A virada de ano veio, e a candidatura de Lula permanece sendo um impeditivo concreto aos planos do imperialismo de venda total do Brasil, e da manutenção de seu domínio sobre a América Latina. Enquanto diversos golpes já estão preparados para 2022, com o “controle técnico” das eleições sob a administração do general Fernando Azevedo e Silva, o Tribunal Superior Eleitoral – TSE nas mãos de Edson Fachin — homem da Lava Jato — ao longo do ano de 2022 e, durante o período eleitoral, sob Alexandre de Moraes, homem do golpe, indicado ao STF por Michel Temer. Mais que isso, as urnas serão fornecidas por empresa ligada ao PSDB, Moro e Dallagnol. Tudo isso já indica uma fraude certa na eleição, mas a burguesia tem ainda outras cartas na manga.
A principal campanha em torno da candidatura de Lula, feita através das páginas podres da imprensa burguesa, é a questão de quem será o vice na chapa. A classe dominante, como de costume, não faz perguntas, e sim impulsiona sua própria política, até mesmo dentro da esquerda. A pressão da burguesia é para que o golpista, (ex-)tucano, vagabundo-mor Geraldo Alckmin, notoriamente conhecido por ladrão de merenda, espancador de professores, pelo massacre do Pinheirinho, além de inúmeros outros feitos do tipo, seja o vice de Lula, maior liderança popular do país.
A operação parte da imprensa burguesa e da ala direita do PT, uma manobra de fora e de dentro ao mesmo tempo, que se defronta com oposição cerrada das bases operárias e trabalhadoras do partido, e confusão entre os quadros pequeno-burgueses. A confusão se dá justamente pela enorme campanha travada pela burguesia para emplacar seu Temer 2.0. No primeiro dia do ano, como se vê na matéria linkada a seguir, a campanha já está a todo vapor. Esse vice vindo do enxofre tem diversas funções. Além de servir para possibilitar um impeachment, Geraldo Alckmin desmoraliza a candidatura dos trabalhadores, é um sinal para que os próprios trabalhadores não apoiem seu candidato, para que as bases operárias não se mobilizem em torno de Lula e não garantam — pelo único jeito possível, a sua organização — um governo dos trabalhadores, ou seja, é em si um golpe.
Alckmin, porém, não vem sozinho. Como indicado na matéria citada, de nome: “PSB dribla resistências a Lula, mas ainda trava em acordos com PT para 2022”, o plano é emplacar não apenas Alckmin, mas o PSB, que não passa de um PS(D)B. E o golpe do PSB também tem diversas camadas. Em primeiro lugar, buscam, em troca de seu “apoio”, isto é, do golpe dentro da chapa, que o Partido dos Trabalhadores deixe de lançar candidatos a governador em 6 estados do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Acre) e apoie candidatos do PSB. Esse partido, é importante citar, é caracterizado como “socialista” na matéria da Folha de S. Paulo, mas disso nada tem. É um partido de direita, que apoiou o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Roussef e o Brasil, e cerra fileiras contra os trabalhadores e todo o povo brasileiro junto à direita a todo tempo. Um partido de tucanos travestidos. Ainda, como fez João Campos em Pernambuco contra a petista Marília Arraes, em 2020, não se furtam a utilizar campanhas de tipo bolsonarista contra o PT.
A campanha do imperialismo contra o PT, com o PSB, é visivelmente uma farsa, mas tem mais. Agora, a manobra da burguesia imperialista para acabar com o PT, o maior partido da América Latina, se aprofunda. Foi colocada no quadro político nacional a questão da federação partidária. Consiste em buscar infiltrar no PT o maior número de partidos direitistas, como a esquerda pró-imperialista do PSOL, a esquerda super direitista do PCdoB; e de direita, como PSB, PV e REDE. A federação partidária tem por função aprofundar a camada direitista que compõe a burocracia do PT, e endireitá-la ainda mais, colocando inclusive elementos de direita dentro do partido. A manobra pretende transformar o Partido dos Trabalhadores numa espécie de Partido Democrata norte-americano, uma agremiação de liberais da direita tradicional com viés esquerdista. Retirando o caráter operário do PT, representado por Lula, enterrando o Partido dos Trabalhadores de vez.
Como vemos, a burguesia atua em todas as frentes. O momento exige o acirramento à esquerda, com uma candidatura operária, representada por Lula, uma candidatura de enfrentamento ao golpe, enfrentamento à burguesia. Uma candidatura para representar a própria luta de classes, de forma direta, na eleição. Contra isso, o imperialismo se utiliza de todos os seus recursos, um enorme número de possíveis golpes está na mesa, e todos engatilhados. É urgente barrar a desmoralização da luta. Só com organização, campanha de rua e mobilização será possível barrar todos os golpes arquitetados pela burguesia. O ano, ao contrário do que apresenta a esquerda pequeno-burguesa, que diz que a eleição já está ganha — reprodução do que diz a burguesia, e nada mais que uma estratégia dela para tirar da esquerda as garras e dentes — será uma verdadeira guerra. Será um intenso ano de lutas. Lula sim, Alckmin não! Lula presidente, por um governo dos trabalhadores!