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Repressão

Não vai ser a polícia que vai tirar os bolsonaristas da rua

Protestos bolsonaristas escalaram contra a prisão arbitrária de um manifestante, a esquerda pequeno-burguesa novamente caiu na campanha repressiva da burguesia

Na noite dessa segunda-feira, dia 12 de dezembro, a Asa Norte da cidade de Brasília foi palco de protestos bolsonaristas que deixaram carros e ônibus incendiados e, mais que tudo, a esquerda profundamente confusa e novamente a reboque da burguesia. A chamada “depredação” foi o enfoque da imprensa burguesa, que novamente arrastou a esquerda a apoiar sua política de repressão.

O protesto se iniciou com a prisão de um manifestante. O índio José Acácio Serere Xavante, de 42 anos, é figura carimbada nas manifestações bolsonaristas em Brasília, e foi alvo da operação pela polícia federal. A prisão se deu pela “participação em atos antidemocráticos”, em si uma definição antidemocrática, um ataque ao livre direito de manifestação, uma medida fascista. A ordem de prisão veio de ninguém menos que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, figura notória no ataque aos direitos de expressão e manifestação no Brasil, com medidas flagrantemente ilegais, às quais se soma mais essa. O pedido veio da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontou o indígena como integrante nos atos bolsonaristas.

De acordo com o pedido da PGR, o acusado aproveita de sua “posição de cacique do Povo Xavante para arregimentar indígenas e não indígenas para cometer crimes e perseguir Lula e os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.”

“A manifestação, em tese, criminosa e antidemocrática, revestiu-se do claro intuito de instigar a população a tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado democrático de Direito, impedindo a posse do presidente e do vice-presidente da República eleitos.”

A decisão de Moraes caracterizou da seguinte forma: “A restrição da liberdade do investigado, com a decretação da prisão temporária, é a única medida capaz de garantir a higidez da investigação.”

O pedido de prisão foi cumprido pela PF, que encaminhou José Acácio para a sede da corporação. A ação revoltou os manifestantes bolsonaristas no local, que chegaram a tentar invadir a sede da polícia federal para soltar o indígena. A manifestação foi reprimida com bombas de efeito moral e catalisou a revolta dos presentes, que passaram a queimar carros e ônibus nas redondezas, alguns parcial e outros totalmente. Segundo o corpo de bombeiros do Distrito Federal, foram três carros, que estavam estacionados próximos ao local, e cinco ônibus apenas durante aquela noite. A 5a Delegacia de Polícia, a mais próxima do prédio da polícia federal, também teve algumas vidraças quebradas.

Os manifestantes ainda tentaram derrubar postes e placas de sinalização, e veículos foram quebrados com paus e pedras. Na região central de Brasília, ruas foram bloqueadas, com pedaços de concreto, cones, e até um ônibus incendiado. Em determinados pontos foram colocados botijões de gás pelos manifestantes, também bloqueando vias. Segundo o corpo de bombeiros, que averiguou posteriormente, todos os botijões estavam vazios. Até o momento, não houve prisão efetuada relativa a essas manifestações, e o presidente Jair Bolsonaro (PL) não se manifestou sobre os protestos.

Foto: TV Globo/ Reprodução

Sobre a prisão, a polícia federal emitiu nota em que afirma: “Todas as formalidades relativas à prisão estão sendo adotadas nos termos da legislação, resguardando-se a integridade física e moral do detido.” O indígena foi acompanhado de advogados.

O protesto levou ao aumento da equipe de segurança no hotel em que Lula está hospedado durante a transição, com reforço da polícia federal e da polícia militar. A equipe de segurança do hotel, em torno de 21h30, orientou quem estava em frente ao prédio a ingressar no estabelecimento, de modo a garantir a segurança dos presentes.

Na terça-feira (13), as vias na Esplanada dos Ministérios amanheceram fechadas para os veículos. Bloqueios na Praça dos Três Poderes, no Setor Hoteleiro Norte e próximo à sede da polícia federal também ocorreram.

Sobre o ocorrido, o recém nomeado futuro ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), declarou por suas redes: “Inaceitáveis a depredação e a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal em Brasília. Ordens judiciais devem ser cumpridas pela Polícia Federal. Os que se considerarem prejudicados devem oferecer os recursos cabíveis, jamais praticar violência política.”

Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo

Desnorteamento da esquerda

As imagens da imprensa foram o bastante para que a esquerda pequeno-burguesa novamente embarcasse na sanha repressiva da burguesia e pedisse um aumento da repressão aos manifestantes. Veículos e indivíduos começaram a chamar aqueles no protesto de “terroristas”, um termo da repressão burguesa a todos os protestos populares que se insurgiram contra a repressão em qualquer medida. A lei antiterrorismo, aprovada em 2016 — ainda sob o governo Dilma, acossado pelo imperialismo — foi também evocada, uma aberração. Essa lei foi criada para perseguir a esquerda, os trabalhadores. O emprego dela jamais deve ser defendido. Como coloca a tradição marxista, o cerceamento das liberdades independente de contra quem se dirija no começo irá, inevitavelmente, recair sobre a classe operária e, em particular, sobre seus elementos mais avançados.

A queima de ônibus e até o ataque a delegacias foram e são utilizados de maneira recorrente por movimentos sociais e pela esquerda quando a repressão se abate sobre eles e o povo fica revoltado, e isso em todo o mundo. Uma ala da esquerda parece se esquecer do mais elementar. Para diminuir e acabar com o espaço político dos bolsonaristas nas ruas, a esquerda deve tomar as ruas. Chamar mobilizações de massa, organizadas em torno das reivindicações concretas dos trabalhadores. A repressão sobre os bolsonaristas não apenas não resolve o problema, como insufla e aumenta o movimento da extrema-direita. Tal qual a terceira-via, a extrema-direita é uma ferramenta da burguesia, a ser utilizada por ocasião. Que fará essa esquerda acovardada quando mudar a posição da burguesia, e não lançar mais a polícia e a repressão do judiciário contra essa ala que não lhe é conveniente agora, mas abertamente contra a esquerda e os trabalhadores, seus inimigos de fato?

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