Na Copa do Mundo que teve uma das piores vice-campeãs da história, nada mais justo que ter também um dos artilheiros mais fajutos. M-Ba-Pê, o robô camaronês importado pela seleção francesa, é a mais perfeita expressão da artificialidade e debilidade do futebol que até ontem era tido como “moderno” e “genial”, mas que se revelou como uma completa farsa.
Kylian Mbappé conseguiu ser o maior goleador do torneio, é fato. Mas não passou de uma espécie de consolação tão injusta quanto o prêmio de melhor jogador para Oliver Kahn em 2002. O jogador francês, afinal, marcou dois gols na final de pênalti e, assim, faturou a chuteira de ouro. Se era para ser assim, até o goleiro da seleção do Catar tinha chances…
E os outros cinco gols? Um gol de cabeça contra a “poderosíssima” Austrália, o tipo de gol A que o “craque” da França sabe fazer. Outros dois gols foram do tipo B: contra a Dinamarca, Mbappé ficou esperando a bola chegar em seus pés para chutar de primeira para o gol. Contra a Polônia, Mbappé fez os últimos dois gols antes da final, ambos do tipo C, que muito parecem com o tipo B, com a diferença de que a bola vem tão fácil para o atacante francês, que ele ainda domina a bola, ajeita e só depois então chuta. Na final, foi a vez de mostrar a sua última carta do restrito leque de recursos: os gols de pênalti. Foram dois deles e um gol do tipo B.
O mais badalado jogador da França, portanto, só faz os gols que não são dele. Ou espera a bola chegar em sua cabeça, ou espera que seus companheiros se livrem de toda a defesa adversária ou que sofram um pênalti. É uma farsa, cujas únicas habilidades nada têm a ver com o futebol-arte: sabe cabecear, tem um chute potente e sabe correr. Suas tentativas de drible são constrangedoras para quem assiste.
O “craque” farsa da França é, contudo, apenas o espelho do que é a seleção francesa. Como um todo, a equipe é uma das coisas mais entediantes que o futebol já conheceu. Um time retranqueiro, que conta sempre com a sorte nos cruzamentos e passes longos e, claro, na arbitragem. Tanto é assim que, em plena final da Copa do Mundo, a seleção só foi fazer o primeiro chute a gol na segunda metade do segundo tempo.
A França tem o “craque” que merece.