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Henrique Áreas de Araujo

Militante do PCO, é membro do Comitê Central do partido. É coordenador do GARI (Grupo por Uma Arte Revolucionária e Independente) e vocalista da banda Revolução Permanente. Formado em Política pela Unicamp, participou do movimento estudantil. É trabalhador demitido político dos Correios e foi diretor da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios)

Crônicas da Copa

No segundo dia da Copa, Richarlison faz o primeiro gol do Brasil

A jogada mais emocionante do dia foi a entrevista de Richarlison: "esse cara é um babaca"

Passamos pelo segundo dia do maior espetáculo da terra, com três jogos concluídos: Irã e Inglaterra; Senegal e Holanda; e País de Gales e Estados Unidos. Cada jogo faz lembrar que estamos mais perto da estreia da Seleção Brasileira.

No quesito emoção, os jogos cumpriram sua tarefa. Torcida, bola na rede, festa. Mas vejam bem, caro leitor, não estamos falando aqui de qualquer emoção, mas de uma espécie específica dela, é a emoção de Copa do Mundo. Aquela que te faz parar para assistir com quase o mesmo interesse um clássico entre duas seleções gigantes e um jogo entre dois países sem chance nenhuma.

Foi essa emoção, acrescida do interesse pela abertura do evento, que nos fez assistir Catar e Equador, único jogo do primeiro dia da Copa. Os donos da casa estavam ali pela festa. Para a seleção do Catar, sediar o evento e poder participar com os melhores jogadores do mundo é para nunca mais esquecer. O Equador não teve problemas para vencer os donos da casa por 2 a 0. Vi muita gente comentando que o jogo foi feio, até horrível. Permitam-me discordar, acho que o melhor termo seria dizer que o jogo foi desprovido de beleza. Sim, porque era nítido que os craques do Catar não tinham habilidade e os sul-americanos do Equador apenas jogaram o necessário para ganhar, vão ter que mostrar o poder do futebol da América do Sul contra Holanda e Senegal para conseguirem passar da primeira fase.

O jogo entre Holanda e Senegal, inclusive foi o melhor desse segundo dia de Copa. Mais interessante de se ver, já que estamos falando de seleções com uma tradição de jogo mais criativo. A Holanda, nesse sentido, deixou a desejar. Embora o jogo tenha sido equilibrado, as melhores chances foram de Senegal, e os holandeses foram prensados várias vezes pelos africanos na maior parte do jogo. Mas sabe aquele negócio de “a camisa pesa”? Isso acontece também na Copa e a Holanda arranjou um gol no final do segundo tempo que praticamente liquidou o jogo. No finalzinho, já se aproveitando do espaço deixado pelos senegaleses, obrigados a sair com tudo para tentar o empate, a Holanda fez o segundo. 2 a 0 para os holandeses. Não foi só a “camisa” que fez a diferença no jogo. A ausência de Mané, pricipal jogador de Senegal, um dos melhores atacantes do mundo, com certeza fez falta para a equipe africana. São as injustiças do futebol.

O primeiro jogo do dia, entre Inglaterra e Irã foi mais interessante pela política do que pelo futebol. Muita campanha imperialista contra o Irã. Aparentemente, as mulheres só são mal tratadas lá. Não se enganem, os seis gols dos ingleses não significa que eles abandonaram o seu jogo chato, sem criatividade. Foram tentando, tentando, lançamento atrás de lançamento, cruzamento atrás de cruzamento, até abrir a defesa do fraco time iraniano. E os gols foram saindo. A resistência iraniana ainda conseguiu marcar dois gols. E foi isso, 6 a 2 para o futebol inglês.

Por fim, o outro jogo do dia, Estados Unidos e País de Gales. A Copa tem muitas coisas lindas, uma delas é o poder de transformar a maior potência econômica e militar do mundo mero participante. Os Estados Unidos até que jogaram bem, estão aprendendo um pouco o verdeiro futebol da bola redonda. Arrancaram um gol, mas deixaram tomar o empate. Resultado justo, 1 a 1.

Gol do Richarlison

Mas o mais interessante desse dia não foram os jogos. Foi a resposta dada pelo atacante brasileiro Richarlison na entrevista coletiva da Seleção quando perguntado sobre a matéria de um jornal alemão chamando Neymar de arrogante por ter cometido o grave crime de pintar uma sexta estrela no calção da Seleção. A resposta de Richarlison mostrou que a Seleção está no Catar para ganhar. Sim, porque a primeira condição de um campeão é não levar desaforo para casa. “Arrogante são eles! Acho que esse cara é um babaca!”, retrucou.

Nelson Rodrigues já dizia que um pecado do brasileiro era ser humilde. “Abaixo a humildade!”, escreveu ele em crônica de 1956. E concordo com ele nesse sentido. No futebol, somos os maiorais. Aqui, quem tem que ser humilde são os Estados Unidos, eles são crianças aprendendo o que é uma bola. Nós não, nós somos os superiores, criamos essa arte que agora 32 seleções tentam imitar. Os europeus, que pelo menos sabem o que é bola, estão ali para nos superar, somos e sempre seremos o time a ser batido, embora, por mera propaganda, muitas vezes escondam isso, porque eles não são humildes. E antes que me acusem de estar promovendo o perigoso “já ganhou”, explico: como os melhores do mundo, sabemos também que jogo não se ganha com salto alto.

Nelson Rodrigues, um direitista, foi grande entusiasta de João Saldanha, um comunista, como técnico da Seleção. E ele explica, em crônica chamada João sem medo, de novembro de 1969, que Saldanha “doutrinou o escrete para não levar desaforo para casa. Os lorpas, os pascácios, os bovinos hão de perguntar: — “E a esportividade?” Respondo que, na Copa, a esportividade é uma piada de necrotério. Dirão que em 58 e 62 fomos bonzinhos. Mas os demais concorrentes fizeram o diabo. E nós fomos bonzinhos graças ao nosso bom subdesenvolvimento”

Richarlison não ai levar desaforo para casa. Neymar não tem que levar desaforo para casa. O povo brasileiro, em seu conjunto, não tem que aceitar desaforo, nem dos de fora, menos ainda dos de dentro, daqueles brasileiros pela metade, que não gostam da cultura nacional, cujo principal prazer é desmoralizar nossa Seleção. Estamos na Copa e é hora de ganhar a guerra!

E assim, terminamos, meus caros, com a primeira vitória do Brasil nessa Copa! O caminho para o hexa foi aberto por Richarlison, que marcou um golaço.

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