rendeu a Lula um apartamento no Guarujá e uma reforma em um sítio em Atibaia. Mais absurdo ainda é tratar isso como o grande episódio de corrupção do país, pelo contrário. Quando uma empresa quer corromper, ela envia milhões de dinheiro a uma conta no exterior do político corrompido. O máximo que aconteceu a Lula, se é que aconteceu, já que não há comprovação, foi um agrado ao então presidente.
No final das contas, a corrupção é um instrumento de manipulação dos capitalistas.
Morte da Rainha da Inglaterra:
É um engano achar que a Rainha, ou, nesse momento, o Rei da Inglaterra tem apenas um papel decorativo na política. A monarquia tem um poder muito grande na política nacional. Por exemplo, após as eleições para o Parlamento, o Rei tem a função de convidar o Partido vencedor a formar o governo. Nesse sentido, se ele pode convidar quem ganhou, também pode convidar quem não ganhou caso assim deseje. É um Poder compatível com o então presidente da Alemanha, Paul von Hindenburg no período de ascensão de Hitler. É um poder maior inclusive que tinha o imperador brasileiro durante o Império.
Memes de internet têm importância na eleição:
Rui analisa que nessas eleições, os grandes meios de comunicação têm tido maior prevalência para o eleitorado. O companheiro indica o debate da Globo como o grande palanque eleitoral às vésperas da eleição, em que milhões de brasileiros estarão atentos ao evento. As redes sociais começaram a ter um importante papel no período eleitoral, quebrando o monopólio midiático. Por isso há uma disputa em que se procura deslegitimar o embate e a cobertura política promovida nesses meios. Assim, é provável que as redes bolsonaristas não tenham papel decisivo nessas eleições, o que não significa dizer que as redes sociais continuem a ter crescimento em termos de importância no caso das eleições, nem que a derrota da extrema-direita seja definitiva, vide os casos dos EUA e da Itália.
Desse modo, a esquerda precisa rever sua posição quanto às redes sociais. Deve sair do reboque da direita tradicional, pois esse tipo de atuação favorece a extrema-direita num sentido geral.
Suposto avanço da Ucrânia contra a Rússia:
Sobre as notícias que saem na mídia imperialista sobre o recuo da Rússia e avanço da Ucrânia, Rui destaca que se deve desconfiar do que sai na imprensa, porque, em geral, não é a figura real do que está acontecendo.
A mídia e o judiciário:
Sobre a defesa da mídia em relação ao STF e ao TSE, Rui aponta que, em geral, o que a Globo defende é prejudicial ao povo. Desse modo, se ela está defendendo o STF com unhas e dentes, então deve-se ficar atento. Vale lembrar que a Globo, na pessoa de Roberto Marinho, foi idealizadora da ditadura. Anos depois, foi ativa no golpe contra Dilma e na prisão de Lula. Então, nada leva a crer que, do dia para a noite, a Globo tenha passado a defender os interesses democráticos.
Fundo Partidário do PCO bloqueado por Alexandre de Moraes:
Rui Costa Pimenta esclarece que Alexandre de Moraes, presidente do TSE, liberou o Fundo Partidário do PCO com 20 dias de atraso, o que levou o Partido a ter que arrecadar, com apoiadores, dinheiro para tocar a campanha eleitoral. O presidente do PCO também explicou que o dinheiro do fundo não é dividido entre os candidatos, que existe um caixa único de campanha e que cada representante do partido, em reunião, define quanto de material é necessário para distribuição nos locais onde o PCO tem candidato. Assim, a distribuição do material é feita de maneira proporcionalmente igualitária, com as quantidades definidas pelos próprios militantes do Partido.