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Imprensa golpista e Bolsonaro

Nos jornais, Bolsonaro passa de demônio a candidato aceitável

A arte de enganar


Antes tratado como demônio, o atual presidente Jair Bolsonaro passou a ser visto como um candidato aceitável nos jornais e na imprensa capitalista.

Anteriormente, era comum vermos manchetes e notícias que apresentavam problemas nas falas e atitudes do presidente ilegítimo – apesar de não terem a mesma veemência que as manchetes golpistas contra Dilma -, mas, como num toque de mágica, pararam de aparecer novas matérias nesse estilo.

Em contrapartida, a gestão da economia por Bolsonaro voltou a ser elogiada, como brevemente foi no começo de seu mandato, e surgiu um esforço da imprensa burguesa para atrelar mais a imagem do capitão da reserva à imagem de um político sério e do povo.

Bolsonaro, um inimigo de longa data da classe trabalhadora, não pode se comprometer a dar um salário mínimo acima da inflação, caso seja reeleito, porque não é isso que quem o financia deseja. Ele nunca se importou com a qualidade de vida do trabalhador, mas, como representante da burguesia nacional, Jair não pode tomar medidas que vão de encontro com os bancos, mesmo que desejasse – o que não é o caso.

Entretanto, a matéria acima veiculada no portal Poder360 fala dos benefícios para os trabalhadores na fala do oportunista que está sentado na cadeira presidencial atualmente. Bolsonaro prometeu um drástico aumento do salário mínimo, que rendeu uma matéria igualmente oportunista que não menciona, por exemplo, que em quatro anos de mandato, o chefe do executivo apresentou apenas ataques à classe trabalhadora nacional, sendo um aliado direto dos empresários e não concedendo aumento em nenhum momento.

O leitor possivelmente se lembre do ocorrido no debate da Band no primeiro turno, quando uma trama foi montada em que Vera Magalhães perguntou a Bolsonaro sobre a questão das mulheres e Bolsonaro a chamou de “vergonha para o jornalismo brasileiro”. Foi algo montado para atacar Bolsonaro e fazer campanha da terceira via. Bolsonaro foi retratado como um monstro. Porém, agora neste segundo turno não houve nada parecido contra Bolsonaro e Vera Magalhães, que cuspira abelhas africanas contra o presidente fascista, agora está até mesmo dando conselhos a ele.

Jair Bolsonaro foi tratado como uma figura repudiável até o primeiro turno, onde a galinha dos ovos de ouro da burguesia era Simone Tebet; tratada da mesma forma como foi Geraldo Alckmin em 2018, Aécio Neves em 2014 e os demais integrantes do centro político composto pelo PMDB, PSDB e seus outros lacaios do imperialismo. Porém, contra Lula, Bolsonaro voltou a ser palatável, o que mostra que, na realidade, para a burguesia, seu nome não é assim tão intragável.

Bolsonaro é um agente da burguesia local, que possui seus interesses específicos, mas segue consideravelmente mais próximo ao imperialismo do que o ex-presidente petista. Ao contrário de Bolsonaro, Lula acena para Maduro, Ortega, Díaz-Canel, enquanto Bolsonaro, por sua vez, foi o presidente que foi aos Estados Unidos e garantiu a Joe Biden que, nas eleições atuais, ele é quem representa os interesses estadunidenses no Brasil, não Lula. E de fato ele está certo!

O que se tornou recorrente, no entanto, foram as matérias que apresentam aspectos econômicos positivos na pauta do atual presidente. No “Estadão”, por exemplo, uma matéria de capa diz que, graças à subida de Bolsonaro, o dólar caiu; ou seja, o valor do real para o consumidor cresceu em comparação com a moeda norte-americana.

De forma direta, o recado da matéria é: se Lula ganhar, o dólar sobe. Se Bolsonaro ganhar, o dólar desce e o real será mais valorizado. Quem não se lembra das manifestações na época do golpe de Estado, quando uma criança viralizou segurando uma placa (escrita, obviamente, pela mãe) com os dizeres “Dilma, devolva meu dólar a 2 reais”? Há, no imaginário da classe média, uma concepção de que Bolsonaro comanda melhor a economia, mas graças à imprensa capitalista que bombardeou mentiras na época dos governos petistas e bombardeia, novamente, mentiras atrás de mentiras sobre o regime golpista que, na vida real, retira direitos dos trabalhadores.

A Folha de S.Paulo, por exemplo, reforça que a aprovação de Bolsonaro é a melhor dentre o público do Auxílio Brasil, não mencionando, por exemplo, que a pesquisa foi feita no cenário eleitoreiro em que Bolsonaro despejou caminhões de dinheiro para comprar o voto dos setores mais atrasados sob a mentira de que ele se importa com eles. A notícia vem distorcida, pois ao olhar o título, onde muitos param, a informação que tiramos é que os mais pobres aprovam o governo Bolsonaro, sendo ele o candidato com mais intenções de votos. Tais conclusões são, no entanto, no mínimo inverdades. 

A burguesia optou por Bolsonaro e não largará o capitão da reserva, como vemos nos editoriais dos jornais que expressam suas vozes. Se precisarem engolir mais quatro anos de governo Bolsonaro, os capitalistas escolherão isso a ter de lidar com um governo Lula que, conforme as próprias propostas mais recentes do petista, entrarão em choque direto com seus interesses primordiais. Bolsonaro, por sua vez, já se propôs a vender a soberania nacional e privatizar, até onde der, para enfraquecer o controle nacional sobre o nosso próprio país.

Se o que acontece com Lula é uma chantagem inescrupulosa, onde todas as matérias são questionando sobre sua relação com a economia, o que a imprensa capitalista adotou como postura para o bolsonarismo foi, neste segundo turno, passar o pano para a política de Bolsonaro, fazendo sugestões para “colocá-la na linha”. A matéria acima da Veja defende, por exemplo, que o governo Bolsonaro promoveu sobretudo “acertos” na gestão econômica.

O Partido da Imprensa Golpista (PIG), apesar de sonhar com o monopólio de poder ao lado de Tebet, Ciro e outros direitistas perfumados, demonstrou que aceita Bolsonaro; ainda mais quando seu adversário é Lula, o líder mais popular do país e único que consegue levar multidões de trabalhadores aonde quiser passar.

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