O monopólio das comunicações repercutiu evento da campanha eleitoral do PT em São Paulo, realizado na segunda-feira. Com o mote de reunir ex-presidenciáveis em apoio a Lula, os “estrategistas” do PT conseguiram juntar uma trinca da direita pró-imperialista Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles e Marina Silva. Isso para não citar os esquerdistas pró-imperialistas do Psol presentes, Guilherme “IREE” Boulos e a abertamente antipetista Luciana Genro.
Já no dia do evento, a Folha de São Paulo divulgou entrevista com o banqueiro Ricardo Lacerda, do BR Partners Banco de Investimento. Eufórico, Lacerda exaltou o apoio de Meirelles à candidatura Lula. Segundo ele, em grau de importância para a “conquista” dos empresários e da classe média antipetista, esse apoio ficaria atrás apenas do ingresso de Alckmin na chapa presidencial. Para fechar, tentando fisgar os crackeiros eleitorais que orbitam o PT, o banqueiro ainda assinalou que, se confirmar Meirelles como seu ministro da Economia, Lula tem mais chances de conseguir uma vitória eleitoral no primeiro turno.
Ao mesmo jornal, o próprio Meirelles deu o tom do seu apoio a Lula. Um novo governo do petista deveria repetir as diretrizes econômicas dos seus mandatos anteriores, ou seja, sem afetar os interesses dos parasitas do capital financeiro. Além disso, reforçou a necessidade de manter o governo engessado pelo teto de gastos e acenou para reformas administrativa e tributária que atendam ao apetite insaciável dos capitalistas.
Cercado de abutres, Lula deixa sua campanha se deslocar cada vez mais à direita. O cálculo é que isso tornaria o petista mais palatável para a burguesia. Ao ponto de o considerarem a melhor opção para conduzir a política do governo federal conforme seus interesses. É razoável pensar que justo o único candidato popular à presidência seja o escolhido da burguesia? E, caso seja, que governo seria esse? Algum que valha a pena apoiar?
Em primeiro lugar, é preciso ter claro que Lula nunca será o candidato preferido da burguesia. Não por nenhuma divergência ideológica inconciliável, mas por um fato concreto, Lula é muito suscetível à sua base operária. A força política de Lula vem do apoio que tem das massas populares, apoio que não é meramente passivo, mas que empurra o petista para posições tão mais progressistas quanto maior for a crise social. Um fator que atrapalha muito o controle que a burguesia precisa ter sobre o regime político.
Se a aproximação de Lula a figuras como Meirelles, Marina e Alckmin agrada a burguesia não é no sentido de aceitá-lo como melhor candidato à presidência. A burguesia sempre atua em diversas frentes para controlar o processo eleitoral e uma delas parece ser infiltrar todo tipo de rato na principal campanha da esquerda. Caso a crise política imponha uma vitória eleitoral de Lula, mesmo contra o boicote da burguesia, ela não perde todas as fichas, pois mantém elementos para sabotar seu governo por dentro. Uma vitória de Lula nesses termos não seria de fato um governo do PT, mas um governo dos bancos.