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O ano em que atropelamos a política do “fique em casa”

ato 27 fevereiro

Apresentamos nesta edição um apanhado das principais atividades e campanhas que o PCO organizou no ano de 2021. Desde a realização de grandes manifestações de rua, obrigando toda a esquerda a finalmente sair de casa, até os extensos cursos de formação política. O ano foi marcado também por uma série de polêmicas travadas no interior da esquerda, sobretudo no que diz respeito aos direitos democráticos, o que acabou permitindo grande destaque do partido nas redes e na imprensa, tornando o PCO um partido que não pode mais ser ignorado, um partido que a burguesia precisa atacar constantemente para impedir o crescimento de sua política revolucionária

Janeiro

Mais de 1 mil discutindo o stalinismo

Iniciamos o nosso ano, como de costume, organizando Universidade de Férias, nosso tradicional curso de formação política para a militância e para simpatizantes do partido. Por conta da pandemia e das limitações para se organizar atividades presenciais de grande porte, optamos por realizar um curso totalmente online, mas sem deixar nossas ambições revolucionárias de lado. Para dar o tom de grandiosidade que a atividade merece, nos empenhamos em inscrever no curso pelo menos 1 mil pessoas! Na véspera do início do curso, batemos finalmente a nossa meta e o número de participantes continuou aumentando ao longo do curso.

O tema da vez foi “O que foi o stalinismo: uma análise marxista”, ministrado pelo companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, onde analisamos historicamente o fenômeno do stalinismo, desde os princípios da Revolução Russa de 1917, até a Segunda Guerra Mundial, com destaque para a ascensão da burocracia stalinista no interior da União Soviética após a revolução e para as políticas direitistas adotadas por Stálin enquanto liderança do primeiro Estado operário da história, com erros que comprometeram o movimento operário mundialmente e sofre suas consequências até os dias de hoje.

trump supporters hold "stop the steal" rally in dc amid ratification of presidential election
Apoiadores de Trump fazem ato contra fraude das eleições norte americanas no Capitólio. Foto: Reprodução.

O caso Trump

Já no começo do ano, o partido entrou nas suas tradicionais polêmicas com a esquerda. Os Estados Unidos estavam passando por uma enorme crise após as eleições presidenciais de 2020, onde o atual presidente, Donald Trump, da extrema-direita, sofria forte perseguição da direita tradicional norte-americana, o setor político ligado ao capital financeiro. No dia 7 de janeiro, Trump teve sua conta no Twitter censurada, após denunciar as fraudes na eleição e ter supostamente incentivado seus apoiadores a invadirem o Capitólio, em Washington.

À época, o PCO denunciou que se tratava de uma medida autoritária e antidemocrática, que restringia o direito à livre expressão, além de ser uma jogada política para enfraquecer Trump, favorecendo o candidato do Partido Democrata, Joe Biden. A maior parte dos setores da esquerda brasileira adotaram mais uma vez a política do “mal-menor”, fazendo crer que qualquer opção seria melhor que Trump e, neste sentido, acabaram por apoiar Biden, um dos senhores da guerra, responsável pelas opressões do imperialismo no Oriente Médio no começo dos anos 2000.

Para derrotar o inimigo maior, cabe qualquer recurso para a esquerda pequeno-burguesa. Na falta de princípios, na falta de um programa político, defendem até a supressão dos direitos democráticos mínimos que qualquer cidadão deveria ter, inclusive as figuras abomináveis da extrema-direita. O PCO já colocava com firmeza sua posição em defender os direitos básicos de todos, sem exceções, abrindo mais uma vez um debate que se repetiu várias outras vezes ao longo do ano.

Fevereiro

O STF e os direitos democráticos

Seguindo ainda o debate sobre os direitos democráticos, houve mais dois casos onde o PCO precisou tomar posição se contrapondo à esquerda: a prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira e o pedido de prisão do humorista Danilo Gentilli pela Câmera dos Deputados.

O deputado Daniel Silveira (PSL) foi preso após publicar vídeo atacando o Supremo Tribunal Federal (STF) e defendendo o AI-5. A ordem de prisão foi expedida por Alexandre de Morais, ministro do STF, numa atitude totalmente arbitrária, prendendo um deputado por expor uma opinião política. Já no final do mês, foi a vez do humorista, Danilo Gentilli, também de extrema-direita, receber um pedido de prisão por incitação à violência, ao mencionar em publicação na sua conta do Twitter que “só acreditaria que esse País tem jeito se a população entrasse na câmara e socasse cada deputado (…)”. No caso de Gentilli, a prisão acabou não sendo levada adiante.

Nos dois casos, o STF atuou com seus poderes divinos e inquestionáveis, reprimindo os direitistas por expressarem suas opiniões. Se agem assim com a direita, o que seriam capazes de fazer com a esquerda, principalmente a que se diz comunista e revolucionária? Assim como no caso Trump, a esquerda defendeu mais uma vez a prisão dos direitas. O PCO aprofundou ainda mais a discussão e colocou uma de suas pautas sobre o judiciário: a dissolução do STF. O STF é composto por 11 ministros que não foram eleitos, que possuem total poder de interpretação sobre as leis, podendo se colocar até mesmo acima das instituições democráticas, como o Congresso e até mesmo ao Poder Executivo.

Ato pelos direitos políticos de Lula

No dia 5 de fevereiro, em reunião do Comitê Nacional Lula Livre, após as revelações da “Vaza Jato”, foi convocado um dia de manifestação pelos direitos políticos do ex-presidente Lula, marcado para o dia 27. O PCO realizou uma ampla convocação e concentrou os esforços para duas capitais: São Paulo e Brasília.

Neste momento, a esquerda seguia sua paralisia, com medo de sair de casa por conta da pandemia, e o partido já dava o tom do que viria a acontecer no resto do ano, organizando caravanas e mobilizando a militância para a única forma de combater a direita golpista, que é nas ruas.

Os atos foram uma grande vitória na defesa do ex-presidente. Dez dias após as manifestações, Lula teve de volta seus direitos políticos, abrindo um novo período para intensificarmos a campanha pela sua candidatura.

Março

Em março, foi a vez de a nossa imprensa partidária dar mais um salto: o lançamento da assinatura digital do jornal Causa Operária, nosso tradicional impresso, publicado há mais de 40 anos. Os planos de assinatura oferecem todas as edições dos últimos 2 anos do jornal e tem como projeto disponibilizar todo o acervo da publicação, desde 1979! No mesmo mês, o Causa Operária inaugurou também o seu terceiro caderno, dedicado às matérias de cultura, teoria marxista, história e muito mais!

No final do mês, o presidente golpista Jair Bolsonaro foi autorizado a comemorar institucionalmente o golpe militar de 1964, no seu aniversário, dia 31 de março. Diante dessa barbaridade, o PCO convocou manifestações locais por todo o país para repudiar e denunciar as arbitrariedades e torturas realizadas durante o regime militar, além de fomentar a campanha pelo “fora Bolsonaro”. O partido organizou atos com centenas de pessoas nas principais capitais, mostrando mais uma vez para a esquerda que era possível realizar grandes atos mesmo em meio à pandemia e deu uma resposta à iniciativa da extrema-direita golpista.

1 maio
Mutirão para o Ato Nacional do 1 maio na Central do Brasil – Rio de Janeiro, RJ

Abril

No mês de Abril, o partido concentrou seus esforços na convocação e na organização do ato nacional de 1º de maio, Dia Internacional dos Trabalhadores. Vários coordenadores e dirigentes do partido passaram algumas semanas na capital paulista para organizar o ato e as caravanas para São Paulo. Foram criados grupos de trabalho para cuidar das convocações, que eram feitas diariamente, assim como das atividades de panfletagem, colagem de cartazes, além das reuniões com sindicatos e organizações dos trabalhadores para buscar apoio à manifestação.

textos longos dco (confirmar mês)

1 maio passeata editada
Manifestação 1 de Maio em movimento na Praça da Sé

Maio

Um 1º de maio classista, dos trabalhadores e sem os golpistas

No Dia Internacional dos Trabalhadores foi realizado um grande ato nacional na cidade de São Paulo, na Praça da Sé. Caravanas de todo o país se movimentaram para lotar as ruas da capital paulista e realizar uma grande marcha com os setores mais combativos da esquerda brasileira. O PCO, junto dos comitês de luta, organizou um ato com cerca de 2 mil pessoas, sem contar com apoio de nenhuma grande organização e com uma certa sabotagem por parte do resto da esquerda.

Os milhares de militantes presentes deram um sinal claro à esquerda de que não havia mais desculpa alguma para ficar em casa. Os setores da esquerda comprometidos com a frente ampla organizaram um 1º de maio virtual, convidando golpistas como Fernando Henrique Cardoso para o “ato virtual”. Uma barbaridade. Essa mesma esquerda fez questão de ignorar a manifestação que estava sendo convocada e demorou dias até alguns canais progressistas noticiarem o grande acontecimento.

Após esse ato, outras manifestações foram convocadas pelo conjunto da esquerda nacional. Quebramos a paralisia, mostramos que que era possível realizar grandes atos e até mesmo caravanas. A pandemia nunca foi desculpa, sempre foi um álibi usado pela esquerda pequeno-burguesa para desmobilizar os trabalhadores.

livro censura
Livro a Era da Censura das Massas de Rui Costa Pimenta e João Caproni Pimenta

Contra a censura, a imprensa operária avança novamente

O mês de maio também foi marcado por várias novidades em relação à nossa imprensa. O partido já vinha discutindo a questão das censuras nas redes e foi procurando formas de burlar os algoritmos que impediam e impedem nosso crescimento até hoje. Desde então, houve uma reformulação em toda a nossa imprensa, com a criação de comissões editoriais, que agora são responsáveis pelas novas seções do Diário Causa Operária, em páginas à parte, além dos canais em separado da Causa Operária TV. Ou seja, Zona do Agrião, Tição, Juventude Revolucionária e as várias comissões do partido possuem agora um canal específico no Youtube e uma seção no DCO, como uma forma de driblar a censura.

Junto a este debate, lançamos o livro “A Era da Censura das Massas”, assinado por Rui Costa Pimenta e João Caproni Pimenta, onde apresentamos uma pesquisa detalhada sobre a censura nas redes sociais por parte das plataformas Facebook, Twitter, Youtube e outras. Sob o pretexto de se combater as chamadas “fake news” produzidas pela extrema-direita, essa censura acabou se voltando contra a imprensa de esquerda.

faixa pintura
Pintura de faixão para os atos Fora Bolsonaro

A esquerda finalmente sai de casa

Após longos meses trancafiados em suas casas, as organizações e partidos de esquerda, junto das centrais sindicais, passou a convocar atos de rua. No dia 6 de maio, a chacina na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, causou grande revolta na população, indicando a tendência à realização de manifestações. Assim, no dia 13 de maio, data importante para o movimento negro, foram chamadas manifestações nas principais capitais para denunciar a chacina, o genocídio do povo negro e por “fora Bolsonaro”.

No dia 29 de maio, outra manifestação foi convocada pelo conjunto da esquerda. Esse ato marcou a volta das grandes manifestações, com a presença de partidos, centrais sindicais, etc. O que chamou atenção, no entanto, foi também uma forte presença de setores não organizados, de uma juventude que não estava necessariamente vinculada à alguma atividade política frequente, o que denotava uma radicalização do movimento.

ato 29 maio rj
Ato 29 Maio na Presidente Vargas Rio de Janeiro RJ

Junho

No mês de junho, seguiu-se a tendência dos atos, tendo como o dia 19 a sua data nacional de mobilização. Dessa vez, houve um salto expressivo na convocação e na quantidade de pessoas presentes. O PCO se destacou pela ampla convocação e pela organização dos blocos vermelhos, uma iniciativa para expulsar a política do verde-amarelismo que vinha sendo adotada pela esquerda frenteamplista. Unificando a ala esquerda do movimento “fora Bolsonaro”, juntando os comitês de luta, os setores mais combativos do PT e da CUT, o bloco vermelho foi um grande sucesso, dando um explícito recado de que não aceitaríamos a direita nas nossas manifestações e que o nosso programa não condiz com a frente ampla com os golpistas.

Além disso, para fortalecer sua presença nos atos, o PCO multiplicou a Bateria Popular Zumbi dos Palmares, levando seu ritmo eletrizante para várias outras capitais.

escola marxista ponte rasa sp
Escola Marxista em Ponte Rasa SP

Marxismo de norte à sul

No mesmo mês, o partido iniciava a quinta edição da Escola Marxista, projeto de propagação da formação política para todos os cantos do país, das capitais às regiões mais interioranas. O curso “Bolchevismo e Stalinismo” tinha como proposta apresentar uma discussão aprofundada, porém mais sucinta, do que já havia sido apresentado pelo companheiro Rui na Universidade Marxista de janeiro. As primeiras aulas foram realizadas no Rio de Janeiro (RJ), Uberlândia (MG), Brasília (DF), bairro Ponte Rasa, São Paulo (SP) e também no exterior.

Até aqui, ficou claro o papel de vanguarda do PCO dentro da esquerda. Fomos o partido que obrigou a esquerda a ir às ruas, o partido que colocou claramente a linha política para os atos, a organização do bloco vermelho, contra a infiltração da direita e que denunciou a manobra da frente ampla em todas as ocasiões, apontando o caminho que os trabalhadores deveriam seguir.

Na próxima edição do jornal Partido, seguiremos com a retrospectiva, abordando o segundo semestre do ano.

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