Ficou aparente para todos os telespectadores, gostando ou não do fato, que o desempenho do ex-presidente Lula no debate realizado na TV Bandeirantes foi muito abaixo do esperado. No lugar de apresentar uma política real de mobilização contra o regime golpista, Lula se deteve em apresentar uma política que não é sua, mas sim dos seus supostos “aliados”, a política de mera conciliação, identitária e que foca no público de classe média.
Como já denunciando por este Diário na matéria “Como Boulos e o PSOL estão sabotando a campanha de Lula“, o PSB e, sobretudo, o PSOL, estão por de trás da campanha publicitária de Lula nas eleições. Com seus “especialistas” que trabalharam na campanha de Boulos em 2018, o PSOL vem cercando a candidatura de Lula com uma campanha identitária, de pura conciliação com os golpistas, falando de LGBTs, negros, meio ambiente, focado em uma política para a pequena-burguesia e afundando a campanha de Lula com os trabalhadores.
O resultado desta política ficou evidente no debate, onde Lula evitou a todo momento não usar a palavra golpe, não dar “nome aos bois”, mas manter-se na tentativa de organizar uma aliança com a “direita democrática”, justamente a política do PSOL. Além disso, fica claro que a direção do PT tem a ilusão de que Lula é visto como uma opção pela burguesia “democrática”, que na realidade é o principal setor do regime golpista. No entanto a atuação de Lula deixou claro que esta política não é reciproca, e que a burguesia de conjunto pretende esmagar Lula nas eleições.
Agora, com a divulgação da nova pesquisa do Datafolha, a candidatura de Lula tem uma nova redução no setor dos mais pobres e também nos eleitores de se declaram pretos. A diferença entre ele e Bolsonaro caiu de 41 para 25 pontos percentuais dentro deste setor nas últimas duas semanas, conforme informa a pesquisa.
Neste setor, Bolsonaro saltou de 19% para 26%, enquanto Lula oscilou de 60% para 51%. Entre os brancos foi dado um empate técnico entre Bolsonaro e Lula, que, por sua vez, perdeu novos 2 pontos percentuais entre aqueles que se declaram pardos.
Os dados apontados pela pesquisa eleitoral buscam destacar sobretudo o problema de Lula estar perdendo voto entre o setor que deveria ser a sua maior força. Contudo, o fato de Lula estar sendo jogado cada vez mais para baixo nas pesquisas da burguesia golpista deve-se a sobretudo seu eixo de campanha.
A terceira via e até mesmo Bolsonaro vêm se aproveitando da fraca campanha eleitoral para crescer, roubando votos do próprio Lula. O debate realizado na TV Bandeirantes, como também a sabatina do Jornal Nacional, demonstraram que Lula deve abandonar a política guiada pelos seus supostos aliados, como o PSOL e PSB, e não tentar se parecer como um candidato da dita ala “democrática” que vai do PSB, até Simone Tebet, do MBD, o partido do golpe. Lula deve se diferenciar dos golpistas.
Desde o momento que Lula aceitou ter como vice Geraldo Alckmin, a campanha do PT buscou anular a palavra golpe. Não se fala mais do que ocorreu desde 2016, com a derrubada de Dilma, os motivos de terem prendido Lula e os ataques aos trabalhadores. No entanto, esta política precisa ser rompida caso Lula queira de fato mobilizar os trabalhadores para derrotar o regime golpista, este que é o real propósito de sua candidatura para sua base.
A campanha deve mostrar que a terceira via e Bolsonaro fazem tudo parte de um mesmo esquema, o esquema do golpe, que vem atacando cada vez mais os direitos dos trabalhadores e empurrando milhões para a miséria. A campanha, no lugar de falar do meio ambiente e buscar se aliar aos pretensos democratas, deve se apoiar nos trabalhadores.
Esta campanha vem tornando Bolsonaro um candidato “anti-sistema” e unificando Lula aos demais golpistas “democráticos”. No entanto, é Lula que é de fato o candidato anti-sistema, a representação dos trabalhadores e da luta contra o regime golpista.
A campanha de Lula, para de fato lutar contra o golpe eleitoral que a burguesia vem promovendo precisa se apoiar nesta política, na política de mobilização dos trabalhadores e de denúncia do golpe, se colocando de fato como o candidato de oposição que o mesmo é.