Neste sábado (20), está marcado um grande comício com o ex-presidente Lula no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, capital, a partir das 11 horas. A equipe de campanha do ex-presidente espera um comício com a presença de dezenas de milhares de pessoas. Entre os setores sociais que também estão convocando o ato constam a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Esse comício assume uma importância capital na situação política nacional e não pode ser encarado como mera atividade da campanha eleitoral, mas sim como a retomada da mobilização das massas populares contra o golpe e seus resultados e na defesa de seus interesses.
A mobilização das massas é o único fator capaz de desestabilizar o regime político golpista e possibilitar vitórias aos oprimidos sobre os golpistas de conjunto. É preciso transformar esse comício na retomada das grandes mobilizações populares após um longo interregno, provocado por setores da esquerda pequeno-burguesa em aliança com a burguesia golpista tradicional que enterraram a mobilização crescente por fora Bolsonaro que surgia em todo país.
A tentativa de formar uma aliança, chamada frente-ampla, que consiste na subordinação da esquerda à direita tradicional, capitaneada por elementos da esquerda pequeno-burguesa como Guilherme Boulos e outros, foi frustrada, a direita foi expulsa dos atos fora Bolsonaro surgidos em 2021 após a catástrofe da Covid-19 no país, devido à falta completa de ação dos governos. Como resultado da incapacidade de naquele momento formar a chamada frente-ampla, que era a tentativa de a direita usar a base popular da esquerda para se reerguer, os atos foram suprimido pelo elementos frenteamplistas dentro da esquerda para impedir maior radicalização e proteger a direita golpista de conjunto. Esse episódio mostrou que um setor da esquerda pequeno-burguesa está intimamente ligado à burguesia; estão a seu serviço.
O sentimento de revolta das massas populares, no entanto, não se extinguiu com a manobra torpe, continuou latente nas massas, expressando-se agora nas eleições na forma de esperança e apoio a candidatura do ex-presidente Lula. Uma esdrúxula aliança, Lula-Alckmin, deu um banho de água gelada na militância e tornou a pré-campanha algo insosso. Apoiados nas pesquisas eleitorais, que davam ampla vantagem ao ex-presidente, mesmo como a indesejada aliança, a organização da campanha acionou ainda mais o freio, bastava esperar até outubro sem cometer erros e tudo estaria resolvido.
Nesse ínterim a burguesia preparava seus principais candidatos, uma chapa identitária foi lançada, encabeçada por Simone Tebete, de outro lado Bolsonaro preparava e com auxílio da esquerda aprovou a PEC da compra de votos, que lhe permitiu distribuir no meio da eleição bilhões de reais e o colocou com poderes especiais durante o período.
Agora, começada oficialmente a campanha eleitoral, está também oficialmente aberta a campanha de manipulação da burguesia em favor de seus candidatos. A diferença entre Lula e Bolsonaro começa a cair, o sonho de ganhar no primeiro turno fica cada vez mais distante, isso, mesmo antes da artilharia pesada da imprensa capitalista ser acionada contra a candidatura Lula, o que logo mais ocorrerá.
Isto é, o fato de a mobilização popular ter sido sabotada deu ao conjunto da burguesia mais possibilidade de ação contra as massas naquele momento, impedindo o colapso do governo Bolsonaro e mantendo a estabilidade do regime.
Para a burguesia é uma questão fundamental, neste momento, manter as massas populares sob controle, impedir a participação ativa delas no processo político e eleitoral, isto explica o fato de a burguesia de conjunto atacar de maneira mais controlada a candidatura do ex-presidente Lula, não há dúvida que estão trabalhando para derrotá-lo e todo o povo trabalhador brasileiro de alguma maneira e esse cenário somente poderá se concretizar se a população trabalhadora estiver fora de combate, assistindo de casa os acontecimentos se desenrolarem diante seus olhos passivos.
Com a entrada das massas trabalhadoras em cena a situação se complexifica para os capitalistas e golpistas, as manobras e eventuais fraudes tornam-se mais difíceis e suas consequências mais perigosas, de outro lado, a influência das massas sobre a candidatura Lula empurra-a mais para a esquerda fazendo-o chocar-se cada vez mais com o conjunto da burguesia e do regime político e mesmo com os oportunistas e reacionários que se aproximaram agora da campanha Lula.
Eis aí mesmo que reside a importância da candidatura Lula, uma candidatura capaz de mobilizar as amplas massas para lutar pelos seus interesses. Este ato público em São Paulo deve ser o pontapé para a retomada e ampliação da mobilização popular em todo o país. É preciso tirar uma agente dos atos públicos contra o golpe e suas medidas, pelo conjunto das reivindicações dos trabalhadores. Grandes atos em todos os locais!
Os comitês de Luta devem ser consolidados e expandidos imediatamente, cada sindicato cutista, devem servir de base e sede para a campanha, que deve extrapolar a campanha eleitoral ordinária para uma campanha de massas dos trabalhadores pelos seus direitos e contra a burguesia golpista.
Às fábricas, bairros e favelas! Fazer uma ampla agitação política junto aos setores mais pobres e explorados da sociedade. Assim, desenvolvendo um poderoso movimento que será difícil de parar. Nenhuma confiança nas instituições, somente o povo pobre e trabalhador organizado pode impor seus interesses.
Por isso, neste sábado, todos ao Vale do Anhangabaú, lutar por Lula presidente e por um governo dos trabalhadores.