O Hamas alertou que irá bombardear as cidades ocupadas por Israel com “ataques maciços de mísseis” se o governo de Tel Aviv agir de acordo com suas ameaças de assassinar qualquer um dos líderes do grupo de resistência palestino.
De acordo com a rede de televisão libanesa al-Mayadeen, o Hamas disse aos mediadores egípcios que não ficará indiferente às ameaças do governo israelense de assassinar seus líderes, observando que “o preço de tal tolice é conhecido pelo inimigo.”
“Vamos queimar as cidades no centro [de Israel] e lançar mísseis em Tel Aviv e Gush Dan se Israel agir de acordo com suas ameaças, aquelas que ultrapassam a imaginação do inimigo”, disse Abu Ubaida, porta-voz das Brigadas Ezzedine al-Qassam, o braço armado do movimento de resistência.
Figuras importantes da imprensa israelense vêm pedindo o assassinato de altos líderes do Hamas, como o líder do grupo de resistência na Faixa de Gaza, Yaha Sinwar, após um ataque com faca na cidade central de Elad (Israel) na noite da última quinta-feira (5). Alguns deles até levaram essas ameaças às redes sociais, pedindo abertamente o assassinato de Sinwar e desejando que ele tivesse morrido enquanto estava na prisão.
O deputado extremista do Knesset (a assembleia legislativa de Israel), Itamar Ben-Gvir, pediu o bombardeio da casa de Sinwar. Ben-Gvir disse: “Os aviões da Força Aérea devem agora lançar mísseis na casa de Yahya Sinwar, que pediu ataques com armas e machados, e assassiná-lo.”
O governo israelense realizou inúmeros assassinatos desde a formação do Estado de Israel há 74 anos. O assassinato de líderes da resistência palestina atingiu o pico durante a Segunda Intifada (revolta civil dos palestinos contra a política administrativa e a ocupação israelense na região da Palestina nos anos 2000), em uma tentativa de estancar uma onda de ataques em cidades israelenses.
A casa de Sinwar já foi bombardeada pelos militares israelenses durante a guerra de 11 dias de Israel contra a Faixa de Gaza em maio de 2021, mas o ataque foi realizado enquanto ele não estava em casa. Sinwar, mais tarde, provocou as forças israelenses andando pelas ruas de Gaza a pé.
Abu Ubaida disse: “Avisamos a ocupação israelense e sua liderança que o assassinato de nosso irmão Yaha Sinwar ou qualquer um dos líderes da resistência palestina causará um terremoto em Israel […] O possível assassinato de qualquer um dos líderes da resistência palestina por Israel trará um capítulo catastrófico na história do regime sionista.”
Fontes egípcias familiarizadas com a situação disseram que Cairo descarta a possibilidade de Israel retomar a política de assassinatos seletivos. As fontes disseram ao site de notícias on-line Al-Araby Al-Jadeed que os mediadores egípcios já haviam alertado Israel que tentar algo contra Sinwar ou quaisquer outros líderes do Hamas e da Jihad Islâmica Palestina, significaria, por parte de Israel, “a decisão de lançar um ataque militar total.”
Os egípcios foram recentemente contatados pelo governo dos EUA com o objetivo de evitar uma escalada, acrescentaram. Um membro do escritório político do Hamas, Izzat al-Risheq, disse na última sexta-feira (6) que as “ameaças e incitações israelenses de assassinar Yaha Sinwar ou qualquer um dos líderes do movimento não nos assustam.”
As tensões estão em alta nos territórios palestinos ocupados desde o mês passado, em meio a uma escalada da violência israelense contra as incursões diárias de colonos palestinos e israelenses no complexo da mesquita de al-Aqsa, no leste de al-Quds.