O programa Marxismo da última sexta-feira (16) apresentou como tema a questão do Estado, algo que tem sido muito discutido ultimamente, principalmente no que diz respeito à repressão estatal, assunto constante nas redes sociais e na imprensa burguesa e pequeno-burguesa em geral.
É praticamente constante o apoio da esquerda pequeno-burguesa à repressão pelas instituições do Estado. Um assunto chave foi o Inquérito das Fake News, que adquiriu caráter moral para a esquerda que saiu em defesa de que fossem punidos pelos tribunais todos aqueles que levantassem a bandeira do bolsonarismo. Nesse apoio à repressão pelo Estado contra a direita, não se levou em conta em nenhum momento que essa mesma repressão doravante destinada à direita teria como consequência a mesma repressão dedicada à esquerda pelo burguesia.
O dirigente e jornalista Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), destaca logo de cara que:
“Uma coisa que todo mundo entende, mesmo aqueles que não são marxistas, porque é muito óbvio, muito difícil de não pegar essa característica do Estado, é que o Estado é um estado de classe; portanto, num país como o Brasil, que essencialmente é um país capitalista, o Estado brasileiro é um Estado capitalista, um Estado burguês.”
O Estado brasileiro, portanto, é dividido em classes e uma classe é mais bem quista que a outra. É um estado dominado pela burguesia capitalista que advoga, consequentemente, em prol das políticas da direita. Nesse sentido, uma repressão real do Estado contra a burguesia é, por definição, inviável.
Continua a explanação de Rui:
“Em primeiro lugar, nós temos que dizer o seguinte, que o estado capitalista é a organização central, digamos assim, basicamente é o núcleo fundamental de organização política da classe capitalista.”
A conclusão imediata é que a burguesia se aquartelou com a criação do Estado e há, portanto, um equívoco muito grande da esquerda achar que a burguesia vai usar o Estado que ela domina para reprimir os seus semelhantes, a saber, a própria burguesia, os empresários que apoiam o bolsonarismo, simplesmente porque um partido de esquerda ganhou as eleições presidenciais. É um equívoco que pode ter graves consequências.
“Eu acho que uma coisa que confunde muitas pessoas é que, excepcionalmente, o Estado capitalista pode ter na sua direção um partido de esquerda, mas a presença do partido de esquerda não anula as características gerais do Estado, que vão muito além do governo. O governo é apenas uma peça desse Estado”, afirmou o presidente do PCO.
Nesse rumo tomado pela esquerda de apoio à repressão, ela está dando um passe livre à repressão que será cometida contra ela própria pela burguesia, nos passos seguintes, como destaca Pimenta ao afirmar que “Se o estado capitalista adquire poderes extraordinários para reprimir a extrema-direita, ele vai reprimir com força quadruplicada, decuplicada a classe operária brasileira”.
Destaca-se que um grupo sem ideologia que advoga pertencer à esquerda e comete o erro de agir com o mesmo moralismo e comportamento fascista da direita tende a receber de volta a repressão com força muitas vezes maior do que apoiou que se fizesse contra o bolsonarismo, que é uma força política burguesa. A burguesia não pretende lutar contra si mesma, já a esquerda, está perdida e sem ideologia, uma alvo fácil para a repressão estatal.
Assista na íntegra o programa Marxismo do dia 16 para desvendar o que fazer e como se posicionar diante da opressão burguesa. O programa ocorre todas às sextas-feiras ao meio dia, discutindo os temas mais pertinentes aos dias de hoje da doutrina marxista.
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