Funcionários da Google denunciam política da empresa de colocar negros em cargos rebaixados e com piores salários.
No dia 18 de março de 2022, foi aberta uma ação pela ex-funcionária da Google acusando a empresa de que os funcionários negros não ocupam cargos de liderança. Os negros são direcionados aos cargos onde recebem salários menores e a política da empresa ainda impede que eles tenham ascensão profissional devido à cor da pele.
A ação foi aberta por April Curley no Tribunal Federal de San Jose, na Califórnia. O processo visa buscar uma ação coletiva e a aplicação do dano moral compensatório e punitivo, além de indenização para funcionários e ex-empregados negros. April afirma ainda que “a empresa Google defende uma cultura corporativa racialmente tendenciosa que beneficia homens brancos”. A Google tem 4.4% de funcionários negros, sendo que apenas 3% deles ocupam cargos de liderança.
April também denunciou em documentos anexados ao processo que a holding da Google, a Alphabet Inc. que fica em Mountain View, Califórnia, desenvolveu um ambiente de trabalho hostil aos negros, são exigidos que os funcionários negros mostrem sua identificação em maior número de vezes que os funcionários brancos, e também os negros são constantemente abordados pela segurança da empresa em seus locais de trabalho.
April Curley foi contratada pela Google em 2014, depois que o Departamento de Habitação e Trabalho Justo da Califórnia passou a investigar a empresa por denúncias de possivel discriminação a mulheres negras em seu local de trabalho.
April foi contratada para desenvolver um programa de divulgação para faculdades historicamente negras, mas ela alegou que sua posição de emprego foi uma farsa, uma “jogada de marketing”. Ela relata que seu trabalho era menosprezado, seus superiores a denegriram chamando-a de “negra zangada” e usavam isso como argumento para que não recebesse promoções. O contrato de trabalho de April foi encerrado em setembro de 2020, quando ela e a equipe que trabalhava levaram uma proposta de mudanças na área de recursos humanos da Google.
O advogado de April, Ben Crump, afirma em comunicado que, “Embora o Google afirme que estava procurando aumentar a diversidade, na verdade eles estavam desvalorizando, pagando mal e maltratando seus funcionários negros”. Crump é o mesmo advogado de direitos civis que representou a família de George Floyd depois que ele foi morto em maio de 2020 pelo ex-policial de Minneapolis Derek Chauvin.
Essa prática da Google não é desconhecida, na realidade é uma prática comum dos capitalistas. No Brasil podemos citar vários exemplos, como o do Carrefour que em dezembro de 2020 divulgou que iria contratar 20 mil negros por ano, e em setembro de 2021, após um cliente negro ser morto pelos seus seguranças, contratou um diretor negro para conduzir mudanças na área de segurança.
Na verdade é uma grande demagogia o que essas empresas fazem como contratar negros, proporcionar ambiente descolado ou coisa do tipo, na prática se utilizam de uma política de exploração dos trabalhadores, e no caso dos homens e mulheres negras, aprofundam ainda mais a exploração.