Guillermo Lora, trotskista boliviano e líder estudantil, quando vivo disse que os revolucionários são os hereges dos dias de hoje. Lora tinha razão, a sociedade burguesa coloca os revolucionários à margem e os persegue. Assim como nos tempos áureos da igreja católica, ao combate ideológico soma-se a perseguição, o encarceramento e o aniquilamento dos dissidentes. Os hereges são hereges por diferir das ideias dominantes e por questioná-las, e assim são os revolucionários verdadeiros.
Raramente quando se entra em uma organização revolucionária o entorno do novo integrante vai aclamá-lo e felicitá-lo pela decisão. Pelo contrário, como a pressão da sociedade contra os comunistas é grande, muitas vezes será ridicularizado, taxado de idealista entre outras coisas. Na maioria das vezes será acusado de integrar uma seita. O conceita de seita no marxismo é usado para denominar grupos com pouca ou nula influência no mundo real, normalmente são agrupamentos fechados e que ao invés de agir materialmente pregam para o vazio. Fora do marxismo o termo é usado de maneira pejorativa para demonizar grupos marginais, e que por serem marginais apresentam um perigo para a ordem vigente. O termo seita virou um estigma para manter as pessoas longe desses grupos.
A esquerda pequeno-burguesa, e dita marxista, emprega o termo não como fazia Marx, mas como faz a burguesia. A palavra ‘’seita” virou um verdadeiro cacoete para atacar a esquerda revolucionária e censurar o debate na própria esquerda. Nos tempos da União Soviética qualquer um que elaborasse críticas à burocracia stalinista era taxado de sectário, de agente da CIA ou de receber dinheiro de Washington. Já hoje em dia essa mesma esquerda stalinista diz que tudo bem receber dinheiro da Fundação Ford e acusa os críticos de seitas da teoria da conspiração.
Os revolucionários sempre terão como arma a crítica. O revolucionário é aquele que discorda do mundo em que vive e fará o que for preciso para mudá-lo, por isso o primeiro passo da burguesia será sempre desacreditá-los perante a opinião pública; ridiculariza-los, calunia-los e difamá-los. Até a tomada do poder os bolcheviques eram taxados de seita.
Nossos militantes não devem temer os ataques da burguesia e muito menos da esquerda pequeno-burguesa que apenas os repete como papagaios, iludindo-se com a ideia de que eles mesmo chegaram a essas conclusões. Quando cessarem os ataques e vierem os elogios e os convites da imprensa burguesa, aí sim! Deveremos temer o destino de nossa luta e a certeza de nossa política.