A capitulação e o entreguismo dos dirigentes dos clubes brasileiros, em relação à pressão pela contratação de técnicos estrangeiros, vem tomando proporções significativas. Em 2015 tínhamos apenas 3 técnicos treinando os clubes da séria A. Esse valor subiu para 4 em em 2016, depois manteve estável em 1 ou 2 nos anos seguintes. Contudo em 2020 já eram 7 técnicos, no ano seguinte, 2021 9 e agora teremos em 2023 até o momento 10 técnicos, ou seja, metade dos clubes participantes. Segue a tabela:
Abel Ferreira (Portugal) – Palmeiras
Vitor Pereira (Portugal) – Flamengo
Luís Castro (Portugal) – Botafogo
Ivo Vieira (Portugal) – Cuiabá
António Oliveira (Portugal) – Coritiba
Renato Paiva (Portugal) – Bahia
Pedro Caixinha (Portugal) – Red Bull Bragantino
Juan Pablo Vojvoda (Argentina) – Fortaleza
Eduardo Coudet (Argentina) – Atlético-MG
Paulo Pezzolano (Uruguai) – Cruzeiro
A lista conta com nada mais, nada menos que 7 portugueses, ou seja, mais de um terço dos técnicos que iniciarão a temporada 2023 da série A serão portugueses. É no mínimo uma afronta ao nosso futebol e a população brasileira que vê sendo entregue um patrimônio nosso a técnicos sem expressividade nenhuma. Veja o tão badalado pela imprensa golpista Abel Ferreira. Sem nenhum histórico. Podem os “apaixonados” por portugueses dizer que Abel teve bons resultados pelo Palmeiras. Porém devemos refrescar a memória dos incautos, que foi todo um time preparado por Mano, Felipão e Luxa. Além do mais, o que é mais preocupante no cenário atual, é que a pessoa que assiste os atuais jogos do time do Palestra Itália, nunca vê um jogo bonito. São partidas a base de preparo físico, truculência e jogadas ensaiadas típicas, sem nenhum espaço para criatividade. Um movimento muito parecido que sofre o artista, quando exprime suas angústias através da sua arte, porém se vê sufocado pelo sistema. Aí este vê alguns “artistas” conseguirem alguma expressão, porém com um tecnicismo que de fato não é arte.
A defesa do futebol do Brasil, do nosso futebol arte, não é um problema simplesmente de saudosismo ou coisa do tipo. É a luta para que se execute um esporte com total liberdade e beleza, conforme fizeram Pelé, Jairzinho, Nilton Santos e tantos outros fizeram. Importar treinadores estrangeiros, que além de baixa qualidade técnica, possuem uma ideia puramente tática e financeira do esporte é um processo que se inicia claramente uma jornada de estrangulamento e atrofia do esporte. É uma tentativa de caráter tipicamente imperialista: explorar os países subdesenvolvidos e roubá-los ou acabar definitivamente com a sua riqueza.