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Pela direita e pela esquerda

Neymar sabe que é perseguido, só não entende o porquê

Documentário sobre o atleta na Netflix mostra que ele é, de fato, expressão do país do futebol e, por isso mesmo, atacado sistematicamente

Na última terça-feira (25) o portal de streaming Netflix lançou a minissérie “Neymar: o caos perfeito”. Evidentemente, é uma peça de propaganda do jogador, que principalmente após a Copa do Mundo de 2014 se tornou o alvo principal da campanha de ataques ao futebol nacional por parte da imprensa burguesa.

A minissérie apresenta em três episódios de uma hora a trajetória do jogador de 2011 a 2021, os “primeiros 10 anos” da carreira de Neymar. Embora seja um “contra-ataque” de Neymar aos ataques que vem sofrendo, as conclusões a serem tiradas são políticas e, evidentemente, o documentário não as tira. Iremos por meio deste artigo contribuir com a discussão neste sentido.

O jogador como mercadoria

Nas duas últimas décadas um problema tem dominado o futebol mundial e inclusive há um movimento crescente dentro das torcidas que se autointitula “contra o futebol moderno”. Aqui podemos caracterizar como a dominação dos monopólios capitalistas sobre o futebol prejudica o próprio esporte. Este problema fica muito claro no documentário, principalmente por meio de seu pai e empresário Neymar da Silva Santos, que a todo momento se refere ao jogador como uma marca.

Alguns dados chamam muito a atenção neste sentido, são eles: 1º) A NR Sports, empresa especializada na gestão da imagem de Neymar, tem aproximadamente 215 funcionários dedicados exclusivamente a isso. 2º) Segundo o pai de Neymar, hoje ele ganha mais dinheiro com publicidade do que com o futebol em si (embora a publicidade seja decorrente de sua atuação em campo). 3º) Para contratar o brasileiro, o PSG desembolsou 222 milhões de euros (hoje o valor convertido em reais seria de R$1,3 bilhões), a transferência mais cara da história do futebol mundial, e o segundo maior contrato do esporte.

Embora pareçam cifras de uma multinacional, são números da carreira de um único jogador, que embora seja, atualmente, o melhor do mundo no que se propõe a fazer, estão claramente inflacionados e impõem uma pressão enorme sobre o desportista. Hoje, não basta ser um bom jogador, você precisa ser também político, artista, santo, etc.

Aqui não se trata de uma crítica ao jogador e sim ao sistema em que ele está inserido. Com a crise do capitalismo, a especulação domina boa parte daquilo que interessa aos capitalistas especular, e com a crise de 2008 precisaram aumentar a especulação sobre outros setores que antes não havia tanto interesse, aí a alta das negociações, dos produtos desportivos, dos ingressos, etc. Cabe lembrar que o futebol é o esporte mais popular do mundo, somente a final da copa do mundo é assistida por 3,57 bilhões de pessoas , metade da população mundial simplesmente para tudo o que está fazendo para assistir a partida, por isso o grande interesse dos capitalistas no esporte.

Neymar como jogador

O jogador iniciou sua carreira no Santos, aos 14 anos recebeu uma proposta para ir jogar no Real Madrid a qual recusou e optou por permanecer no time que o revelou.

Em 2011 Neymar foi campeão da Libertadores pelo Santos, o último (e primeiro) título do time no campeonato havia sido 48 anos atrás (na época do  Pelé).

Com Neymar, o Brasil foi ouro olímpico pela primeira vez na história das olimpíadas, o último título que faltava para a seleção brasileira. O jogo da final foi contra a Alemanha (a mesma que tínhamos perdido de 7×1 em 2014), com gol decisivo de Neymar nos pênaltis em que a partida estava empatada em 4 x 4. O atacante brasileiro também foi decisivo na conquista da Liga dos Campeões da Europa pelo Barcelona.

Autor de mais de 400 gols e 225 assistências em 656 jogos, artilheiro em nove campeonatos e ganhador de 53 prêmios individuais e 25 títulos oficiais, o documentário mostrou que se discute de tudo quando se discute a carreira de Neymar, menos a qualidade do seu futebol.

Uma campanha contra o futebol brasileiro

A perseguição a Neymar é sistemática porque trata-se de um ataque de conjunto ao país do futebol e ele é um dos principais nomes do esporte no mundo todo. No segundo episódio, dois pontos são os mais significativos para uma análise política.

O primeiro deles é o famoso jogo das oitavas de final da Champion League onde após o Barcelona (time em que Neymar atuava na época) ter perdido de 4 x 0 teria que no mínimo marcar quatro gols no jogo de volta para levar a partida para a prorrogação, algo que nunca tinha sido feito na história da competição. Não só foram feitos os quatro gols, a partida terminou em 6 x 1, com dois gols de Neymar. Embora tenha sido de longe o principal jogador da partida, todos os bônus foram atribuídos a Lionel Messi pela imprensa burguesa.

Tratada de maneira secundária na minissérie, a campanha contra a Copa do Mundo de 2014 no Brasil foi a principal virada no tratamento que a imprensa burguesa dá a Neymar e ao futebol brasileiro. Parte da articulação golpista que crescia no país, as mobilizações de rua e a pesada campanha na imprensa golpista, deixaram os jogadores na defensiva. Confuso e visivelmente pressionado pela campanha, Neymar chegou a falar que todos apoiaram os protestos quando estes, na verdade, eram minoritários.

Nas quartas de final o colombiano Juan Camilo Zúñiga deu uma joelhada criminosa que tirou Neymar da Copa e, segundo os médicos, se fosse 2 cm ao lado teria lhe deixado paralítico. Em meio a isso, o Brasil foi à semifinal contra a Alemanha e o desfecho foi o trágico 7 x 1.

Nesse sentido, o documentário tem sua importância pois mostra que o ponto de inflexão na campanha contra o futebol nacional, uma das principais expressões da cultura popular nacional, foi a Copa de 2014 no Brasil.

É importante levar em consideração que, para dominar um país, é preciso dominar seu povo. Em um país oprimido pelo imperialismo, mais ainda uma população com orgulho de sua cultura, de sua língua, de sua história, dificilmente deixará suas riquezas serem entregues com facilidade. É assim com todas as guerras: é necessário baixar o ânimo da população para que a mesma não se mobilize. Desmoralizar antes de derrotar politicamente, militarmente, economicamente etc.

Aí entra o ataque cartelizado que vemos da imprensa burguesa contra Neymar, campanha que mobiliza também a esquerda pequeno-burguesa “bem-pensante”. Afinal, Neymar é um produto do futebol brasileiro e apoiá-lo “não pega bem” entre os que não gostam de futebol e os que analisam o futebol  dos maiores campeões do mundo com os olhos dos vencidos e humilhados pelos brasileiros em campo.

Neste ano de Copa do Mundo, é necessário impulsionar uma campanha de defesa do futebol brasileiro, e da cultura nacional como um todo, contra a tentativa de desmoralização imposta pelo imperialismo e o monopólio da imprensa golpista, com o auxílio da esquerda pequeno-burguesa “pseudointelectual”.

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