Nessa segunda-feira, 23, o ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), desistiu de concorrer à presidência da República. A atitude do ex-governador foi tomada após uma entrevista do atual governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), concedida ao jornal porta-voz dos golpistas O Estado de S.Paulo. Na entrevista, Garcia afirmou que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) era “uma grande mulher” e que poderia ser uma candidata de consenso da terceira via.
A desistência de Doria mantém ainda a crise no seio da burguesia brasileira no sentido de como manter o Golpe de Estado implantado em 2016 controlado. Naquele ano, diante da impossibilidade de vencer Lula e até mesmo de seu substituto, Fernando Hadad (PT), a burguesia pariu Bolsonaro, que vem atolando o país. O presidente se manifesta de diversas formas como um fascista, mas seu governo não consegue ser o que ele queria que fosse. Quem pode ser o que Bolsonaro queria é justamente seus pais, a burguesia golpista que veste máscara de ”civilizada”. Essa burguesia dita “civilizada”, “perfumada”, quer privatizar todas as riquezas e serviços essenciais do Brasil, além de acabar com diversos direitos trabalhistas, tarefa típica de um quinta-coluna que o governo Bolsonaro ainda não está conseguindo consolidar totalmente nesse mandato.
Essa crise proporcionada pela desistência de Doria, dentre outros fatos e problemas internos, abre caminho para os demais pré-candidatos da terceira via, como Simone Tebet, como mais uma tentativa de alavancar esse setor de golpistas “civilizados”, que são igualmente fascistas como Jair Bolsonaro, sua cria.
Se essa terceira via não se tornar mais competitiva, toda a burguesia irá novamente apoiar a reeleição do presidente. Segundo Rui Costa Pimenta, Presidente Nacional do PCO, em sua análise política da semana na COTV, a burguesia já prepara essa debandada para Bolsonaro:
“Há uma crise muito grande na terceira via. Esses últimos acontecimentos mostram isso. Querem tirar o Doria da jogada, apesar de que ele ganhou a prévia. É importante lembrar: da próxima vez que vier um cidadão do PSDB falar em democracia, fala democracia é como a prévia do PSDB, você ganha e depois o pessoal te passa uma rasteira. Não é assim que funciona a democracia? É uma palhaçada total, uma demonstração total de falta de democracia. Toda uma ala do PSDB quer apoiar o Bolsonaro. Aparentemente o líder dessa ala seria o Aécio Neves. O Aécio Neves fala que quer um candidato próprio do PSDB, não quer a Simone Tebet. Uma outra ala do MDB também não queria tirar candidato próprio, queria apoiar o Bolsonaro. Tanto que o pessoal não sabe o que vai acontecer na convenção do MDB, se a candidatura proclamada será verdadeiramente sacramentada pela convenção do MDB. Uma parte da terceira via já pulou fora, o DEM pulou fora, o PSD do Kassab pulou fora, de tal forma que a terceira via está cada vez mais raquítica. Tudo indicaria que não vai acontecer esse candidato da terceira via. Não conseguiram. O problema não é a miudeza política. Muita gente quer fazer uma análise da política vendo a miudeza: é um deputado correu lá, outro apoia o Bolsonaro, outro quer um candidato que ele quer eleger deputado, ou governador, ou senador, começa aquele negócio que é uma bagunça. Na verdade, mal se poderia analisar isso daí, de tão rasteiro como é em política. Nós temos que ver os grandes fenômenos. O que está gerando essa crise na terceira via, gerou, a crise está plenamente instalada, é o fato de que a burguesia está com Bolsonaro”, revela Rui.
Enfim, qualquer que seja o candidato da burguesia, provavelmente a maior parte dela estará unida e disposta a golpear a esquerda e o povo de todas as formas. Por isso, nada de já ganhou. Para derrotarmos o golpe e construirmos um governo dos trabalhadores, devemos intensificar nossa luta em prol da campanha de Lula nas ruas, antes, durante e após as eleições.
