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Golpe na Argentina

Kirchner: “julgamento é contra os governos nacionais e populares”

A vice-presidente da Argentina caracterizou o processo como um “pelotão de fuzilamento midiático-judicial” sob “um Estado paralelo e uma máfia judicial”

Na última terça-feira, 6 de novembro, mais um passo foi dado no golpe continental do imperialismo para a América Latina. A vice-presidente da Argentina, e favorita a ganhar a eleição presidencial daquele país no ano que vem, Cristina Kirchner, foi condenada a seis anos de prisão e inelegibilidade, ainda em primeira instância. Como conta com foro privilegiado, a mandatária, que ocupa lá também a presidência do Senado, exercida pelo cargo da vice-presidência, não pode ser presa, mas, caso condenada em última instância, o Supremo Tribunal Federal argentino, não poderá ocupar cargo público e, após o mandato, poderá ser presa.

A perseguição a Kirchner data de anos, e é análoga à perseguição a Lula e ao Partido dos Trabalhadores no Brasil. Cristina é a liderança popular argentina e expressa naquele país a tendência de choque do nacionalismo burguês com o imperialismo. A acusação e condenação é por corrupção, num processo caracterizado pela mandatária como um “pelotão de fuzilamento midiático-judicial” sob “um Estado paralelo e uma máfia judicial”. Kirchner ainda afirmou que a sentença do processo estava escrita já desde o início, e denunciou toda a farsa como uma perseguição política.

Partido da Imprensa Golpista

O processo na Argentina é acompanhado pelo equivalente à Rede Globo no país, o Clarín. A imprensa tem na Argentina papel idêntico ao do Brasil, servindo para a acusação, realizando uma campanha baixa de ataques contra os setores nacionalistas da política local. O consórcio da imprensa burguesa e pró-imperialista inclusive tem relações entre si, e suas campanhas adquirem caráter continental, como vemos refletida na imprensa “brasileira”, que vem colocando a condenação de Cristina Kirchner de maneira central nos telejornais.

A condenação, ainda, vem logo após a eleição de Lula, e fica como um recado do imperialismo para o Brasil. Os golpes do imperialismo não acabaram, a vitória de Fernández na Argentina, e até de Lula no Brasil, não significaram uma derrota total do imperialismo, o golpe na América Latina não acabou. A esquerda que vem apoiando o Judiciário se esquece da farsa da Lava Jato, ou mesmo a apoiou, e é preciso atenção. Um setor da esquerda se prepara a apoiar novamente o golpe imperialista no Brasil, outro está profundamente iludido e, desmemoriado e a reboque do imperialismo, abre espaço perigoso para um novo golpe no Brasil.

Nada de baixar a cabeça

Na segunda-feira, um dia antes do julgamento, em entrevista à Folha, Cristina disse que a “Justiça persegue líderes como Lula e eu”. Kirchner denunciou o “Partido Judicial” na América Latina, compromissado com a perseguição a líderes nacionalistas, e citou também Rafael Corrêa, ex-presidente do Equador. O juiz do julgamento de Cristina chegou a tirar uma foto com Sergio Moro, serviçal do imperialismo no golpe de 2016 e na prisão farsesca de Lula. Ela afirmou que o “Partido Judicial” substituiu o “Partido Militar” na região, para o controle dos governos nacionais e democráticos, assim como para controlar a vontade popular.

Ainda em 2018, a polícia realizou buscas nas casas de Cristina, também sob a tal campanha contra a corrupção. A polícia revistou as casas de Kirchner numa operação com mais de uma dúzia de policiais e o uso de cães. A ação foi acompanhada pelo advogado da política, que condenou duramente a medida: “Estamos diante de uma farsa.”

Agora, nesse mesmo ano de 2022, em agosto, o Ministério Público argentino pediu a prisão de Cristina Kirchner, o processo era o mesmo de agora, mas os promotores haviam pedido a pena máxima de 12 anos. Os trabalhadores não toleraram a medida farsesca e ditatorial, e cercaram a casa de Cristina, que vêem como sua representante, em protesto. Naquele momento, Kirchner realizou um discurso pelas redes de seu gabinete no Senado, destacamos alguns trechos a seguir: “Nada absolutamente nada do que [os promotores] disseram foi provado.”

“Não é um julgamento contra mim, é um julgamento contra o peronismo, os governos nacionais e populares.”

“São 12 anos (de pedido de prisão), os 12 anos do melhor governo que a Argentina teve nas últimas décadas, por isso pedem 12 anos. Por isso, vão me estigmatizar e condenar. Se eu nascesse 20 vezes, faria o mesmo 20 vezes.”

“Querem vingança, disciplinar a classe política para que ninguém se atreva a fazer o mesmo de novo.”

Naquele momento, a ex e primeira presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, golpeada igualmente num processo farsa, publicou em seu Twitter: “Manifesto minha mais incondicional solidariedade à vice-presidenta da Argentina e presidenta do Senado deste país irmão.”

Esse processo corre desde 2019, e é recheado de irregularidades tal qual a farsa da Lava Jato. Cristina Kirchner ainda responde a outros cinco processos, o que por si demonstra a perseguição que sofre da burguesia golpista.

As declarações da vice-presidenta da Argentina tanto em agosto como agora se chocam com o que disse após a condenação, no dia 6 deste mês. Na terça-feira, disse:  “Não serei candidata a nada. Nem a presidente, nem a senadora. Não estarei em nenhuma chapa. Voltarei para a minha casa.” Um recuo e um grave erro político. Face à postura que vinha tendo, resta colocar que Kirchner deve se inspirar por si mesma, pelas suas próprias falas que denunciaram e denunciam a perseguição do imperialismo com a utilização do aparato de imprensa burguesa golpista e do judiciário, de caráter idêntico.

Barrar o golpe com mobilização

Frente a mais essa expressão do golpe contra todos os trabalhadores latino-americanos, só uma saída pode garantir a vitória. É preciso mobilizar ativamente os trabalhadores da Argentina e suas organizações populares, enfrentar o judiciário por todos os meios que se façam necessários. Se querem impedir Kirchner de concorrer nas eleições, ela deve realizar uma campanha esse tanto maior e, até mesmo, denunciar o resultado caso seja excluída do pleito. Se recusar a aceitar e imediatamente iniciar uma campanha pela derrubada do governo que seja imposto pelo imperialismo. Somente apoiada sobre sua base militar, em oposição frontal à política de destruição da Argentina, Cristina Kirchner conseguirá barrar o golpe, com um amplo movimento de massas, dos explorados, por um governo dos trabalhadores da Argentina.

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