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Crise na Ucrânia

O caminho que leva da guerra à revolução

Se a Revolução Russa de 1917 inaugurou a época da revolução socialista, o conflito na Ucrânia pode abrir um dos caminhos que levam a ela

[A] revolução socialista (…) não pode ser encarada como um só ato, mas deve ser encarada como uma época de tempestuosas convulsões políticas e econômicas, da mais aguda luta de classes, de guerra civil, de revoluções e contrarrevoluções”. Assim se expressava Lênin, o grande dirigente da Revolução Russa de 1917, em meio à Primeira Guerra Mundial (“Sobre a palavra de ordem dos Estados Unidos da Europa”, agosto de 1915).

O desenvolvimento do capitalismo em imperialismo em escala mundial no final do século 19 e a resposta dada pela classe operária e dos povos oprimidos a partir da Revolução Russa de 1917 inauguraram um período histórico que ainda está em aberto.

A época de guerras e revoluções

Da guerra imperialista de 1914–1918 surgiu a revolução em um país atrasado, a Rússia czarista. Esta, por sua vez, foi precedida por outras revoluções (México, China, Albânia, a Guerra dos Bôeres na África do Sul, o Levante da Páscoa na Irlanda, etc.) e abalou o mundo quando se desenvolveu como revolução mundial (Ucrânia, Finlândia, Alemanha, Polônia, Egito, Turquia, Hungria, etc.)

Lênin, como a história demonstrou, estava absolutamente certo quando afirmou, em polêmica com os socialistas oportunistas da Segunda Internacional, que “seria simplesmente ridículo se declarássemos que, por exemplo, depois da guerra atual, se ela terminar com um esgotamento extremo dos países beligerantes, ‘não pode’ haver ‘nenhuma’ guerra nacional, progressiva, revolucionária, por parte, digamos, da China em aliança com a Índia, Pérsia, Sião, etc, contra as grandes potências.” (“O programa militar da revolução proletária” – setembro de 1916)

Um novo abalo se deu em torno da Segunda Guerra Mundial (1939–1945) e novos avanços na luta da classe operária e dos oprimidos contra o imperialismo ocorreram ao longo de guerras civis, insurreições, semi-insurreições e revoluções (Espanha, França, Inglaterra, China, etc.) 

A guerra é a continuação da política

Que episódio vai recolocar a Revolução Socialista na ordem do dia na etapa histórica atual, inaugurada pela crise capitalista de 1974 que marcou o fim dos “anos dourados” do pós-guerra? Não sabemos. Ainda.

Pode o conflito entre a Rússia e o imperialismo, que se desenvolve hoje no território ucraniano, ser o estopim para uma nova onda de guerras civis e revoluções? Claro que sim. Dão-nos a medida disso o aprofundamento das contradições entre os países imperialistas diante da guerra de defesa lançada pelo governo russo; a mobilização das atenções da classe operária e de todos os oprimidos em torno do conflito militar; o aparecimento, aqui e ali, de manifestações de apoio à Rússia contra o imperialismo representado pela OTAN, contra as manipulações da imprensa capitalista, etc. 

Como continuação da luta política travada entre o imperialismo e os países atrasados, a guerra da Rússia oprimida contra o imperialismo opressor e seus vassalos na Ucrânia, como toda luta dos oprimidos pelo imperialismo mostrou no século 20, como toda guerra de um modo geral, tende a arrastar para o centro dos acontecimentos a classe operária e as demais classes oprimidas em escala mundial. Desperta os povos oprimidos e torna mais agudas e sensíveis as contradições, a luta de classes abafada por inúmeros expedientes de que a burguesia lança mão para salvar sua posição como classe opressora em todos os países.

Lênin e a guerra

A guerra imperialista foi ocasião para muita confusão no meio da esquerda. Todas as guerras, na verdade. A definição da política do partido operário diante disso é uma questão fundamental para armá-lo política e teoricamente para a revolução que pretende dirigir. Foi por isso que Lênin escreveu – e muito – sobre questões teóricas e políticas para a orientação do movimento operário nesse sentido:

“Os socialistas não podem, sem deixarem de ser socialistas, ser contra toda a guerra. (…)

“Em primeiro lugar, os socialistas nunca foram e nunca poderão ser adversários de guerras revolucionárias. A burguesia das ‘grandes’ potências imperialistas tornou-se totalmente reacionária, e nós reconhecemos que a guerra conduzida agora por essa burguesia é uma guerra reacionária, escravista e criminosa. Mas que se pode então dizer de uma guerra contra esta burguesia? Por exemplo, de uma guerra dos povos oprimidos por esta burguesia e dela dependentes ou coloniais pela sua libertação? (…) 

“A história do século 20, este século do ‘imperialismo desenfreado’, está cheia de guerras coloniais. Mas aquilo a que nós, europeus, opressores imperialistas da maioria dos povos do mundo, com o odioso chauvinismo europeu que nos é próprio, chamamos ‘guerras coloniais’, são frequentemente guerras nacionais ou insurreições nacionais destes povos oprimidos. Uma das propriedades mais fundamentais do imperialismo consiste precisamente em que ele acelera o desenvolvimento do capitalismo nos países mais atrasados e com isso amplia e agudiza a luta contra a opressão nacional. (…) 

“A negação de qualquer possibilidade de guerras nacionais sob o imperialismo é teoricamente falsa, evidentemente errada no plano histórico e equivalente no plano prático ao chauvinismo europeu: nós, que pertencemos às nações que oprimem centenas de milhões de pessoas na Europa, na África, na Ásia, etc., nós devemos declarar aos povos oprimidos que a sua guerra contra as ‘nossas’ nações é ‘impossível’!

“Em segundo lugar, as guerras civis também são guerras. Quem reconhece a luta de classes não pode deixar de reconhecer as guerras civis, que em qualquer sociedade de classes representam a natural, e em determinadas circunstâncias inevitável, continuação, desenvolvimento e agudização da luta de classes. Todas as grandes revoluções o confirmam. Negar as guerras civis ou esquecê-las significaria cair num oportunismo extremo e renegar a revolução socialista.” (Lênin, “O programa militar da revolução proletária” – setembro de 1916)

Lênin e a guerra dos países atrasados contra o imperialismo

“Seria simplesmente uma estupidez negar a ‘defesa da pátria’ por parte dos povos oprimidos na sua guerra contra as grandes potências imperialistas ou por parte do proletariado vitorioso na sua guerra contra qualquer Galliffet [o general francês que conduziu a brutal repressão à Comuna de Paris em 1871] de um Estado burguês.

“No plano teórico seria totalmente errado esquecer que qualquer guerra não é mais do que a continuação da política por outros meios; a atual guerra imperialista é a continuação da política imperialista de dois grupos de grandes potências, e esta política é gerada e alimentada pelo conjunto das relações da época imperialista. Mas esta mesma época deve necessariamente gerar e alimentar também a política de luta contra a opressão nacional e de luta do proletariado contra a burguesia e, por isso, a possibilidade e a inevitabilidade, em primeiro lugar, das insurreições e guerras revolucionárias nacionais, em segundo lugar das guerras e insurreições do proletariado contra a burguesia, em terceiro lugar da unificação de ambas as espécies de guerras revolucionárias, etc.” (“O programa militar da revolução proletária” – setembro de 1916)

Lênin e o socialismo

“Só depois de termos derrubado, vencido e expropriado definitivamente a burguesia no mundo inteiro, e não apenas num só país, é que as guerras se tornarão impossíveis. (…)

“Os padres ‘sociais’ e os oportunistas estão sempre prontos a sonhar com o futuro socialismo pacífico, mas aquilo que os distingue dos sociais-democratas revolucionários é exatamente eles não quererem pensar e sonhar com a encarniçada luta de classes e com as guerras de classes para tornar realidade este futuro maravilhoso.” (“A Social-Democracia e a guerra,” 1915).

O partido revolucionário dos dias de hoje e a guerra

Na Primeira Guerra, depois de pregar pela paz, a esquerda pequeno-burguesa oportunista agrupada na Segunda Internacional traiu a classe operária e se lançou nos braços da burguesia em seus respectivos países. Foram liquidados pela força inexorável da revolução proletária.

Os stalinistas, que dominaram o panorama mundial a partir de meados da década de 1920, não fizeram melhor. Pelo contrário! Conseguiram ajudar a burguesia a afogar em sangue a revolução proletária franqueando o caminho dos fascistas ao poder na Alemanha com sua capitulação e afundando a revolução mundial com sua política de colaboração com a burguesia imperialista (França, Espanha, etc.). Na Segunda Guerra, a direção burocrática e contrarrevolucionária do Estado Operário russo quase colocou tudo a perder e somente foi salva pela intervenção da classe operária.

A tarefa de um partido operário e revolucionário, de um verdadeiro partido comunista hoje, é apontar o caminho que conduz à revolução. Como elemento de vanguarda da classe operária, está na posição que lhe permite enxergar mais longe. É natural, portanto, que busque o caminho que leva de cada luta parcial, de cada conflito armado à revolução proletária. É preciso, por isso, que a posição a ser tomada por esse partido seja de irreconciliável oposição ao imperialismo, de apoio inequívoco a um país atrasado e oprimido contra seus opressores, os grandes monopólios e o capital financeiro norte-americano e europeu. É por esse motivo que o Partido da Causa Operária apoia a Rússia na sua luta contra o imperialismo e os fascistas na Ucrânia.

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