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Eleições 2022

O retrocesso ideológico da esquerda na campanha eleitoral

Da campanha cega contra o direito ao armamento da população à política de alianças com os golpistas

Às vésperas das eleições, a atitude tresloucada do bolsonarista Roberto Jefferson, que atacou a polícia com tiros e bombas de efeito moral, foi motivo para a esquerda sair em campanha pelo desarmamento da população. Primeiro, é preciso ser dito que as armas encontradas em poder do ex-deputado nada tem a ver com a atual política de direito de comprar armas. Todo seu arsenal era ilegal, mas isso é o de menos.

A campanha de que é preciso ter um rígido controle de armas no Brasil já não se trata simplesmente de uma política direitista geral, mas de uma política abertamente contrarrevolucionária, porque quem vai pagar por essa rígida política armamentista são os trabalhadores. Toda vez que um trabalhador tentar se defender de uma violência e utilizar uma arma nesse mundo maravilhoso do rígido controle legal, vai pagar severamente. O que a esquerda defende, obviamente, não será problema para os bolsonaristas, os pistoleiros alugados pelos latifúndios, os policiais que matam gente a torto e a direito também não vão ter esse problema, porque nunca tiveram esse problema.

Criou-se uma mitologia absurda e contrarrevolucionária de que a proibição do uso de armas vai desarmar os bolsonaristas. É uma bobagem. Os capitalistas sempre tiveram pessoas armadas aos seus serviços, inclusive algumas com um armamento perfeitamente legalizado. Sem falar que eles controlam toda a polícia, controlam o Exército e, portanto, são armados até os dentes. Mas não fica só por aí, tem uma série de empresas com seguranças armados legalmente.

Algumas pessoas vão argumentar que se trata de uma exceção, que a segurança privada atua dentro da Lei. Não é verdade. Ela atua dentro da Lei se for conveniente atuar dentro da lei, mas ela também pode atuar fora da lei. No Brasil, tem muita violência praticada por essas pessoas, quer dizer, a política de desarmamento não muda nada para a burguesia de modo geral. A não ser que a pessoa faça uma verdadeira acrobacia mental de achar que se o cidadão está armado a serviço do PSDB, de um capitalista do PSDB não é a mesma coisa que ele estar armado a serviço de capitalistas de Bolsonaro. Ainda mais uma bobagem, porque os capitalistas são capitalistas em todo lugar.

Nós vimos a atuação dos capitalistas nas eleições coagindo os funcionários a votar em Bolsonaro, ou seja, a burguesia, seja ela bolsonarista, seja ela de outra cor política, é a mesma burguesia, e a burguesia é violenta. As instituições controladas pela burguesia, como a polícia militar, são violentas contra o povo. As forças armadas, caso a burguesia decidir dar um golpe de Estado, vão às armas contra o povo. No final das contas, quem vai ser desarmado por essa política não vão ser os elementos de direita e da burguesia, mas simplesmente os trabalhadores. É preciso deixar isso muito claro, porque se criou uma verdadeira histeria que bate um pouco com essa lenga-lenga do PT, da campanha do amor, do fim do ódio.

Quando se escuta essa ladainha do “fim do ódio”, dá para imaginar que o povo vai ter que amar o pessoal do PSDB, do União Brasil e do MDB. Ademais, os trabalhadores sem terra vão ter que amar os pistoleiros e os patrões desses pistoleiros que existem no Brasil? O que exatamente é esse amor? Como vai acabar com o ódio? Porque o ódio ao qual essas pessoas se referem vem da classe dominante, da burguesia, sem acabar com a classe dominante.

Para acabar com o ódio que vem da classe dominante, é preciso acabar com a classe dominante e, para isso, é preciso desenvolver um sentido muito forte de antagonismo nas classes populares que poderia também ser chamada de ódio. Portanto, o caso roberto Jefferson é uma arapuca para todo o movimento social, para toda a esquerda. Se isso rendeu algum voto para o PT, é difícil dizer. Mas, sem dúvida, o efeito ideológico dessa política é uma grande deseducação e uma grande confusão política.

Outro aspecto que marca o retrocesso ideológico da esquerda foi a subordinação da campanha eleitoral aos grandes meios de comunicação, aqueles que eram chamados há pouco tempo de PIG – Partido da Imprensa Golpista. São eles que manipulam as pesquisas eleitorais. Isso alimentou a fantasia, principalmente em meio à militância do PT, de que o golpe de Estado foi um acidente político e que não será repetido. Não se sabe o porquê que essa gente se juntou para derrubar o governo do PT. Agora as coordenadas mudaram, as pessoas que derrubaram o governo PT agora são apontadas como sendo democratas.

Nas redes sociais tem aparecido muita polêmica em torno da votação no Rio Grande do Sul. Lá, concorriam dois candidatos burgueses que são a escória da política nacional. A esquerda, frente a isso, afirma que Leite seria melhor que seu oponente por se tratar de um “democrata”. Como assim? Nos quatro anos de seu governo, o seu instrumento principal de negociação foi o cassetete da PM contra professores e funcionários públicos que foram duramente agredidos. O seu adversário, Onyx Lorenzoni, será pior que ele? Vai trocar o revólver da PM por um fuzil? Vai ser exatamente a mesma coisa, com a diferença de que Eduardo Leite responde aos interesses dos banqueiros. De modo geral, vai impor – como fez no seu primeiro governo – um governo ferozmente neoliberal, muito mais neoliberal do que o outro candidato.

Então, criou-se o mito de que, agora, teríamos que reconhecer que essas pessoas, que essa escória da política nacional que deu o golpe de estado em 2016, são todos grandes democratas. Quem acredita nisso não tem a menor noção do que efetivamente está acontecendo.

A parcela dos petistas atua como se, de repente, todos esses vampiros que fazem figuração na campanha de Lula estivessem a favor da “democracia” porque apareceu uma pessoa de nome Bolsonaro. A dissimulação é grande, tem o caso, ainda, da Simone Tebet, transformada quase que numa heroína da luta popular, que seria útil para Lula, mesmo extremamente prejudicial para os trabalhadores, uma representante autodeclarada dos latifundiários do Mato Grosso do Sul.

Em geral, as pessoas não conhecem o Mato Grosso do Sul, o Mato Grosso, o Pará, Tocantins… imaginam o agronegócio como se fosse um empresariado moderno, que dá assistência social, um empresário mitológico, como seriam esses da tecnologia. Não é nada disso. Não passa do velho e bom latifúndio que ataca a população pobre de maneira violenta, com os seus pistoleiros que atacam toda a população, como os indígenas do Mato Grosso do Sul, tal qual o PCO mostrou em sua campanha eleitoral com a candidatura do companheiro Magno de Souza, o qual é um índio Guarani Caiouá e que teve mais de uma pessoa da família assassinada pelo latifúndio que Simone Tebet representa.

Simone Tebet não é nem um pouco democrática. Aliás, o que significa falar que é um político burguês é democrático? Ninguém nunca viu essa democracia. Veja o caso de Alckmin. No seu governo em São Paulo, baixou a ripa em todo mundo da maneira mais violenta possível. Se isso é ser democrata, então todo mundo é democrata, inclusive Mussolini.

Nessa concepção absurda, o único problema nacional seria Bolsonaro. O resto da política burguesa é uma maravilha, mas por que o Brasil está nesse lodo, mesmo antes do Bolsonaro emergir como grande líder da política da direita? Por que o País está andando para trás em termos econômicos? Por que a população está numa situação deplorável? Ninguém sabe explicar.

Não é simplesmente devido a Bolsonaro. Bolsonaro é um dos políticos burgueses, mas o problema é o conjunto da classe capitalista, inimiga da população negra, inimiga das mulheres, inimiga de todo mundo que afete os seus interesses. Então é por isso que é necessário colocar em destaque que foi um retrocesso a campanha eleitoral da esquerda, foi um retrocesso ideológico e esse debate tem de ser feito no próximo período.

O problema só não é mais grave porque, independentemente do resultado das eleições, as contradições são tão agudas que as peças vão começar a se deslocar para o lado correto no tabuleiro político e as pessoas que pegaram carona na campanha de Lula não vão conseguir manter a farsa.

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