Passado o dia 02/10, em que Lula (PT) e Bolsonaro (PL) foram para o segundo turno, a polarização irá aumentar e o próximo período será uma grande guerra.
O resultado do primeiro turno da eleição presidencial deixou clara, para quem ainda não queria enxergar, a polarização política que se encontra no Brasil. Os partidos tradicionais da direita foram derrotados. Enquanto Lula ficou com 48,43% dos votos e Bolsonaro com 43,20%, Simone Tebet (MDB) teve apenas 4,16%. A crise da “centro direita”, sim, entre aspas, pois os neoliberais são muito mais fascistas que Bolsonaro, vem se confirmando há tempos. A burguesia está em crise e não está conseguindo manter a centralização do poder, não está conseguindo dominar a população que está com tendência à esquerda, causando então a polarização.
Com os resultados deste primeiro turno, a tendência é aumentar essa polarização, a tendência é de guerra mesmo, muito favorável para este período em que se está formando um período pré-revolucionário.
Lula representa este período, representa o lado revolucionário desta polarização. É bom lembrar de onde Lula surgiu, das bases operárias do ABC.
Luiz Inácio da Silva nasceu em Garanhuns no Estado de Pernambuco e veio para São Paulo com seis anos, junto com sua mãe e irmãos, fugindo da pobreza em que viviam. Quando criança vendia laranjas, amendoim nas ruas e aos 14 anos matriculou-se no SENAI e formou-se torneiro mecânico.
A profissão de torneiro mecânico levou Lula a fazer parte do movimento dos metalúrgicos que se formou no ABC Paulista, em 1969 entrou no Sindicato dos Metalúrgicos e liderou greves históricas que levaram ao fim da ditadura militar no Brasil e na fundação do Partido dos Trabalhadores-PT, em 1979. Seu ingresso na vida política se deu através das greves e sua militância lhe rendeu na época 31 dias de prisão com base na lei da “Segurança Nacional”.
Portanto, Lula é produto da classe operária, e é por isso que Lula é apoiado pela esmagadora maioria da classe trabalhadora. Sua consolidação na vida política se deu através de sua liderança operária e não por formação universitária, pequeno burguesa, distante da vida dos trabalhadores. Sua experiência de vida faz com que ele saiba perfeitamente quais as necessidades do povo trabalhador, o que ele mostrou em seu governo.
O ensino foi no governo Lula (2003-2010) uma questão importante. Ainda que insuficientes, foram implementadas políticas de inclusão dos pobres e pretos. As ações se deram no âmbito do ensino público com a criação das Universidades Federais, e através de vários tipos de financiamentos para o ensino privado, como Fies, ProUni, UAB, Reuni, IFs, Pnaes, que embora fossem um esquema para financiar os capitalistas da educação, acabou sem dúvida dando oportunidade para muitos jovens.
“No Brasil, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) foi a primeira instituição pública de ensino a adotar um sistema de ações afirmativas, em 2003. A primeira instituição pública federal a adotar um sistema de cotas foi a Universidade de Brasília (UnB), em 2004.” (Brasil Escola/UOL). A partir destas experiências foi ampliada a discussão e ampliação do programa e em 2012 foi sancionada a Lei 12.711/12 no governo Dilma Rousseff.
E o que fizeram os governos golpistas de Michel Temer e Jair Bolsonaro? Através da política econômica neoliberal, levaram à fome e ao desemprego milhões de pessoas negras.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no primeiro semestre de 2022, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que a taxa de desemprego entre brancos foi de 8,9%, enquanto que de negros ficou em 13,3% e pardos 12,9%. São 10,1 milhões de desempregados. É importante salientar, que em relação às mulheres negras a desigualdade é ainda maior. A taxa de desemprego de mulheres negras é o dobro da de homens brancos, e são elas que tem o maior número de empregos informais, sendo que as mulheres negras formam o grupo de maior representatividade na População em Idade Ativa (PIA), que passou de 26% em 2012 para 28,3% em 2022.
Além da questão do desemprego, Bolsonaro defende a polícia e o aumento das penas, que só servem para massacrar ainda mais a população negra, que já sofre no dia-a-dia perseguição destas instituições assassinas.
As manchetes sempre mostram o potencial assassino da polícia militar: “mortes de negros em ações policiais no Brasil são 2,8 vezes maiores que de brancos”; “letalidade policial é recorde no país, negros são 78% dos mortos”; “#Brasil: Negros são 84% das pessoas mortas em ações policiais no país”.
Em 2021, conforme o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a morte de negros por policiais aumentou em 5,8%.
Portanto, essa guerra da polarização política no país precisará de uma ampla mobilização, além disso, é preciso que o ex-Presidente Lula amplie seu programa de governo, incluindo o fim das polícias e o fim do sistema prisional, pois essas instituições servem apenas para torturar pessoas, especialmente as pessoas negras.
É preciso que a população forme e controle suas próprias milícias populares. A proposta é que as milícias sejam treinadas e eleitas pelo povo, na própria comunidade, para quem essas milícias prestarão contas durante as assembleias populares.