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Alexandre de Moraes

O algoz dos direitos democráticos

Ditadura em nome da democracia

Nada melhor para a burguesia do que justificar todo o tipo de arbitrariedade com uma bela justificativa moral. O golpe de 1964 no Brasil foi dado sob o pretexto de frear o comunismo que na época era pintado como o grande demônio do mundo. Nos anos 90 e 2000, o imperialismo note-americana invadiu países, massacrando o povo, sob o pretexto da luta contra o terrorismo. O imperialismo se achava no direito de massacrar países inteiros porque segundo sua ideologia era preciso levar a “paz e a democracia” para os povos.

O regime golpista brasileiro copiou esse cinismo do imperialismo para impor sua vontade passando por cima do que for preciso. Os juízes e desembargadores da Lava Jato, por exemplo, em nome da “luta contra a corrupção”, colocaram em marcha uma das mais escandalosas e corruptas operações judiciárias. Usaram os métodos mais corruptos – e anti-democráticos – para perseguir e prender muita gente, incluindo o ex-presidente Lula.

Agora, o novo pretexto moral da burguesia brasileira para esconder suas verdadeiras intenções é a democracia. Quer coisa mais bela do que isso?

Em nome da democracia – da palavra democracia sem conteúdo nenhum -, o Judiciário brasileiro, liderado por Alexandre de Moraes, está estuprando os direitos democráticos do povo. O pior de tudo, sob aplausos da esquerda nacional.

No sítio do Brasil 247, uma coluna assinada por Ricardo Bruno rasga elogios a Alexandre de Moraes, chamado de “O xerife da democracia brasileira”. A denominação vem bem a propósito, não nos vem em mente nada sobre Moraes que não remeta a repressão.

Ao elogiar o ministro do STF, o colunista deixa escapar aquilo que é de fato Moraes: um policial pronto para repressão contra aqueles que não estão de acordo com ele.

Aliás, lendo a coluna notamos não ser um simples elogio. Ricardo Bruno bajula Alexandre de Moraes a tal ponto de tornar-lo não apenas um democrata, mas um ser perfeito, iluminado. Tão perfeito que o colunista elogia a atuação de Moraes quando foi secretário de Segurança do governo tucano em São Paulo:

“Ex-secretário de segurança de São Paulo, Moraes é sempre rigoroso no trato com bandidos de modo geral. O foi em várias oportunidades no comando da segurança pública paulista. Contra sua atuação alegam-se excessos. Ocorre que essa gente – os que vivem à margem da lei e da ordem – não entende outra linguagem. Não se submete a argumentos e limites do raciocínio lógico, da sensatez. Sucumbe apenas com peso inquebrantável da lei.”

A bajulação é tão grande que até o ministro do STF deve ter corado a face.

Quer dizer, então, que a atuação do chefe da PM paulista, o comandante tucano da PM paulista, é um exemplo no “tratamento contra os bandidos”? Por essa, ninguém esperava. Na ânsia de bajular Moraes, nosso colunista ignora todas as atrocidades cometidas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo que, sob o comando do PSDB, é uma das mais violentas do País. Quem diz isso não somos nós, “marxistas radicais que não gostam da democracia”, mas toda a esquerda e os movimentos o populares. O povo da periferia sabe como funciona a PM paulista, os estudantes e professores sabem como funciona a PM paulista, mas para Ricardo Bruno todos estão errados. Se houve excesso – será que houve? – é simplesmente porque Moraes é “sempre rigoroso no trato com bandidos”.

Diferente de muitos esquerdistas que tentam mostrar que todas as arbitrariedades de Moraes são uma defesa do bem,  ao menos Ricardo Bruno tem o mérito da coerência ao repetir o argumento da direita quando o assunto é segurança pública: “o rigor da lei”!” O argumento do colunista é coerente com o que pensa a burguesia: rigor da lei para tratar com “bandidos”, mesmo que para isso seja preciso passar por cima dos direitos fundamentais. Rigor da lei para tratar com os bolsonaristas, mesmo que para isso seja preciso passar por cima dos direitos elementares.

Em nome da democracia, Alexandre de Moraes é o xerife pronto para fazer valer o rigor da lei. E que lei é essa? A lei definida pela mente do próprio xerife, o que inclui passar por cima da lei para impor a sua própria lei.

No caso do tratamento com os “bandidos”, está claro, menos para Ricardo Bruno, que Moraes na verdade não passou do chefe de uma polícia que passou por cima da lei para massacrar o povo pobre.

No caso do tratamento com os bolsonaristas, a esquerda pensa exatamente como no caso anterior, mas não consegue admitir sua própria incoerência. O problema é que os efeitos serão tão drásticos como no primeiro caso. Se no tratamento com bandidos quem sofre realmente é o povo, a mesma coisa vai acontecer no tratamento com os bolsonaristas. Não importam os motivos, podem ser os mais nobres possíveis, se atropelam os direitos de um, os outros também estão sujeitos a terem seus direitos retirados.

Esse é o fim dessa verdadeira selva que se tornou o Judiciário brasileiro. Os que aplaudem hoje, serão os perseguidos amanhã. O xerife que atua contra os bolsonaristas de hoje será o mesmo que vai atuar contra a esquerda amanhã. E não vai adiantar espernear porque o que importa é o “rigor da lei”, não é mesmo?

Acreditar que as ações ditatoriais de Alexandre de Moraes estão a serviço da democracia é acreditar, como incrivelmente acredita Ricardo Bruno, que as arbitrariedades que a polícia comete na periferia é uma necessária “ação contra os bandidos”.

Não estamos diante de um democrata, mas de um ditador. O que vai acontecer com o poder a Alexandre de Moraes é que o futuro reservado para nós está muito distante de uma democracia, mas cada vez mais próximo de uma ditadura. O rigor da lei é a terra sem lei.

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