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Imperialismo

Objetivo número um do Império: destruir a Rússia

A guerra contra a Ucrânia é contra a Otan

     A Rússia iniciou a operação militar de desmilitarização da Ucrânia na madrugada do dia 24, quinta-feira. A ação foi fulminante: em 48 horas a Rússia já havia desativado, com ataques de alta precisão, cerca de 220 instalações militares da Ucrânia, incluindo sistema de defesa antiaérea, aeródromos militares e aviação em geral. Os acontecimentos da Ucrânia representam, provavelmente, os fatos mais impactantes na política internacional nas últimas décadas, e que certamente terão grande influência sobre a economia e a política mundiais. Estamos assistindo, ao que tudo indica, a uma verdadeira ruptura histórica com o quadro vigente nas relações internacionais. Apesar dos fatos estarem em transformação a cada dia, e, portanto, ser difícil uma análise mais conclusiva, eles representam uma ruptura que deve mexer profundamente com o cenário político internacional.

      Na Europa, desde o final da Segunda Grande Guerra, este é o confronto militar mais importante. A ousadia e a determinação da Rússia, no enfrentamento de um país testa-de ferro norte-americano na região, se constitui um marco da luta contra o imperialismo mundial. O Império está sendo confrontado por uma potência regional, que age com estratégia cuidadosamente elaborada, muito forte militarmente, apesar da inferiorade econômica. A Rússia é um país pobre, cuja principal fonte de receitas de exportações advém das commodities, em especial as energéticas. É um dos maiores produtores de petróleo e tem a maior reserva de gás do mundo, sendo responsável pelo fornecimento de mais de 40% de toda a demanda europeia do produto (o que é um forte complicador em qualquer guerra).  

     Em função da instabilidade trazida pela guerra, que a cada momento traz um fato novo para o cenário e, também, pelas graves sanções impostas à Rússia pelos países ocidentais, o preço do petróleo bruto disparou e a cotação do rublo caiu quase 30% até o momento. A Rússia, foi bloqueada por alguns bancos do sistema global de pagamentos Swift (a Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais é um sistema de mensagens criado por bancos de vários locais do mundo em 1973, visando possibilitar a troca de moeda entre diferentes países de forma rápida e segur). Claro, como “ninguém é de ferro”, os especuladores aproveitam para ganhar dinheiro com a guerra.

     A guerra contra a Ucrânia é contra a Otan (organização militar dos países ricos, dominada pelos EUA). A Ucrânia está servindo como bucha de canhão para os objetivos imperialistas dos países da Otan, especialmente, os EUA, que é a cabeça do Império, também conhecido como o “Império da mentira”. Não se trata de uma confrontação entre dois países imperialistas. Toda a ação da Rússia no processo foi defensiva. A operação militar desencadeada pela Russia ocorreu após 8 anos de provocações por parte da Ucrânia, e do fato deste país ter extrapolado as “linhas críticas” da segurança geopolítica da Rússia e da região. É necessário lermos e ouvirmos os analistas independentes, não podemos ficar reféns das mentiras que os EUA espanham pelo mundo. Sobre o assunto, em 25 de fevereiro a missão diplomática chinesa na Rússia registrou em sua conta no Twitter uma informação que ajuda a entender o que ocorre na Ucrânia: “dos 248 conflitos armados ocorridos entre 1945 e 2001 em 153 regiões do mundo, 201 foram iniciados pelos EUA, o que representa 81% do número total”. Os 19% restantes foram iniciados pelos demais países do mundo.

      Conforme era de conhecimento do mundo, a diferença de capacidade militar entre Ucrânia e Rússia é abissal. A Rússia deu início à invasão da Ucrânia na última quinta-feira (24), com bombardeios e incursões terrestres de suas tropas em vários pontos do país, inclusive perto da capital, Kiev. O ataque foi impressionante e avassalador. Em cerca de 48 horas foi destruída praticamente toda a infraestrutura militar da Ucrânia. Em quatro dias de guerra, as negociações para estabelecer a paz já iniciaram, o que a eficiência da estratégia utilizada pela Rússia. Aquilo que Putin solicitou durante meses, a negociação para evitar a guerra, o governo ucraniano só aceitou mediante a iminência de uma derrota completa. O governo ucraniano errou todas as avaliações e diagnósticos até aqui, a começar pela medição da correlação de forças com o inimigo. Zelensky imaginou que o Ocidente o defenderia: errou. Imaginou que poderia, quem sabe, enfrentar as forças armadas russas, de igual para igual: errou. Achou que haveria resistência de civis: errou feio. É impossível enfrentar uma guerra, sem diagnóstico adequado, especialmente com um inimigo que sabe o que está fazendo.

    A Ucrânia atualmente tem um governo assumidamente neonazista, fruto de um golpe coordenado pelos Estados Unidos em 2014. Após o golpe, Putin suportou provocações de todos o tipo durante anos. O governo russo obviamente mediu bem as consequências da guerra antes, e sabe que o preço será alto (já sendo, como vimos acima), pois o bloqueio econômico de vários países poderosos do mundo será muito pesado. Ainda que não absoluto, porque a segunda economia do mundo, a China, que tem assumido posição discreta, mas corajosa, está fora do bloqueio e manterá relações econômicas e políticas com a Rússia, normalmente.

     A Rússia vinha tentando negociar, há meses. Já em 17 de dezembro divulgou um documento preliminar, do que seria um acordo que pretendia firmar com os EUA para evitar a guerra com a Ucrânia. Basicamente pedia que os EUA se comprometessem a “impedir uma maior expansão para o leste da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a negar a adesão à aliança aos estados da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas”. Para cumprir o acordo, a Otan teria que sair da Estônia, Letônia e Lituânia. Pelo documento apresentado, seria também vetada a possível entrada da Ucrânia na Otan. Além disso, a Rússia também solicita a devolução, aos respectivos territórios (Rússia e EUA), de armas nucleares já posicionadas em outros países. Desde dezembro, cerca de 100.000 soldados russos já estavam concentrados próximo à fronteira e a Ucrânia temia uma invasão do país.   

     O governo Biden forçou, o tempo todo, para que a guerra acontecesse. A estratégia de Biden é recuperar terreno perdido em relação à Rússia e China, no referente à vários aspectos, especialmente o geopolítico. Esta é uma política do governo norte-americano, do pentágono, e da chamada máquina de guerra norte-americana. Não é somente de Biden, que aliás faz parte dessa máquina. Biden é um homem da guerra. Quando ocorreram os golpes na América Latina toda, durante o governo de Obama, o vice era o Biden. Ele foi vice nos dois mandatos de Obama. Foi o homem dos golpes na América Latina, possivelmente ajudou a coordená-los. A guerra na Ucrânia decorre principalmente do comportamento agressivo dos países imperialistas, puxado especialmente pelos EUA. 

     Os países imperialistas europeus, como Inglaterra, Alemanha e França, com nuances, no geral apoiam a política do império estadunidense na região. Apesar dos evidentes prejuízos sociais e econômicos que já estão tendo com a guerra. A Ucrânia, que é um país independente, poderia fazer parte da Rússia, como gostam de lembrar os analistas internacionais bem-informados e independentes. Mas é um país que, sem dúvidas, faz parte do cordão de defesa do território russo, sendo estratégico para a segurança da Rússia.

     Nos últimos meses, ao mesmo tempo em que Putin se preparava silenciosamente para a possibilidade de guerra, ele fez uma intensa ofensiva diplomática, tentando abrir o diálogo com os EUA e os demais países imperialistas, e até com países menos protagonistas em política internacional, no sentido de evitar um agravamento da crise, em uma região tão crítica. Putin enfrenta um inimigo sem nenhum escrúpulo e muito mais recursos: o orçamento militar da Rússia para 2022, US$ 65 bilhões, é uma fração do orçamento estadunidense, de R$ 768 bilhões (8,5%).

     O governo russo vinha denunciando durante meses que os EUA e a Otan (organização do Tratado do Atlântico Norte) mantêm um comportamento provocador, além de fornecer armas para a Ucrânia e realizar exercícios militares perto da fronteira russa, a menos de 20 KM. Putin denunciou, inclusive, que os EUA fizeram simulação de um ataque nuclear, no começo de novembro, na Ucrânia. O governo Putin tem denunciado também ações de glorificação do Nazismo e Neonazismo na Ucrânia, inclusive com a celebração de manifestações públicas em nome da glorificação do passado nazista, do movimento nazista e do neonazismo. Segundo Moscou são frequentes a profanação e a demolição de monumentos construídos em memória dos que combateram o Nazismo na Segunda Guerra Mundial. Essas iniciativas têm o apoio, tácito ou explicito, do governo da Ucrânia.

     Tudo indica até agora que Biden não tem preparo, condição, para enfrentar a maior crise que o imperialismo teve em toda a sua história, que combina instabilidade econômica, com derrotas militares e políticas. A derrota que Biden amargou no Afeganistão no ano passado, país conhecido como “cemitério dos impérios”, foi simplesmente acachapante. O Talibã impôs uma derrota ao exército mais rico do mundo, superior à que os EUA experimentaram em Saigon, há quase meio século atrás. É consenso, mesmo entre a maioria dos analistas puxa sacos do império, que Biden tomou um “vareio” de Putin, nos campos diplomático, político e, principalmente, agora, militar.

     Enquanto os norte-americanos perderam no Afeganistão, nos últimos anos os russos ganharam todas as guerras em que participaram: Geórgia, Ucrânia, Síria. A Rússia consegue fazer muito com poucos recursos. Como potência regional que é, dispõe de forças armadas muito eficientes, com equipamento modernos e grande atualização tecnológica. Uma outra questão é que o governo russo tem bem definido o que quer com suas forças armadas, o que permite um correto planejamento estratégico e constância de propósitos.

     Os acontecimentos na Ucrânia mostram uma impotência dos EUA, que se limitam a criticar e denunciar, mas sem entrar diretamente na guerra, como aconteceu em tantos outros momentos. O país se limitou a empurrar o despreparado governo da Ucrânia para o enfrentamento com, possivelmente, as forças armadas mais competentes do planeta neste momento, e apenas ajudando com armas e dinheiro. Mas sem entrar diretamente na guerra. O presidente da Ucrânia, que parece ter “caído a ficha” somente agora, reclamou após o ínicio da operação militar, que foi abandonado pelo Ocidente. Sejamos realistas: os EUA jogaram a Ucrânia num fogo sem tamanho. Essa derrota abre espaço, inclusive, para processos de libertação nacional em várias regiões do mundo, pois muitos países oprimidos podem aproveitar que o Império está fraco e começar a romper com a relação neocolonial. Não me refiro à governos totalmente capachos, evidentemente.   

      Para entender a natureza da “democracia” nos países imperialistas, precisamos saber que o orçamento militar dos EUA para este ano, de US$ 768 bilhões, é superior aos orçamentos militares somados dos 10 países seguintes com os maiores orçamentos. Os Estados Unidos, além de suas frotas de porta aviões, navios e submarinos nucleares que cruzam os mares de todo o mundo, possuem mais de 700 bases militares terrestres fora de seu território nacional nos mais diversos países. Eles conseguiram essas bases através de tratados e do peso da economia norte-americana, do imperialismo norte-americano. Russos e os chineses não têm esse poderio. O Império norte-americano está numa crise sem precedentes e precisa subjugar seus principais inimigos. Por isso, o quadro internacional daqui para a frente tende a esquentar.

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