Nesta quinta-feira (10), pela manhã, o presidente eleito Lula discursou para os parlamentares que, até o momento, compõem a base de seu governo, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, local que é centro administrativo da transição governamental.
Na ocasião, Lula reagiu aos ataques que vem sofrendo por parte da burguesia no que diz respeito à adoção de uma política econômica cada vez mais direitista. Colocou, por exemplo, duras críticas ao teto de gastos, mostrando que seu governo será voltado para os interesses dos trabalhadores, e não dos patrões, atacando, também, a reforma da previdência:
“Parece pouco, mas a reforma da Previdência fez com que um trabalhador que podia receber R$ 2 mil agora receba R$ 1,3 mil […] Por que as pessoas são obrigadas a sofrer para garantir a tal da responsabilidade fiscal deste país? Por que toda hora falam que é preciso cortar gastos, é preciso fazer superávit, é preciso cumprir teto de gastos?”, afirmou o petista.
Entretanto, ponto alto do evento foi quando Lula deixou claro qual o seu posicionamento acerca da entrega do patrimônio brasileiro ao imperialismo, ou seja, acerca da privatização:
“As empresas públicas brasileiras serão respeitadas. A Petrobras não será fatiada, o BB e a Caixa não serão privatizados […] O BNDES, o BNB e o Basa voltarão a ser bancos de investimentos para pequenos e médios investidores”, disse Lula.
O presidente eleito voltou a criticar a política de pagamento de dividendos a acionistas da Petrobras que, efetivamente, representa uma etapa rumo à entrega da petroleira ao estrangeiro. Segundo Lula, os pagamentos deixam a estatal sem dinheiro para investimentos.
Fica cada vez mais claro que Lula levará adiante um governo nos moldes do que sua campanha afirmava. Sendo pressionado pelos trabalhadores em decorrência do vínculo que possui com a classe operária, o presidente eleito reage à pressão que sofre dos banqueiros e mostra que, no final, possui forças o suficiente para governar de maneira independente à direita.
Nesse sentido, Lula deve mobilizar um número cada vez maior de trabalhadores e derrotar, de uma vez por todas, o golpe de Estado no País, acabando com todos os projetos neoliberais que o imperialismo impôs sobre o povo brasileiro, com as reformas de Temer, o teto de gastos, as privatizações das estatais nacionais etc. Essa é a única maneira de garantir um governo popular que tenha as condições para levar adiante uma luta consequente contra o grande capital.