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Debate na Globo

Nada de “já ganhou”; mobilização permanente até Lula ser eleito

Evolução na postura de Lula no confronto com Bolsonaro é positiva, mas não o suficiente para garantir a vitória

A participação de Lula no debate da Rede Globo, a 24 horas do segundo turno das eleições presidenciais, foi superior a todas as demais intervenções do candidato petista na televisão. Vestindo uma gravata vermelha — pela primeira vez na campanha — e apresentando propostas mais concretas, Lula expôs uma versão muito mais esquerdista que no primeiro turno, ampliando o seu apoio no interior da classe operária.

Trata-se de um avanço importante, sem dúvidas. Mas não é o suficiente para garantir uma vitória eleitoral. A disputa, afinal, segue bastante acirrada e não será decidida unicamente em um debate na televisão, mesmo tendo sido assistido por dezenas de milhões de pessoas.

Um setor da campanha petista, no entanto, já encomendou o champanhe o os fogos de artifício ao fim do debate.
“Massacre”, diz um. “Lula ganhou de lavada”, diz outro. “Bonner colocou a tampa do caixão”, diz um ainda mais otimista.

Não há problema algum em mostrar entusiasmo com o bom desempenho de seu candidato em um debate. Especialmente neste caso, em que Lula não só se mostrou muito mais preparado que seu adversário, como também sintonizado com os sentimentos das massas. Há problema, no entanto, quando o entusiasmo dá lugar à euforia, a um otimismo irracional que acaba servindo de entorpecente.

Que Lula é o candidato do povo trabalhador, já era algo dado. Que sua candidatura expressa uma revolta contra o regime golpista, também. Não era necessário um debate na Globo para constatar isso. Contudo, o apoio entre as camadas populares não se converte obrigatoriamente em uma vitória eleitoral. A eleição é um retrato da correlação de forças no País, é o resultado de uma luta política que, neste momento, adquire contornos radicais. Não basta que Lula seja deflagrado como o candidato de povo trabalhador, é preciso ainda que o povo tenha força suficiente para impor uma derrota à burguesia.

Neste momento, Lula aparenta ter uma pequena vantagem na disputa. No entanto, Bolsonaro ainda está no páreo, pois os trabalhadores não estão jogando sozinhos. A burguesia, sobretudo os empresários nacionais, iniciaram, há pouco mais de uma semana, uma mobilização de grande envergadura em prol da candidatura bolsonarista. Os casos de coerção de empregados por seus patrões foram elevados a casa dos milhares, incontáveis doações milionárias foram destinadas ao candidato da direita, a propaganda de Bolsonaro na internet foi aumentada consideravelmente e os municípios controlados por seus aliados anunciaram que irão disponibilizar transporte gratuito nos locais em que houver uma maior propensão no voto contra o PT.

A mobilização da direita é, portanto, algo concreto. É uma iniciativa no sentido de garantir, pelos meios que forem possíveis, a vitória de seu candidato. Não se trata, portanto, de apenas se preocupar com a imagem de Bolsonaro perante a “opinião pública”, mas sim coagir eleitores de Lula a votar no candidato adversário, impedir pessoas de baixa renda a comparecerem às urnas, comprar diretamente o voto de uma parcela da população e ainda bombardear todo um setor com uma propaganda intensa. A burguesia está determinada em vencer as eleições e, por isso, está lançando mão de seus métodos tradicionais para ganhar o jogo.

A classe operária precisa fazer o mesmo, mas com seus métodos. Isto é: em oposição à burguesia, que aposta todas as suas fichas no dinheiro e na repressão, apostar todas as suas fichas na mobilização. A coação nas empresas deve ser respondida com a greve nos locais onde ocorrer, a falta de transporte deve ser respondida com uma mobilização que pressione as autoridades para que reverta a situação, a propaganda nos grandes meios de comunicação deve ser combatida pela campanha nas ruas, de porta e porta, homem a homem, de panfleto na mão.

O bom desempenho de Lula no debate só será mais um passo rumo à vitória se servir à mobilização. Não basta “massacrar” Bolsonaro no debate, se seus apoiadores não estiverem prontos para a luta. As declarações esquerdistas de Lula devem servir para esclarecer os setores indecisos e reafirmar aos seus eleitores: Lula é o candidato do povo — sua vitória representará um avanço na luta.

Sobre essas bases, é preciso levantar já a palavra de ordem de “mobilização permanente”. Nada de comemorar o resultado 24 horas antes do pleito: é preciso garanti-lo nas ruas.

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