Na última quarta-feira (14), o Senado dos EUA aprovou a indicação da senadora Elizabeth Frawley Bagley como nova embaixadora dos EUA no Brasil. A aprovação vem às vésperas da posse de Lula na presidência da República. A recém indicada embaixadora norte-americana tem relações com a diplomacia dos EUA e acontecimentos de destaque pelo mundo que datam desde o fim da década de 1970. A indicação estava travada desde junho, após uma declaração considerada anti semita pela política.
A futura embaixadora do núcleo do imperialismo no Brasil teve papéis de destaque apenas sob a superfície em uma variedade de acontecimentos importantes. Ela foi oficial de contato do Congresso dos EUA para os Tratados do Canal do Panamá, que estabeleceram a neutralidade do Canal, o fim da Zona do Canal e a eventual posse do mesmo pelo Panamá em 1999. Os acordos foram assinados em 1977.
Na mesma época, final da década de 1970 e início de 1980, Bagley era assistente especial do diplomata de destaque do governo Jimmy Carter, Sol Linowitz, durante os Acordos de Camp David, acordos de paz entre Egito e Israel, entre 1979 e 1980.
Além disso, Elizabeth foi contato/representante do Senado dos EUA para a Conferência de Segurança e Cooperação na Europa (CSCE) em 1980 e 1981. A CSCE foi uma conferência permanente até 1990, com o objetivo de prevenir conflitos na Europa.
De 1994 a 1997, Elizabeth Bagley foi embaixadora dos EUA em Portugal. No período seguinte, serviu de conselheira sênior sob a secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright. Nessa época, os EUA, com participação destacada de Albright, levaram a cabo o desmembramento da Iugoslávia, o bombardeio da Sérvia em 1999 e o roubo do Kosovo, além de sanções da ONU contra o Iraque, que levaram à morte mais de 500 mil crianças, sobre as quais, questionada em entrevista, Albright disse que “valeram a pena”.
O Departamento de Estado dos EUA, liderado por Madeleine Albright, encabeçou a desintegração da Iugoslávia pelo imperialismo, o bombardeio em XXXX e a tomada do Kosovo pelo imperialismo. Nesse momento, Bagley estabeleceu e liderou o Escritório para a Aquisição de Programação de Mídia dos recém independentes Estados balcãs. Ainda nesse período, serviu como contato/representante do Senado dos EUA para o aumento da OTAN.
Durante o governo Obama, Elizabeth Bagley foi a Representante Especial para Parcerias Globais no Escritório do Secretário de Estado, serviu como conselheira especial para as Iniciativas dos Secretários, e foi apontada como Delegada dos EUA para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em 2012.
Agora, frente à posse de Lula, é indicada pelo governo Joe Biden, o articulador dos EUA para o golpe no Brasil em 2016, quando vice-presidente de Barack Obama. O Partido Democrata correu após o resultado das eleições brasileiras para aprová-la ainda antes da posse de Lula. Como visto, a figura se trata de membro central na política externa dos EUA, com ligações diretas a manobras do imperialismo.
Elizabeth Frawley Bagley ainda é membro do conselho do National Democratic Institute – NDI (Instituto Nacional Democrático), organização que se denuncia como fachada da CIA pela própria descrição no sítio, na área “quem somos”: “Ndi é uma organização sem fins lucrativos, apartidária, não governamental que trabalha com parcerias ao redor do mundo para fortalecer e resguardar as instituições, processos, normas e valores democráticos, para assegurar uma melhor qualidade de vida para todos. O NDI busca um mundo onde a democracia e a liberdade prevaleçam, com dignidade para todos.”
A esquerda deve se atentar. A nova embaixadora que os EUA envia ao Brasil tem vínculos profundos com o chamado deep state norte-americano, e claramente tem as condições de organizar uma iniciativa golpista no Brasil. Tomando por exemplo os recentes acontecimentos na Argentina e Perú, com dois golpes de Estado, a indicação da nova embaixadora é um sinal vermelho para o Brasil.
Frente a mais essa demonstração de intenções golpistas, as organizações operárias e a esquerda não podem perder tempo. É preciso mobilizar imediatamente as bases operárias que garantiram a vitória de Lula. Os sindicatos, as organizações camponesas, precisam estar prontas a sustentar o governo em seu embate com a burguesia, além de lavá-lo adiante, contrapondo a pressão do imperialismo, que a qualquer momento pode se tornar uma pressão de caráter golpista.